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Com importados, ceia de Natal deve ser mais farta e variada este ano

Queda no preço de produtos fabricados em outros países, graças ao dólar mais barato, favorece a compra de itens como bacalhau, azeite e frutas secas. Vinhos produzidos no Chile chegam a ter valor inferior aos nacionais

A ceia de Natal deve ser mais farta e variada este ano. Com o dólar oscilando entre R$ 1,65 e R$ 1,70, alguns itens de origem estrangeira como vinhos, bacalhau, azeite e frutas secas estão com preços menores. Para especialistas, os valores atraentes de produtos outrora mais caros farão com que muitas pessoas optem pelos importados para o cardápio natalino. Em estabelecimentos comerciais do Distrito Federal visitados pela reportagem, o barateamento é visível. Entre os destaques, estão os vinhos fabricados no exterior, que já atingiram patamar de custo inferior ao dos rótulos nacionais.

;Os produtos estão mais acessíveis em função do câmbio. Isso tem impulsionado o consumo de importados em geral, não apenas dos itens natalinos. Mas é claro que os artigos tradicionais de Natal são os que mais chamam a atenção nesta época;, afirma o economista Júlio Miragaya, presidente do Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrave). Para ele, não deve haver alteração do quadro no médio prazo, já que, apesar das medidas de contenção da valorização do real frente à moeda americana adotadas pelo Banco Central, a enxurrada de dólares no mercado continua mantendo a cotação em um patamar baixo.

O economista Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), reforça que a tendência é de que os importados sofram decréscimo nos preços. Entretanto, destaca que quem quiser economizar de fato nas compras da ceia de Natal deve pesquisar os valores em mais de um local. ;Apesar do dólar mais barato, é possível que os comerciantes optem por ampliar suas margens de lucro;, pondera ele. Piscitelli lembra, ainda, que é bom estar atento ao preço final da cesta. ;Para ficar mais acessível ao bolso, não adianta só um ou dois itens terem caído de preço;, afirma.

Nas ruas
No Mercado Municipal de Brasília, na 509 Sul, a queda no preço dos produtos importados fez o movimento crescer 20% este mês, segundo o proprietário, Jorge Ferreira. A expectativa dele é de que nesta semana que antecede a noite natalina as vendas aumentem ainda mais. ;Este é o Natal dos importados;, diz. A queda do dólar e a crise em alguns países da Europa baratearam, desde julho, os produtos que chegam ao Mercado Municipal, inaugurado em 2006. ;É o grande momento para quem nunca teve acesso a itens estrangeiros;, acrescenta Ferreira. A desvalorização da moeda americana e o consequente aumento das importações baixou os preços em alguns casos e impediu aumentos em outros.

O preço do quilo do filé de bacalhau no Mercado Municipal é o mesmo desde julho do ano passado: R$ 72,90. O litro de um azeite espanhol, sucesso na ceia natalina, caiu de R$ 12,90, no primeiro semestre, para R$ 9,90: diferença de 23%. Vinhos portugueses podem ser encontrados a R$ 19, contra R$ 26 de rótulos nacionais. O quilo do queijo grana padano italiano saiu de R$ 99 para R$ 85, variação de 14%. ;Os clientes estão atentos a essas comparações e apostam nos importados;, completa Ferreira.

Em anos anteriores, a professora Maurenir Martins, 60 anos, sempre ficou de olho nos produtos importados das prateleiras, mas raramente os colocava no carrinho. ;Os preços não eram tão convidativos;, justifica. Desta vez, os itens que vão estar sobre a mesa na noite do dia 24 já estão quase todos comprados, e a maioria foi produzida no exterior. ;Com os valores mais baixos e levando em conta a boa qualidade, optamos pelos importados;, conta, antes de destacar o ;bom preço; dos vinhos e do bacalhau.

O Grupo Pão de Açúcar aposta nos importados para elevar em 20% as vendas neste Natal. Boa parte dos 300 itens da marca francesa Casino ; sócia do grupo ; estão em local de destaque nas lojas. Com a queda do dólar, os valores estão menores ou muito parecidos em comparação com as opções nacionais. Vinhos chilenos a R$ 12,90, indicados por renomados sommeliers, por exemplo, estão mais baratos do que qualquer outro rótulo brasileiro.

Geléias e biscoitos franceses chegam a apresentar preços R$ 1 mais caros do que os concorrentes nacionais, mas em embalagens com maior quantidade. Um dos itens que mais caiu de preço foi o pacote com 250g de lichia, fruta originária da Ásia: saiu de R$ 13, no primeiro semestre, para R$ 5,69. Panetones italianos, que eram esperados este ano com preços mais salgados, mantiverem o patamar de R$ 59,90. A tamara, fruta típica da Índia, também não encareceu: o pacote de 250g custa R$ 4,79.

IOF maior
Em outubro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 4% para 6% sobre investimentos de estrangeiros em renda fixa. O governo também aumentou de 0,38% para 6% a alíquota do IOF cobrado sobre a margem de garantia dos investimentos estrangeiros no mercado futuro ; derivativos.