postado em 02/12/2010 08:11
Transformar lixo industrial em solução para preservar o meio ambiente é possível. A ideia de fazer do vilão um aliado nasceu durante um estudo elaborado pelo químico Alexandre Rangel Schweickardt, 35 anos, no encerramento de sua graduação na Universidade Católica de Brasília (UCB). A pesquisa, realizada em parceria com mestre em química André Luiz dos Santos, foi agraciada com o 1; lugar no Prêmio de Inovação em Alumínio, na categoria para estudante Gestão de reciclagem, promovido pela empresa Alcoa, líder mundial na produção do metal. Pela vitória, ele receberá um prêmio de R$ 9 mil, enquanto o professor-orientador ganhará R$ 5 mil e a instituição de ensino, R$ 5 mil em equipamentos didáticos.Preocupado com o destino que teriam cerca de 200 toneladas de resíduo, produzidas mensalmente na industria de tratamento químico de alumínio em que ele trabalha há dez anos, Alexandre buscou alternativas para o reaproveitamento da substância. Mais do que criar um método de descarte sustentável de material potencialmente tóxico, ele descobriu que as substâncias podem ser utilizadas na confecção de tijolos mais resistentes, economicamente viáveis e ecologicamente corretos.
;Ao fim do tratamento químico do alumínio, resta um composto chamado lodo, normalmente armazenado e encaminhado para aterros sanitários;, explica Alexandre. Segundo ele, no entanto, esse tipo de aterro não é o espaço ideal para receber lixo industrial, e os aterros industriais mais próximos ficam em Goiás. ;Para transportar esse material de forma adequada, gastaríamos cerca de R$ 25 mil mensais, um valor inviável;, observa. A alternativa? Dar um destino melhor para o lixo. Alexandre diz que o óxido de alumínio contido no lodo faz parte da composição da argila usada em fábricas de cerâmica. ;Ao testar a mistura na produção de tijolos, o resultado obtido ficou acima do esperado;, destaca o professor André Luiz..
Menos tempo
O novo tijolo é 10,3% mais resistente e pode ser feito em tempo reduzido, pois passa menos tempo na fase de queima. Isso resulta em um aumento de 25% da produtividade da olaria e na economia de 30% da argila utilizada. Para o meio ambiente, o benefício é direto. Com o consumo de lenha 40% menor, é possível poupar o corte de 11.440 árvores por ano ; valor referente ao consumo de uma única fábrica de tijolos ; e reduzir a retirada de argila, o que influencia na diminuição da erosão. ;Acredito que o maior diferencial do trabalho esteja aí. Buscávamos um destino melhor para aquele lixo e descobrimos uma forma de ajudar o meio ambiente e investir no trabalho de centenas de pessoas que trabalham nessas olarias, gente humilde e que trabalha pesado para manter a produção;, explica Alexandre.
A empresa em que Alexandre desempenha a função de gerente de produção adotou a nova ideia. Gastando atualmente cerca de R$ 5 mil mensais para o transporte do resíduo, Alexandre está orgulhoso com os resultados alcançados. ;Doamos esse material para a olaria parceira e acreditamos que outras empresas podem se espelhar na iniciativa, criando novas alternativas para a própria indústria, para um ambiente mais sustentável e para a economia local, ao investir no trabalho dessas pequenas fábricas;, conclui.