Adriana Bernardes
postado em 30/11/2010 08:01
A cada 20 horas, um acidente fatal é registrado no Distrito Federal. De janeiro a 21 de novembro deste ano, houve pelo menos 378 casos, uma média mensal de 36,4, a pior dos últimos sete anos. Na manhã de ontem, um atropelamento fatal fez aumentar as estatísticas. João Ferreira da Paz, 35 anos, perdeu a vida ao ser atropelado por um caminhão quando tentava atravessar a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), na altura do ParkShopping. Ele morreu a 100 metros da passarela do metrô.Dados preliminares do Departamento de Trânsito (Detran) do Distrito Federal mostram que, até outubro, 121 pedestres morreram atropelados. O número é mais alto do que o registrado em todo o ano passado, quando 112 perderam a vida. Em novembro, o maranhense João Ferreira é, pelo menos, a décima vítima. Às 8h10 de ontem, o homem tentava atravessar da Rodoviária Interestadual para a margem do ParkShopping quando foi arremessado no acostamento por um caminhão de linguiça, da empresa Fricó Alimentos, placa NZP-6221, de Goiânia (GO).
João da Paz carregava uma mala. Policiais militares que atenderam a ocorrência acreditam que ele havia acabado de chegar de viagem quando resolveu atravessar. O motorista do veículo, Claudinei Antônio do Carmo, 28 anos, contou que o pedestre esperava no acostamento quando, de repente, entrou na frente dos carros. ;Foi muito rápido e não deu nem tempo de frear. Também não pude desviar porque havia uma carreta ao lado;, disse. João acabou atingido pela lateral do caminhão. Condutor há dez anos, Claudinei garante que mantinha 70km/h. ;Não estava em alta velocidade, pois no momento do acidente já havia um trânsito intenso do horário de pico;, disse. Até o fechamento desta edição, a polícia procurava pelos familiares do maranhense.
Vítimas
O número total de vítimas de trânsito ; incluindo ciclistas, motociclistas, motoristas e passageiros ; também preocupa. Até 21 de novembro, 405 pessoas perderam a vida, média de 38,9 por mês, a segunda mais alta desde 2003 (42,7). Na avaliação do diretor geral do Detran, Francisco Saraiva, o ano foi atípico. ;Tivemos a Copa do Mundo, dois turnos de eleições e uma grande quantidade de eventos na cidade. Com isso, tivemos que nos dividir para cobrir parte dos eventos e faltou gente para fazer a fiscalização. Sem contar que, com Copa do Mundo e eleição, as pessoas beberam mais e acabaram pegando o volante.;
A falta de investimento do Detran em campanhas educativas também é apontada por Saraiva como um dos fatores que contribuíram para o aumento dos acidentes. Desde novembro de 2009, o órgão de trânsito não promove esse tipo de ação porque não conseguiu contratar empresas de publicidade. Primeiro, o Tribunal de Contas apontou falhas no processo de licitação. Quando ele finalmente foi liberado, houve mudança na lei de contratação das empresas de publicidade e o processo teve que ser refeito. Logo em seguida, vieram as eleições e a proibição de se contratar esse tipo de serviço.
Colaborou Naira Trindade