Cidades

Advogados de Adriana Villela oficializam denúncia de sumiço de provas

Adriana Bernardes
postado em 04/12/2010 09:31

Os advogados da arquiteta Adriana Villela, 46 anos, denunciaram à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Distrito Federal (OAB-DF), o desaparecimento de provas produzidas pela Polícia Civil contra a filha dos Villelas. Em um documento entregue à entidade na tarde de ontem, a defesa assegura que sumiram gravações feitas por agentes da Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida) em 1; e 2 de fevereiro deste ano. Nas imagens, segundo a polícia, Adriana aparece na companhia de uma amiga. Mas a arquiteta assegura se tratar de uma prima. Também de acordo com a defesa, desapareceu a gravação de uma entrevista policial a que Adriana foi submetida nas dependências da Corvida em 17 de abril passado. Naquele dia, os investigadores fizeram busca e apreensão na casa da arquiteta.

O caso será analisado pelo conselheiro da entidade Eduardo Toledo, que já acompanha o caso desde junho deste ano. O presidente da OAB-DF, Francisco Caputo, declarou que as acusações da defesa são gravíssimas e, se confirmadas, ;as investigações da Corvida ficam aparentemente desqualificadas;. Caputo acredita que, até o fim da próxima semana, a Ordem se posicionará sobre o assunto. ;Estamos estarrecidos com a quantidade de fatos estranhos que surgiram no decorrer da investigação desse crime;, afirmou.

Se a OAB entender que as denúncias têm procedência, poderá pedir a atuação do Ministério Público, por meio do Núcleo de Controle da Atividade Policial, que investigue a conduta dos responsáveis. Também poderá cobrar a apuração dos fatos pela Corregedoria da Polícia Civil. ;Mas é sempre bom deixar claro que a atuação da Ordem é limitada;, reiterou Caputo. Na tarde de ontem, o juiz Fábio Esteves autorizou a OAB-DF a visitar os presos Leonardo Campos, Francisco Aguiar e Paulo Cardoso.

Ré no processo
Adriana Villela responde a processo na Justiça por envolvimento na morte dos pais, o casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Villela, 69, e da empregada deles, Francisca Nascimento da Silva, 58. Para Rodrigo Alencastro, um dos advogados de Adriana, os vídeos são essenciais para a defesa reunir provas da inocência dela, assim como para demonstrar como a polícia construiu, de forma infundada, uma suspeita sobre a arquiteta. As gravações de fevereiro foram feitas na noite de uma sexta-feira e no sábado seguinte.

Em 1; de fevereiro, Adriana esteve com a polícia no apartamento dos pais e foi submetida a reconhecimento por uma testemunha. No inquérito, consta que a arquiteta deixou o apartamento, pegou uma mulher na Asa Norte e as duas seguiram para o Lago Sul, residência da arquiteta, onde passaram a noite. No dia seguinte, as duas teriam almoçado juntas. Adriana sempre negou essa versão. Disse que, naquela data, encontrou-se com uma prima que a ajudaria a reunir informações sobre os imóveis da família. Como saiu tarde do apartamento dos pais, pegou a prima na Asa Norte e as duas foram para o Lago Sul. No sábado pela manhã, as duas trabalharam e ela deixou a prima no trabalho.

Segundo Alencastro, a semelhança física entre a prima de Adriana Villela e a conhecida apontada pela polícia como comparsa no crime gerou a confusão. Ele esperava as imagens para esclarecer o caso. ;No sábado, a Adriana realmente almoçou com essa mulher para tratar
do aluguel de um ponto comercial da família na Asa Norte e isso está documentado em troca de
e-mails entre as duas.;

No documento entregue à OAB, Alencastro reuniu despachos assinados pela delegada-chefe da Corvida, Mabel de Faria, em resposta a requerimento dele para ter acesso às gravações. Segundo o advogado, nesses despachos, a delegada respondia que não poderia entregar as fitas porque ainda eram alvo de diligências. Porém ao responder a solicitação da defesa via judicial, Mabel teria dito que as gravações não existem ou sumiram. ;Esperamos que a Ordem dos Advogados, que tem a missão de zelar pela regular aplicação da lei, acompanhe ainda mais de perto esse caso. Chegamos a um patamar inacreditável, que coloca em risco a elucidação do crime;, defendeu Alencastro.

Colaborou Ary Filgueira

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