postado em 09/12/2010 07:56
A polícia afirma não ter dúvidas do envolvimento de mais uma pessoa no triplo assassinato ocorrido na 113 Sul em 28 de agosto de 2009. Trata-se de uma mulher. A identidade dela, por enquanto, não pode ser revelada para não atrapalhar as investigações. Porém a diretora da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), Mabel de Faria, explicou que a nova suspeita teve a função de contratar o ex-porteiro Leonardo Campos Alves, 44 anos; o sobrinho dele Paulo Cardoso Santana, 23; e Francisco Mairlon Aguiar Barro, 22, supostos executores do crime.A informação contradiz o depoimento do próprio Leonardo, em 22 de novembro, à Corvida. Ele afirmou que havia sido contratado pessoalmente por Adriana Villela, 46 anos, para forjar uma assalto na casa dos pais dela, no Bloco C da 113 Sul. Em troca, teria recebido US$ 27 mil e mais joias. O encontrou teria ocorrido em 3 de agosto de 2009.
;Podemos pedir a prisão dessa pessoa a qualquer momento;, explicou a chefe da Corvida. Mabel espera a chegada dos relatórios da quebra de sigilo telefônico dos supostos envolvidos no crime. Na ocasião, a polícia também pediu os dados sigilosos da quarta envolvida nas mortes de José Guilherme Villela, 73 anos, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e Francisca Nascimento da Silva, 58. O objetivo é saber se houve contato entre os quatro.
Apesar de Mabel não revelar o nome da nova suspeita, o Correio apurou que a mulher investigada teria ligação com Adriana Villela, apontada pela delegada como suposta mandante do triplo homicídio. A defesa de Adriana contesta a tese mais recente da Corvida. ;Essa amiga é justamente a pessoa que foi confundida com a prima de Adriana e cuja imagem sumiu da Corvida. A tese é frágil e sem o menor cabimento. Lamentável, é mais uma pessoa inocente engendrada nessa história macabra;, desabafou o advogado Rodrigo Alencastro.
Na semana passada, ele protocolou na Ordem dos Advogados do Brasil, seção DF, uma reclamação contra a Corvida. Denunciou o sumiço de gravações que mostrariam um encontro entre Adriana e a prima. Segundo Alencastro, essa prova ; que teria sido produzida para incriminar a filha dos Villelas ; desapareceu porque, na realidade, funcionaria de modo contrário: ajudaria a inocentar a cliente dele.
Laudo
Mas os investigadores já trabalham com outra prova contra Adriana. Um laudo de perícia papiloscópica contesta a afirmação de que a última vez em que filha do casal assassinado teria ido à casa dos pais foi em 13 de agosto de 2009. No documento de 36 páginas a que o Correio teve acesso, os peritos chegaram à conclusão de que o fragmento da impressão palmar de Adriana Villela encontrado no apartamento apresenta características compatíveis com marcas registradas três e nove dias antes do triplo homicídio (veja fac-símile). Ou seja, o laudo descarta a possibilidade de as digitais terem sido produzidas 15 dias antes do crime.
Três órgãos destacaram profissionais para estudar as marcas: o Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil, o Instituto de Meteorologia (Inmet) e a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Essa cedeu a professora Selma Aparecida Souza Kückelhaus, especialista em morfologia e estudos sobre a pele. Ela forneceu suporte instrumental necessário para a realização de ensaios neste ano. Já o Inmet aferiu as condições climáticas do dia em que os peritos encontraram a primeira marca de Adriana (2 de setembro).
Foram realizados dois ensaios. Primeiro, no intervalo entre 28 de agosto e 21 de setembro de 2010, na superfície das portas dos armários existentes no segundo escritório do apartamento dos Villelas, mesmo local onde foi revelada a impressão quiroscópica de Adriana. Um segundo ensaio ocorreu entre 4 e 28 de outubro, na mesma superfície, porém no laboratório do II, sob condições controladas.
Para constatar o desgaste, que mostra a idade da impressão papiloscópica, os peritos tentaram reproduzir no teste as condições em que a primeira impressão de Adriana ; feita com a mão esquerda ; foi formada no local do crime. No momento do crime, a temperatura média era 20,2;C, e a umidade relativa do ar, 60%. O estudo experimental ; como foi chamado ; buscou identificar a influência da relação tempo-umidade-temperatura sobre a impressão palmar da filha das vítimas detectada na porta inferior do armário do segundo escritório.
Para Alencastro, esses estudos não passam de uma tese acadêmica, que não serve como prova para incriminar sua cliente. ;Podemos confirmar que Adriana não esteve lá pelas ligações que ela fez em áreas distantes do bloco onde os pais dela moravam;, argumentou a defesa.