postado em 16/12/2010 08:00
O aposentado Sebastião Barbosa Neto quer esquecer o dia de ontem. Aos 98 anos, ele teve que enfrentar uma enorme fila no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) na tentativa de descobrir as causas das fortes dores que sentia na bexiga. O morador do Itapoã chegou acompanhado da filha à maior unidade de saúde da capital às 7h40.Até às 13 horas, não havia sido atendido Problemas como o enfrentado por Sebastião são recorrentes na rede pública do DF. Na tentativa de tirar o setor do caos, o governador Rogério Rosso (PMDB) tenta encontrar, desde que assumiu o cargo de chefe do Executivo local,em abril, soluções para prestar um melhor atendimento à população sem onerar os cofres públicos.Durante os oito meses de mandato, Rosso e sua equipe conseguiram alguns avanços. Ele mesmo admite, no entanto, que ainda é preciso fazer muito para que a saúde no DF chegue perto dos padrões dos países do primeiro mundo. Ao Correio, o governador contou que o maior desafio de sua gestão foi resolver os constantes problemas de desabastecimento da rede. ;Com certeza foi a questão mais grave que eu encontrei na área de saúde. A gente teve que garantir a continuidade da prestação dos serviços e, por outro lado, recuperar a parte de distribuição de medicamentos, que estava totalmente desorganizada;, lembra.
Com a criação provisória da Secretaria Extraordinária de Infraestrutura e Logística, o cenário mudou. Compras emergenciais ; que eram realizadas com frequência ; passaram a ser mais raras. A abertura de quase 100 processos licitatórios também garantirá, segundo Rosso, remédios e insumos nas prateleiras dos hospitais e centros de saúde pelo menos até o final do próximo ano.
A organização na aquisição dos medicamentos vem gerando economia aos cofres públicos. ;Adotando esse modelo, temos conseguido gastar menos com transparência e eficiência, além de garantir o abastecimento por muito mais tempo. Só nas primeiras compras, economizados R$ 90 milhões. Se a gente conseguir efetivar todos os pregões, vamos economizar mais de R$ 400 milhões. Isso tudo foi possível graças ao trabalho da secretaria;, avalia Rogério Rosso.
Prontuário eletrônico
A dona de casa Maria Lúcia Vieira, 40 anos, confirmou que está menos burocrático ter acesso aos medicamentos fornecidos pelo poder público, mas destacou que o governo tem que dar prioridade a outros temas, como a demora no atendimento. ;Você tenta uma consulta e não tem médico. Quando tem, é apenas um. Às vezes, você fica o dia inteiro para ser atendido. O governo deveria humanizar o atendimento, pois quem depende de hospital público sofre muito;, protesta.
A crítica da paciente e de outras milhares de pessoas fez com que o GDF implantasse o sistema de prontuário eletrônico, que já funciona nos hospitais regionais da Asa Norte (Hran), do Gama (HRG), de Samambaia (HRSam), do Guará (HRGu) e de Brazlândia (HRB). Os próximos da fila são as unidades de Ceilândia (HRC), do Paranoá (HRPa), e os hospitais de Apoio e São Vicente de Paula (HSVP). ;É um sistema simples e que funciona muito bem. O registro da pessoa no SUS (Sistema Único de Saúde) fica guardado. Os últimos exames, quais médicos o atenderam, os medicamentos que tomou. Ou seja, é um salto de qualidade. Com isso, conseguimos reduzir a fila, melhorar o atendimento e, consequentemente, salvar mais vidas. É um processo que traz enormes benefícios para a população;, destaca o governador Rogério Rosso.
Hospital de Santa Maria: desafio
Uma das maiores desafios do governo atual foi decidir o futuro do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Depois de identificar falhas no contrato com a gestora da unidade, a entidade beneficente Real Sociedade Espanhola, o GDF decidiu não renovar a parceria, que vence em 21 de janeiro. Após uma longa disputa entre a Secretaria de Saúde e a instituição, a mais nova unidade de saúde do DF voltou às mãos do poder público em 11 de novembro deste ano, quando foi decretada uma intervenção no local. O receio era de que o atendimento fosse prejudicado por falta de pessoal, mas, segundo a chefe da pasta, Fabíola Aguiar e do próprio Rosso, o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) não terá dificuldades para administrar o hospital.
A primeira ação do GDF para garantir a retomada tranquila dos serviços foi dar posse 1.370 servidores, entre eles médicos, enfermeiros e técnicos. ;O mais importante não é o governo
retomar o controle, mas oferecer um bom serviço à população. O grande desafio era manter a continuidade. Para Santa Maria foram 1.370 novos servidores. São contratações que vão garantir o bom funcionamento quando a entidade filantrópica sair;, complementa.
Outras unidades também receberão o reforço de profissionais. Nos últimos dias, foram nomeados 592 médicos e 250 agentes de saúde para combater à dengue. (SA)