Cidades

Quatro mortes são registradas em Santa Maria em quatro dias

Investigadores acreditam que o tráfico de drogas e a proximidade com o Entorno fizeram crescer a criminalidade

postado em 01/12/2010 07:46
Crimes em alta: Wederson Ferreira morreu ontem dentro de um Fusca na Quadra 216A violência aliada ao tráfico de drogas assusta os moradores de Santa Maria. Inseguros com a criminalidade na cidade, alguns revelam o medo de morrer ao sair de casa em determinadas horas da noite. Outros denunciam a falta de policiamento e o crescimento da sensação de insegurança no local. Somente nos últimos quatro dias, a 33; Delegacia de Polícia, unidade responsável pela região, registrou quatro assassinatos, todos envolvendo armas de fogo (leia arte). Ontem, duas ocorrências foram registradas em menos de três horas: um homicídio e uma tentativa de homicídio.

O delegado-chefe da 33; DP, Edson Viana, tratou a série violenta como atípica, apesar de revelar média de três a quatro assassinatos por mês em Santa Maria ; do início do ano ao fim de novembro, houve pelo menos 40 homicídios na região administrativa, a maioria elucidada. ;O grande problema de Santa Maria é a proximidade com a área do Entorno, onde a comercialização de entorpecentes é maior. Há um verdadeiro intercâmbio entre as duas regiões, o que provoca esse aumento da criminalidade;, explicou.

Segundo ele, os homicídios mais recentes confirmam a relação entre o crime e o tráfico de drogas. ;Os últimos casos que registramos são isolados, não têm nenhuma relação entre si. Mas posso dizer que 70% deles têm envolvimento de adolescentes. Quando não se trata de tráfico de drogas, são rixas entre gangues. Mas não é normal essa incidência. Diria que esse fim e começo de semanas foram atípicos;, concluiu.

Sem pistas
Na manhã de ontem, a Quadra 216 virou cenário de uma execução. Por volta das 10h40, Wederson Rodrigues Chaveiro Ferreira, 36 anos, estava em um fusca bege quando foi atingido por pelo menos três tiros, disparados por pessoas ainda não identificadas. Um deles atingiu o ombro do homem e os outros dois, o peito. O carro ficou estacionado em frente à casa 14, no Conjunto J, a poucos metros de um posto da Polícia Militar. O local do crime acabou isolado por policiais militares, o que não foi suficiente para conter a aglomeração de curiosos. Wederson era conhecido na região como Dedé e morava na Quadra 316, rua abaixo de onde ocorreram os disparos.

Testemunhas disseram ter visto um Escort deixar o local em alta velocidade logo após os disparos. Não souberam, porém, identificar a cor do veículo, se cinza ou azul. As autoridades policiais não descartam a hipótese de acerto de contas por conta de disputa entre traficantes. Wederson tem passagens pela polícia por resistência e desacato; receptação, lesão corporal e resistência; e porte de drogas. Ele também respondia por uma tentativa de homicídio ocorrida em 1994 na área da 14; Delegacia de Polícia, no Gama. Estava em liberdade condicional.

Parentes e amigos de Dedé ficaram desconsolados. O irmão da vítima, um dos únicos familiares que não estava no local até as 12h, chegou chorando muito. ;Quero ver meu irmão, quero ver ele, meu Deus;, desesperou-se. Peritos da Polícia Civil do DF encontraram o corpo da vítima no banco do passageiro, o que levanta a possibilidade de haver um segundo ocupante no Fusca.

Tiros
Horas depois do crime na Quadra 216, um homem foi alvejado na perna, também em Santa Maria. De acordo com a Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) da Secretaria de Segurança Pública do DF, Rander Janser Bernardes, 18 anos, acabou socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital Regional de Santa Maria. Ele está fora de perigo.

O crime ocorreu em frente a um colégio, na Quadra 308. Testemunhas contaram que a vítima retornava do trabalho e, ao ser atingida, entrou em uma casa próxima. A polícia procura suspeitos, que estariam a bordo de uma moto. Um policial militar que trabalha na região afirmou que o número de bocas de fumo vem aumentando gradativamente em Santa Maria, o que acredita ter relação direta com a onda de assassinatos nos últimos dias.

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