Cidades

ONG do DF ajuda crianças e adolescentes com HIV a superar o preconceito

postado em 01/12/2010 12:01
Brasília - Desconstruir o preconceito contra pessoas que vivem com HIV é um dos objetivos do Ministério da Saúde, que lança hoje (1;/12) uma campanha para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids. O isolamento social, as agressões físicas e psicológicas e os sintomas de depressão estão entre os problemas que atingem essas pessoas.

Vicky Tavares é presidente da organização não governamental (ONG) Vida Positiva, localizada em Taguatinga, cidade do Distrito Federal. Há oito anos, ela cuida de crianças e jovens que têm o vírus. No grupo, há sete adolescentes na faixa de 13 a 17 anos de idade. Para ela, o preconceito está presente no dia a dia dos jovens soropositivos e é cada vez mais intenso.

;Para um jovem é complicado viver com o HIV. A sociedade e o Estado como um todo não compreendem isso. Controlamos a carga viral dos nossos meninos, mas infelizmente não zeramos o preconceito das pessoas, seja nas cidades, com os professores, vizinhos. Diariamente presenciamos histórias impressionantes;, destaca.

Entre os casos de preconceito, ela lembra um fato ocorrido na escola em que um dos adolescentes estuda. A diretora da instituição descobriu que ele tinha interesse em se relacionar com algumas meninas da escola e, segundo Vicky, o jovem foi repreendido por isso. Caso ele não se afastasse das garotas, a diretora ameaçou contar às mães que suas filhas estavam envolvidas sentimentalmente com um soropositiv.

Augusto Fontes*, 14 anos, é um dos adolescentes assistidos pela ONG e se considera alvo constante de preconceito no ambiente escolar. Ele afirma que o grupo de amigos é restrito e só consegue se sentir protegido quando está na ONG.

"A maioria das pessoas tem preconceito e por isso muita gente se afasta de mim. Aqui [na ONG] vivo mais feliz, sinto como se realmente estivesse na minha casa. Os meninos são como meus irmãos e a Vicky é como se fosse a minha mãe. Somos uma família."

Apesar das histórias de preconceito, vovó Vicky, como é tratada na instituição, orgulha-se da garra dos meninos e meninas. Uma jovem, que usa o pseudônimo Marina Sophia, receberá hoje (1;) do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, um netbook pelo segundo lugar no Concurso Cultural: Vidas em Crônica ; Jovens e a Aids no Brasil.

A proposta do ministério foi selecionar histórias reais, escritas por jovens que tenham o HIV ou convivam com portadores do vírus. Os casos servirão de base para a edição de publicações especiais do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da pasta.

Apesar dos esforços do Poder Público em relação à conscientização, Vicky destaca a necessidade de campanhas informativas nos meios de comunicação não apenas no Dia Mundial de Luta contra a Aids, mas ao logo do ano.

;Todos os dias precisamos saber respeitar as diferenças. As campanhas precisam ser contínuas. Acredito que, a partir dessas ações, a sociedade em geral estará mais disposta a repensar seus valores.;

A ONG oferece às crianças e aos adolescentes, além das refeições diárias, assistência psicológica e social. Para ajudar na complementação da renda na casa, a presidente da instituição lançou a farofa da vovó Vicky, que é vendida numa padaria perto da ONG.

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