postado em 02/12/2010 08:16
Pela primeira vez desde quando foram presos, os três acusados de participação no triplo homicídio da 113 Sul ficaram frente a frente. Eles participaram ontem de uma acareação na Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) da Polícia Civil e ratificaram o que já haviam dito antes. O ex-porteiro do Bloco C Leonardo Campos Alves, 44 anos, e o sobrinho dele Paulo Cardoso Santana, 23, mantiveram a acusação contra a arquiteta Adriana Villela, 46, a quem acusam de ser a mandante do crime.Em 22 de novembro, Leonardo confessou que foi contratado pela filha do casal por US$ 27 mil para assaltar a residência dos pais dela. Já dentro do imóvel, Adriana teria ordenado a execução das vítimas. O ex-porteiro também contou que apenas Paulo e Francisco entraram no apartamento onde ocorreu o crime. Advogado de Adriana, Rodrigo Alencastro nega a acusação e contesta os argumentos da investigação.
No entanto, o morador do Pedregal Francisco Mairlon Aguiar, 22 anos, que está preso com os outros, reiterou que não executou José Guilherme Villela, 73, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e Francisca Nascimento da Silva, 58. Eles morreram com 73 facadas em 28 de agosto de 2009. Francisco Aguiar confirmou que participou da trama que visava forjar um assalto à residência do casal Villela, mas que ficou na porta do imóvel 601/602 do Bloco C da 113 Sul, onde as vítimas residiam. A polícia considera a negação de Francisco uma estratégia da defesa dele para que o crime não ganhe a qualificação de encomendado, o que aumentaria a pena em uma eventual condenação.
Durante as duas horas de acareação, o advogado de Francisco esteve presente, mas não os de Leonardo e Paulo. As declarações do trio foram filmadas pelos agentes da Corvida. A gravação será anexada ao inquérito. Embora não tenha confirmado a participação de Adriana, Francisco deu detalhes do planejamento do crime que acabaram corroborando as versões dadas pelos comparsas.
Para uma fonte policial ouvida pelo Correio, as declarações de Leonardo e Paulo apresentam pontos coincidentes com o perfil que a Psicopatologia Forense do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil traçou de Adriana Villela. O Correio teve acesso ao documento, no qual duas psicólogas, após analisarem seis vídeos contendo depoimentos da filha do casal assassinado, fizeram o seguinte diagnóstico: ;O conjunto das declarações de Adriana foi inconsistente e contraditório nos aspectos referentes ao relacionamento familiar, bem como aos crimes ora investigados;.
A mesma fonte informou que a acareação reforçou a tese de que Adriana Villela seria a mandante. Porém não há qualquer possibilidade de pedido de prisão contra a filha do casal assassinado, que é ré no processo que tramita no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). A polícia ainda deve fazer novas diligências e a reconstituição do caso para encerrar a
investigação.
Sigilo
O Ministério Público aguarda ainda o juiz do Tribunal do Júri de Brasília Fábio Francisco Esteves se declarar sobre o pedido de retorno do segredo de justiça para o caso Villela. Segundo a Assessoria de Imprensa do TJDFT, o parecer de Fábio Esteves deve ser conhecido apenas na tarde de hoje. Se o magistrado acatar o pedido do MP, os advogados de defesa de Adriana Villela prometem entrar com recurso contra o bloqueio das informações.