Munidos documentos sem valor legal, membros de uma organização não governamental estariam aplicando multas e recolhendo mercadorias em rodovias do Distrito Federal e do Entorno. Policiais federais apreenderam na tarde de ontem materiais usados no suposto esquema, em que pessoas se passavam por agentes de órgão fiscalizador do meio ambiente. Em um escritório no Setor Comercial Sul, os investigadores, cumprindo mandato de busca e apreensão, encontraram centenas de certificados, uniformes e documentos de identificação falsificados. Ninguém foi preso. Antigo presidente da organização, intimado a prestar depoimento, pode responder por três crimes diferentes.
Os materiais foram apreendidos em uma sala do Edifício Márcia, no Setor Comercial Sul, onde funciona o escritório de José Maria da Silva. Procurado pela reportagem, ele disse ser corregedor da organização, criada em 1991, e afirmou que apenas alugava o imóvel.
De acordo com o delegado Fabiano Martins, da Polícia Federal, os documentos serviriam de suporte às operações ilegais. "Essas ONGs só podem promover ações de cunho ambiental dentro de áreas de preservação ambiental e quando acompanhadas do IBAMA, mas eles praticavam ações típicas de polícia. Aplicam multas e apreendiam materiais", detalhou. Segundo ele, os investigadores encontraram modelos dos autos de infração para aplicação das multas e recolhimento de materiais. Fizeram também fotos de ações do grupo.
Supostos membros da ONG simulavam barreiras de trânsito em estradas do DF e Entorno e abordava, prefencialmente, veículos transportando animais ou madeira. Os valores e destinação do dinheiro das multas ainda serão apurados pela investigação, segundo Martins. Conforme a investigação, os certificados e idenficações eram obtidos após curso, ministrado em Samambaia. "Eles recrutavam pessoas para os cargos de delegados e agentes ambientais, inexistentes na administração pública", comentou o delegado.
Envolvidos no esquema podem responder por usurpação de função pública (pena de 3 meses a 2 anos de prisão), estelionato (1 a 5 anos) e uso de sinal público falsificado (2 a 6 anos). Os policias ainda buscam o suposto presidente da ONG, Francisco Geraldo Medeiros, acusado de se passar por delegado da Polícia Federal durante os cursos - se apresentando ora como policial na ativa, ora reformado, segundo a PF. A participação de outras pessoas ainda será averiguada.
Envolvidos no esquema podem responder por três crimes: usurpação de função pública (pena de 3 meses a 2 anos de prisão), estelionato (1 a 5 anos) e uso de sinal público falsificado (2 a 6 anos). Os policiais pretendem ouvir o antigo presidente da ONG, Francisco Geraldo Medeiros. "Ele deve ser indiciado pelos três crimes", adiantou Martins. Durante os cursos, segundo a PF, o investigado se passaria por delegado da Polícia Federal - se apresentando ora como policial na ativa, ora reformado. A participação de outras pessoas ainda será averiguada. "Muitos (dos alunos) podem ter entrado de boa fé", acredita o delegado. Segundo José Maria, que apontou outras supostas irregularidades, Medeiros pediu a renúncia à presidência da instituição no mês passado.
Para Francisco Medeiros, irregularidades podem ter surgido devido ao uso do nome da ONG por outras pessoas sem vínculo real. "Houve problema de pessoas fazendo cursos falsos, há cerca de três meses. "Um homem passou seis dias presos no Gama por isso. Desde então, não emitimos novos certificados", afirmou. Ele disse desconhecer denúncias de aplicação de multas ou recolhimento de mercadoria em nome da instituição.