Cidades

Creches em Samambaia contam com ajuda de voluntários do Correio Solidário

postado em 17/12/2010 08:00
O poder de transformar o sofrimento em aprendizado deixou sementes em Samambaia. Na QR 419, a Associação Nossa Senhora Mãe dos Homens, um creche filantrópica, cuida de 200 crianças, 80 delas em período integral. A instituição foi fundada por uma professora da rede pública, que conheceu de perto o que o descaso com a formação do ser humano pode causar.

A Creche Semente de Luz dá assistência a 90 meninos e meninas de 1 ano e seis meses a 4 anosUm aluno adolescente envolveu-se com o tráfico e outros crimes. A educadora convenceu o menino a deixar a violência e seguir o caminho do bem. Pouco depois de se enquadrar na nova vida, entretanto, o jovem foi assassinado por ex-colegas do tráfico. A professora decidiu criar um projeto de assistência que valorizasse o melhor em cada pessoa, oferecendo educação e lazer na infância. Ela acreditava que preparar os jovens para serem cidadãos do futuro daria resultado. Começou ajudando 15 crianças, depois de ganhar do governo o direito de usar um prédio público para a atividade.

Os pais do garoto morto, porém, não gostaram da ideia. Suspeitaram das boas intenções da professora. Por isso, a fundadora teve de retirar do projeto o nome do adolescente, que batizava o centro assistencial. E, por ter sofrido retaliações, não mais vinculou o próprio nome à instituição, com a qual colabora ainda hoje, mas sem presidi-la. A associação é uma das beneficiadas pelo Correio Braziliense Solidário, programa de assistência a creches comunitárias, mantido pelo jornal.

Este ano, os Diários Associados ajudaram a professora a trocar todo o telhado da instituição. A equipe colaborou também com doação de colchões, lençóis e brinquedos. Mas ainda há todo um caminho pela frente: falta muito para oferecer conforto às crianças matriculadas ali. A creche tem convênio com a Secretaria de Educação e com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest).

Assistência
O repasse de verba pública ; que muitas vezes atrasa ; garante o pagamento dos 35 funcionários. Mas é preciso comprar comida, pagar contas de água, luz, telefone, fazer reformas; A lista das necessidades parece não ter fim. Por isso, qualquer ajuda é sempre bem-vinda. As crianças assistidas ali têm entre 1 e 10 anos de idade. Até os 4, elas ficam separadas em um prédio. Chegam às 7h e vão embora somente às 18h. Fazem cinco refeições e tomam banho no local.

Dessa idade em diante, convivem em outro espaço, somente durante meio período, no contraturno dos estudos regulares. Mas também ganham almoço e lanche. Professoras ajudam os estudantes com o dever de casa. Ministram também oficinas de leitura e redação, para os maiores. Há somente um voluntário entre aqueles que trabalham na associação.

O perfil dos assistidos é parecido: são crianças em situação de vulnerabilidade social. Ou seja: estão constantemente sob a ameaça de envolvimento com drogas, muitas vezes estão expostos à violência doméstica ou vivem na pobreza. Os pais precisam trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Se não recebessem apoio da creche, os meninos e meninas hoje saudáveis e bem-alimentados provavelmente viveriam outra realidade.

Crianças da Associação Nossa Senhora Mãe dos HomensRecentemente, os mesmos fundadores da associação criaram uma extensão do projeto, um Centro Educativo Formativo, no Núcleo Bandeirante. Com uma diferença: ali serão atendidas pessoas com mais de 14 anos, com o objetivo de formação profissional e de alcançar sucesso no vestibular. De acordo com a diretora pedagógica da creche, Cynthia Araújo, manter cada uma das crianças na instituição custa, em média, R$ 300. ;É um custo alto, que só podemos bancar com a ajuda de parceiros e doações;, explicou a diretora.

SOLIDARIEDADE É O FUNDAMENTO MAIOR

Ainda em Samambaia, na QS 109, um outro exemplo de dedicação à comunidade faz a diferença. A Creche Semente de Luz (Seluz), mantida por um centro espírita, atende 90 meninos e meninas entre 1 ano e 6 meses e 4 anos. Gente muito pequena, que já aprendeu, por exemplo, a importância da organização e da disciplina.

Quando chegam à instituição, muitas vezes, as crianças não têm noção de que é preciso seguir horários. Ali aprendem a se organizar. ;Os pais ficam impressionados. Eles chegam em casa querendo ensinar. Dizem: ;Agora é hora do almoço. Não pode falar de boca cheia;. A gente se orgulha de formá-los para o bem;, relatou a diretora pedagógica da Seluz, Maria Valderez de Lima.

Na creche, o pedagógico e o social sempre andaram juntos. ;Começamos com apenas seis crianças. O lema é educar, cuidar e brincar;, explicou a coordenadora administrativa da Seluz, Antônia da Conceição de Oliveira. A maior parte das crianças sabe que estar na Seluz é a chance de ter um pouco de conforto e garantia de alimento todos os dias. ;Para alguns, o nosso último lanche é a última refeição do dia;, relatou Maria Valderez.

Manter o projeto custa dinheiro: é preciso remunerar 28 funcionários. Entre eles há professores, pedagogos, psicólogos e outros profissionais dedicados à educação e ao acompanhamento. A Sedest repassa mensalmente, por criança, R$ 168. A Secretaria de Educação, por sua vez, contribui com R$ 278.

Mas isso ainda não é suficiente. O governo não paga reformas e material permanente (como a mobília, por exemplo). Esse ano, o Correio Braziliense Solidário ajudou na expansão da creche. Com o novo espaço, mais crianças de várias idades poderão contar com o auxílio da Seluz.

COMO COLABORAR
Seluz: 3359-7888 e seluz@seluz.org.br
Associação Nossa Senhora Mãe dos Homens: 3359-5522.

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