Cidades

Em 2009, um terço das colisões com mortes no DF envolveram motociclistas

Adriana Bernardes
postado em 28/11/2010 08:25
As chances de quem trafega de moto nas vias do Distrito Federal se envolver em acidente com morte é quatro vezes maior do que para quem circula em automóvel. Estudo a que o Correio teve acesso com exclusividade revela que as motocicletas estiveram envolvidas em um terço de todos os acidentes fatais ocorridos no DF no ano passado. Vítimas da própria imprudência ou da irresponsabilidade alheia, 134 pessoas perderam a vida em 127 ocorrências envolvendo esse tipo de veículo.

Os detalhes sobre os acidentes e o perfil dos envolvidos nas batidas estão no Informativo n; 5 do Departamento de Trânsito (Detran), que acaba de ser concluído e reforça as suspeitas dos dirigentes dos órgãos de que as motos têm feito mais vítimas fatais, enquanto as colisões envolvendo outros veículos apresentam queda. O perfil do motociclista que morre e mata no trânsito traz duas revelações capazes de explicar o crescimento das tragédias: dos 131 motociclistas envolvidos em acidentes fatais, 28, ou 21,4%, não possuíam carteira de motorista. Já entre os 87 motociclistas mortos no local do acidente, 37 foram submetidos ao exame de alcoolemia pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e 18 (48,6%) estavam alcoolizados.

Passados um ano e sete meses da morte do jardineiro Raimundo Couto Ribeiro, 56 anos, a família ainda não obteve uma resposta sobre as causas do acidente ocorrido em 30 de abril de 2009, na BR-040. O filho dele, Sérgio Couto Ribeiro, 30, conta que pai sempre foi muito cauteloso, o que o faz duvidar da versão apresentada pelo homem que conduzia o ônibus que colidiu com a motociclista conduzida por Raimundo. ;O motorista disse que o meu pai jogou a moto na faixa da direita, na frente do ônibus, depois de receber luz alta de um carro. Meu pai era medroso e nunca andava na faixa da esquerda porque dirigia devagar;, ressalta.

A morte de Raimundo angustiou ainda mais a mãe do rapaz, que se preocupa com o fato de ele ir ao trabalho de moto. ;Explico que não tenho alternativa. Ir de ônibus demora demais e, de carro, a despesa com combustível é muito alta;, justifica o morador de Santa Maria, que trabalha em Ceilândia. A rotina sobre duas rodas já imprimiu em Sérgio algumas lições. Ele evita sair ou voltar do trabalho em horário de pico. E, nas proximidades de retornos, nunca confia nos motoristas. ;Se é um carro, o motorista que está no retorno espera. Mas se é moto, ele segue e você, se quiser, que pare;, reclama. Mas o desrespeito não é só da parte dos motoristas de veículos. ;O maior erro do motociclista é fazer o ;corredor; e ainda trafegar em alta velocidade. Se o carro mudar de faixa, já era. Mas tem muito motoqueiro que não aprende;, lamenta.

[SAIBAMAIS]As estatísticas mostram que a cada quatro dias e meio um motociclista morre no Distrito Federal e outros 44 ficam feridos em acidente com motos. O estudo do Departamento de Trânsito (Detran) revela que dos 131 motociclistas envolvidos em acidentes fatais, 87 morreram (66,4%) e, destes, 37 no local. O perfil das vítimas revela que os pilotos e os caronas são os mais vulneráveis: representam 78,4% das vítimas.

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