postado em 18/12/2010 08:00
Há 20 anos, a Creche Caminho da Luz, na Candangolândia, faz milagres com o orçamento de instituição pública para oferecer serviço de qualidade a crianças carentes da cidade e região. São 95 pequenos de 1 a 3 anos de idade, moradores de áreas humildes da cidade candanga, da invasão do Núcleo Bandeirante, do Guará e de outras regiões ; incluindo famílias que fazem da rua sua moradia. O infantário também abrigava crianças de até 7 anos, mas a prática foi abandonada após a oficialização da obrigatoriedade da educação infantil a partir dos 4 anos de idade.Esses pequenos têm a oportunidade de viver uma realidade melhor por algumas horas ao dia graças ao trabalho da instituição, onde recebem atenção, educação e muito carinho. ;Elas vêm de lares que não podem chamar de lar. Algumas têm pais presos, e isso atinge muito a criança;, conta Maria Domingas Correia, diretora da creche. A cada ano, em média 20 novas crianças ingressam no infantário. Os funcionários procuram, no curto período de tempo que os pequenos passam no local, fazer o possível para aumentar as chances das crianças no ensino infantil. ;É muito gratificante ver o crescimento deles. Eles chegam pequenos e saem andando e falando. Em janeiro, começa tudo de novo;, orgulha-se a auxiliar de desenvolvimento infantil Hélia Cavalcante.
Procurando compensar a vida que as crianças levam em casa, a Caminho da Luz oferece todo o tipo de serviços para os pequenos alunos. Nas 11 horas diárias que passam na instituição, as crianças ganham cinco refeições, tomam banho, assistem às aulas e participam de atividades pedagógicas, além de se divertirem na brinquedoteca. Todas as atividades seguem um rigoroso cronograma, necessário para organizar a rotina da quase uma centena de crianças. Na hora do almoço, é possível ver alguns dos menores, que mal ensaiaram os pequenos passos, seguindo em fila indiana para o refeitório. Na volta para o local de descanso, cada um é responsável por tirar os próprios sapatos antes de cochilar.
Experiência
A monitora Cristiane Souza Freitas, 36 anos, confiou seu filho à Creche Caminho da Luz desde que começou a trabalhar na instituição, em 1995. Hoje, Guilherme tem 15 anos, e a mãe garante que a experiência no infantário contribuiu para o desenvolvimento intelectual e emocional do adolescente. ;Ele se lembra das ;tias; e ainda se encontra com algumas aqui;, conta a monitora. Mas Guilherme não foi o único que tirou proveito das horas passadas na creche: a mãe também admite ter mudado devido à convivência com os pequenos. Cristiane sempre se identificou com crianças, mas a princípio se espantou com a espontaneidade de alguns dos pequenos, que chegam a chamá-la de mãe. ;Já me acostumei. A gente chama de mãe quem a gente gosta, quem cuida da gente.;
Embora a Secretaria de Educação e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedest) banquem a manutenção da casa, a creche só consegue manter o alto nível do serviço graças a doações. O mobiliário e os presentes de fim de ano das crianças, por exemplo, são cedidos por empresas ou comprados com o dinheiro arrecadado pela instituição ; as mesinhas usadas para a refeições dos pequenos e o novo parquinho, por exemplo, foram doados este ano pelo Correio Solidário. Mas a creche ainda busca ajuda, principalmente de voluntários. Psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos e pedagogos são necessários para colaborar com o desenvolvimento das crianças.
COMO AJUDAR
Associação Caminho da Luz:
telefone 3301-6548.
A creche precisa de voluntários que possam oferecer serviços de fonoaudiologia, nutrição e pedagogia semanalmente ou mesmo semestralmente.