postado em 04/12/2010 09:32
Com menos pompa e em cima da hora, a decoração natalina de Brasília começa a sair do papel. Desta vez, a comemoração será menos glamurosa do que no ano passado. Segundo a Secretaria de Cultura, a árvore tecnológica e a Vila do Natal não farão mais parte das comemorações. O órgão alega que a retirada dos atrativos é uma economia para os cofres públicos. Apenas a Torre de TV se transformará na árvore de Natal da cidade, a partir da instalação de mais de 15 mil lâmpadas. A equipe da Companhia Energética de Brasília (CEB) também coloca a iluminação em outros pontos da área central da capital federal.A estatal estima que o serviço fique pronto até o próximo dia 15, data estimada para o início do funcionamento da decoração tradicional em formato de cascata da Esplanada dos Ministérios. Os técnicos da CEB ligaram um emaranhado de fios que acenderá cerca de 17 mil luzes incandescentes de 15 watts nos prédios da região para dar forma ao chamado ;véu de noiva;. O Congresso Nacional recebeu 4 mil lâmpadas da mesma potência. Aos poucos, as árvores naturais das asas Sul e Norte também vão ganhar a iluminação de 6 mil conjuntos de 400 microlâmpadas.
Singela, a decoração natalina também marcará presença em outros pontos DF. Nas regiões administrativas, a equipe da CEB amarra a fiação à ponta dos postes de iluminação pública. Esticados até a base, os fios formam árvores luminosas em diversos pontos das cidades. Ao todo, a rede soma 10 mil lâmpadas incandescentes com a mesma capacidade das instaladas no Plano Piloto.
Depois da inauguração, a decoração natalina do DF funcionará até 15 de janeiro, com os equipamentos acesos das 18h às 6h. A direção da CEB montou um esquema especial para garantir que possíveis falhas técnicas sejam consertadas a tempo. Segundo a companhia, equipes serão encarregadas da operação e da manutenção diária das lâmpadas. Os gastos com as comemorações de fim de ano, no entanto, ainda não foram fechados pela estatal.
Protesto
Se dependesse do Governo do DF, o canteiro central da Esplanada dos Ministérios não teria nem sequer uma bola vermelha ou um pisca-pisca. Quatro amigos, no entanto, decidiram mostrar a indignação com os cortes na decoração de Natal deste ano. No início do expediente de quarta-feira, o grupo conversava sobre o assunto e decidiu comprar uma árvore comum, daquelas que se usa em casa, para colocar no local. O enfeite branco de bolinhas vermelhas e festão dourado tem 1,70m e fica sobre um caixote de madeira, coberto com um tecido natalino, à altura da Catedral.
Funcionários de uma empresa de informática, eles comparam a situação atual com episódios anteriores de suposta corrupção (veja Memória). ;É um protesto contra a quantidade de escândalos dos últimos anos. Brasília nunca ficou sem a árvore de Natal;, aponta Welinton Velasco, 29 anos. ;Não queremos que sejam gastos milhões. Mas a população de Brasília merece uma decoração à altura;, conclui.
Horário estendido
Para que os atrasados não tenham prejuízo, o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) decidiu que as lojas estenderão o horário de funcionamento a partir do próximo dia 18. No fim de semana anterior ao Natal, os shoppings ficarão abertos até a meia-noite, enquanto os comerciantes de rua receberão os clientes até as 22h.
Os empresários do Distrito Federal investiram mais de R$ 20 milhões em decoração e promoções para atrair os consumidores. Ao todo, 49 carros serão sorteados, além de outros brindes. Com a chegada do Natal, as 18 mil lojas de rua e os shoppings devem gerar 7% de aumento nas vendas. O presidente do Sindivarejista, Antônio Augusto de Moraes, explica que a decisão de manter o comércio aberto até mais tarde tem ainda o objetivo de eliminar as filas. ;Fazemos isso para evitar o tumulto e o acúmulo de pessoas nos estabelecimentos;, afirma.
Lucros
O Sindivarejista ainda não tem cálculos de quanto lucrará somente com a dilatação do horário de atendimento. ;O importante é abrir mais espaço para o comprador;, acrescenta Antônio Augusto. Segundo ele, no entanto, os lojistas devem começar a aferir o aumento de dinheiro nos caixas a partir deste fim de semana.