Cidades

Chuvas diárias deixam as pistas do DF perigosas

Greve da Novacap piora o problema, pois operação tapa-buracos acabou prejudicada

postado em 07/12/2010 09:34
Em Vicente Pires, moradores da região usaram pneus para tapar as crateras que se abriram na Rua 3, na altura do Viaduto Israel PinheiroAs chuvas não dão trégua e deixam marcas no Distrito Federal. Com os funcionários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) em greve, a operação tapa-buracos acabou prejudicada e aumentou a quantidade de problemas nas avenidas da capital do país. O motorista se depara com depressões no asfalto em trechos de toda a L2 Sul. Em locais distantes do Plano Piloto, a situação é pior. É comum encontrar pistas intransitáveis, em que os carros chegam a passar pelas calçadas para evitar as crateras se espalham pelo restante da via.

Quem vem do Guará pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e entra em Vicente Pires na altura do Viaduto Israel Pinheiro, por exemplo, leva um susto ao virar à direita. No início da Rua 3, pista de mão dupla, uma rachadura consome o asfalto da ponta da calçada até a faixa que divide a pista em dois sentidos de tráfego. Os condutores têm de se entender para decidir quem vai primeiro. O motorista de um Strada arriscou e acabou caindo no buraco. Engatou a marcha a ré e, depois de algumas aceleradas, conseguiu tirar o veículo da vala. ;A situação aqui só piora. É uma vergonha. Ainda bem que nada sério aconteceu;, disse o condutor pela janela do carro, sem se identificar.

A falha na entrada da Rua 3 piorou nos últimos dias. ;O buraco estava fechado. Mas com as chuvas mais recentes, o asfalto cedeu;, contou José Alves, 29 anos, morador da região. Nesse fim de semana, os comerciantes do local tentaram resolver a questão com iniciativa própria. Colocaram pneus no buraco, que acompanha uma grelha de escoamento de águas pluviais. ;A cada tempestade a vala aumenta mais. A coisa ficou insustentável. A quantidade de motoristas que caem nesse buraco é enorme;, explicou o borracheiro João Durval de Sá, 50 anos, responsável pelo paliativo.

Os moradores de Águas Claras também enfrentam os estragos das precipitações. Os buracos crescem no estacionamento da Avenida Parque. Segundo o cabeleireiro Greg Ferreira, 48 anos, a pista fica inundada por conta dos paralelepípedos que se soltam do espaço com as chuvas. ;Parece uma cachoeira de lama e pedra;, descreveu Greg. Na via de acesso à Rua 9 Sul, parte do asfalto virou terra. ;Quando vêm aqui, as equipes do governo só colocam cascalho. Elas não fazem um trabalho resistente à quantidade de água que cai;, reclamou o corretor de imóveis José Luiz Cunha, 32.

Mato
Em apenas sete dias, dezembro registrou 91mm de chuvas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), da noite de domingo às 19h de ontem foram 42,9mm. A média do mês, baseada em dados dos últimos 30 anos, é de 248,6mm. ;Por mais que pareça muito, este mês ainda vai ter que ver muita chuva para ultrapassar o esperado;, afirmou a meteorologista Maria das Dores Azevedo. Segundo ela, não há fenômenos atípicos nos céus da capital. ;É um contraste térmico decorrente da grande quantidade de calor;, explicou a especialista.

Além dos estragos nas pistas, as precipitações favorecem o crescimento das plantas espalhadas nos canteiros de Brasília. Na 410 Sul, às margens da L2, o mato cresceu com o avanço das chuvas. O morador Fábio Henrique Zózimo, 32 anos, contou que poucas vezes a área verde da quadra ficou tão sem cuidados como agora. ;De vez em quando, sai um rato de dentro do mato. É um perigo por conta da proliferação de doenças;, alertou.

Problemas como o que Fábio Henrique relatou se agravam por conta da greve dos funcionários da Novacap. Enquanto os servidores cruzam os braços à espera de um aumento salarial de 17%, os buracos da capital ficam abertos, e as áreas verdes, sem manutenção. No restante do DF, as administrações regionais são responsáveis pela operação tapa-buracos, mas, se julgarem necessário, também podem solicitar o serviço à Novacap.

Reunião
Os servidores da Novacap estão em greve há 16 dias. Representantes da categoria se encontraram ontem com o governador Rogério Rosso. Ao fim da reunião, o Sindicato dos Servidores e Empregados de Administração Funcional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedade de Economia (Sindser-DF) se interessou pela proposta do GDF. Assim, a paralisação deve terminar hoje pela manhã durante assembleia da categoria

PREVINA-SE
; Em caso de ameaças e problemas provocados pelas chuvas, informe-se ou peça ajuda pelos telefones:
Defesa Civil: 3901-5816/9224-0640 (plantão)
Novacap (poda de árvores): 156
Corpo de Bombeiros: 193

; Se o motorista tiver prejuízos depois de cair em um buraco, é possível recorrer ao Tribunal de Pequenas Causas do Distrito Federal. O condutor deve comprovar o acidente, por meio de fotografias e abrir um processo contra o Governo do Distrito Federal (GDF).

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