Cidades

Centro cirúrgico do Hospital de Ceilândia passará por grande reforma

Ala do Hospital de Ceilândia será interditada a partir da próxima semana por estar tomada por mosquitos, piolhos de pombo e infiltrações

postado em 03/12/2010 08:00
Após uma vistoria da Vigilância Ambiental identificar possíveis focos de infecção no centro cirúrgico do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), a direção da unidade decidiu interditar, a partir da próxima terça-feira, a ala na tentativa de acabar com os ácaros de pombo ; popularmente conhecidos como piolhos ; e mosquitos que infestam o local. A denúncia sobre as péssimas condições das salas, que estão tomadas por infiltrações, foi feita pelos próprios funcionários do hospital. O local agora passará por uma grande obra e, de acordo com a Secretaria de Saúde (SES-DF), não há data prevista para o término da intervenção.

Na manhã de ontem, o diretor da unidade, Valdir Nunes, reuniu-se com o diretor da Vigilância Ambiental, Rodrigo Menna, para avaliar a situação. No dia 22 de novembro, uma equipe da Vigilância visitou o HRC e elaborou um relatório identificando os problemas do local. Segundo Menna, os piolhos de pombos podem causar inúmeras doenças. ;Os ácaros podem provocar reações alérgicas diversas, na pele, nos olhos, nas vias respiratórias e até mesmo problemas no sistema nervoso;, enumera.

Até a data da interdição, apenas cirurgias de menor porte e de baixo risco serão realizadas no hospital. As cirurgias marcadas e os casos de urgência serão repassados para os hospitais regionais de Taguatinga, Samambaia e Gama. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros já foram notificados sobre o problema e receberam a orientação de levar os pacientes para outros centros do sistema público.

Possíveis doenças
Para o diretor da Vigilância Ambiental, Rodrigo Menna, os riscos dos ácaros chegarem até um paciente durante um procedimento cirúrgico são mínimos. ;Apenas em uma cirurgia de longa duração, os ectoparasitas poderiam percorrer pela janela, chegar ao uniforme do cirurgião, as mãos e depois ao paciente;, explicou diretor.

O mesmo problema foi registrado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), em outubro deste ano. A vigilância Ambiental fez uma visita no local, identificou os problemas e fez recomendações (caixa ao lado). O caso do HRT só não chegou a interdição porque os problemas eram de menor impacto e as recomendações foram logo feitas.

Restos de comida
Quando esteve no HRC, a equipe da Vigilância Ambiental detectou a presença de restos de comida já na entrada da unidade. Foram encontrados vários animais nas proximidades do prédio. Os agentes constataram ainda inúmeros ninhos e ovos de pombos sob o telhado do centro cirúrgico, onde existem janelas voltadas para a área externa sem vedação, o que favorece a entrada de fezes e também dos piolhos de pombos.

A arquitetura do prédio, em especial do telhado, facilita a instalação e o alojamento desses animais. A conclusão dos técnicos baseou-se no grande número de fezes impregnadas nas paredes e janelas do hospital. A área em volta do prédio também foi vistoriada e em um terreno próximo ao refeitório constatou-se a presença de entulho, restos de materiais de construção e de muito lixo. Segundo a Vigilância, os materiais podem se transformar em criadouros para o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, já que podem acumular água parada.

Além disso, o acondicionamento do lixo e de dejetos hospitalares foi reprovado. Quando recebeu a visita da fiscalização, os contêineres operavam acima da capacidade e todos estavam com as tampas abertas. No relatório entregue à direção do hospital, foi destacada a possibilidade de os locais tornarem-se alojamento para escorpiões e ratos.

Grande porte
Em 2009, o HRC realizou 423.220 atendimentos, com média diária de 1.159. Já as cirurgias foram 44.331 cirurgias, ou seja, cerca de 121 procedimentos por dia.

Previna-se
  • Caso sejam encontrados ninhos de pombos nas áreas externas, eles devem ser retirados e colocados em sacos plásticos para coleta pública. Durante a realização do serviço, deve ser utilizados equipamentos de proteção individual. É preciso limpar bem o local em que encontrava-se o ninho com água, sabão, desinfetante ou água sanitária,

  • Barreiras físicas devem ser colocadas nos vãos dos telhados e dutos de ar para impedir que os pássaros fiquem alojados ou façam seus ninhos,

  • Na parte dos beirais de prédios ou residências, onde os pombos costumam pousar, pode ser utilizado gel repelente para pombos. O produto pode ser encontrado em estabelecimentos de insumos agropecuários,

  • Outra sugestão é a instalação de barreiras físicas para impedir o pouso dos animais, como molas de arame e fios de aço,

  • Não alimente pombos. Com a pouca oferta de alimento, a presença deles tende a diminuir. Além disso, alimentar animais em vias públicas é uma prática proibida por lei,

  • O lixo doméstico deve ser armazenado adequadamente. Contêineres de blocos devem permanecer fechados durante o dia e à noite para não servirem de fonte de alimento para diversos tipos de animais, como pombos, ratos e baratas.

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