Cidades

É de Samambaia a creche da reportagem de hoje de série especial

postado em 19/12/2010 08:40
Sem a ajuda de voluntários e doações, a creche Associação Lar Mãe da Divina Graça, em Samambaia, não sobreviveria. A entidade funciona desde 2005 e, diferentemente de muitas outras, não recebe ajuda do governo por meio de convênios com a Secretaria de Educação ou com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Distribuição de Renda (Sedest). As freiras que mantêm a instituição alimentam, vestem e dão conforto e educação a 50 crianças carentes, com apoio da Paróquia Nossa Senhora Aparecida e da comunidade. Para dificultar ainda mais a vida de quem trabalha pela creche, o carro da casa, um VW Gol ano 1995, foi roubado no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). O veículo não tinha seguro e era essencial para o funcionamento da casa. Era usado, por exemplo, para fazer compras ou levar as crianças ao médico, em alguma emergência. Agora, as freiras vendem uma rifa, no valor de R$ 5, para comprar um carro novo. O prêmio para quem levar o bilhete é de R$ 2,5 mil. A vida no Lar da Mãe da Divina Graça é assim: um desafio diário. Há cinco anos, o local foi erguido, com dinheiro e serviço braçal da comunidade. Ainda hoje, o lugar conserva esse espírito de colaboração. O Correio Braziliense Solidário está entre os parceiros da instituição. Doou, esse ano, novos brinquedos, armários e reformou todas as mesinhas do refeitório. No próximo ano, a cozinha da creche será reformada. Ali, as crianças fazem quatro refeições, de segunda a sexta-feira. No total, oito funcionários trabalham na Mãe da Divina Graça. Entre 15 e 20 voluntários procuram ajudar, especialmente em eventos, como bazares e bingos beneficentes. Para se ter uma ideia da situação difícil enfrentada pela instituição, até os utensílios domésticos - como vasilhas e liquidificadores usados - podem se transformar em dinheiro para a compra de alimentos para crianças carentes. Doações A venda de outros objetos, como móveis e roupas usados, é importante para a manutenção da creche. Toda doação é bem-vinda, mas a diretora da casa, a freira Zulmira Luz, atenta para um detalhe: "As pessoas nem sempre têm a noção de que é preciso doar algo em bom estado, porque, do contrário, não conseguimos vender e transformar a boa ação em recurso. Se ganharmos uma TV que não funciona e é preciso R$ 200 para consertá-la, ficamos de mãos atadas". A creche, além do lado financeiro, é carente de doação de tempo. Se mais pessoas estivessem dispostas a ajudar, seria necessária menos mão de obra paga (na limpeza, na cozinha e em outros cuidados com os meninos e meninas). A faixa etária recebida ali é dos 2 aos 3 anos. A intenção era formar turmas de crianças com 4 anos também. Mas, por falta de dinheiro, isso não foi possível, e muitas precisaram ser dispensadas. Isso causa um problema na comunidade, pois os pais precisam trabalhar e não têm onde deixar os filhos. "Muitos pais acabam desistindo de Brasília, porque o aluguel é caro, por exemplo, e voltando para seus estados de origem. A rotatividade é grande aqui na creche", relatou a diretora.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação