Cidades

Mais de 2 mil meninos e meninas carentes do DF tiveram domingo inesquecível

Roberta Machado
postado em 20/12/2010 08:00
Tudo espantava as milhares de crianças: o palhaço colorido, a máquina fotógrafica, as brincadeiras e os lanches de um dia pleno de felicidade que antecipou o NatalQuase 2 mil crianças desembarcaram na manhã de ontem na maior festa do ano do Correio Braziliense Solidário. Os convidados de honra, trazidos em 50 ônibus, foram recebidos em um tapete vermelho por personagens de desenhos animados e lendas infantis. Extasiados, meninas e meninos não sabiam para que atração correr primeiro: se para o pula-pula, o futebol, a pintura de rosto, o trampolim, a piscina de bolinhas ou as muitas outras opções de entretenimento.

Vindas de 20 instituições de diversas comunidades carentes do Distrito Federal, os garotos e garotas receberam a atenção exclusiva de mais de 400 adultos responsáveis pela organização da festa. ;São crianças que estão acostumadas com violência. Quando elas saem do ônibus e são aplaudidas em um tapete vermelho, sabem que aquele é o momento delas, de serem respeitadas como crianças;, explica Nazareth Teixeira da Costa, presidente do Correio Solidário.

Durante todo o ano, a idealizadora do programa faz visitas às 18 instituições assistidas e fiscaliza como cada creche utiliza a ajuda financeira recebida. As crianças, aos poucos, ganham novos móveis, novas salas e uma nova perspectiva de futuro, além de, todo mês de dezembro, desfrutar da festa preparada somente para elas. ;Este é o dia em que posso dizer ;obrigada; ao ver a realização, onde eu posso ver no olhar de cada criança o que fizemos durante o ano;, relata Nazareth.

Entre as novidades desta edição, um grande sucesso foi a presença de personagens de histórias infantis que distribuíam doces e recebiam o carinho da criançada ; enquanto os meninos empunhavam espadas de balões para desafiar super-heróis, as meninas entravam sob as saias das princesas e andavam de mãos dadas com fadas. O tradicional sanduíche do lanche foi substituído por pizza preparada na hora. Foram necessárias 500 fornadas e dez pessoas preparando e assando em ritmo acelerado para alimentar os pequenos. Depois de lanchar, as crianças foram levadas à frente do palco para acompanhar a apresentação de um grupo de palhaços que chamavam todos para dançar.

;Alucinados;
Todo o complexo de diversão foi novidade para a maioria das crianças, acostumadas com a rotina e com as dimensões muitas vezes humildes das creches onde passam os dias. ;Eles ficam alucinados com os brinquedos e os personagens. Aqui é tudo diferente para eles, pois agora têm a oportunidade de brincar com mais autonomia;, relata Maria Valderez de Lima, diretora pedagógica da creche espírita Sementinha de Luz.

Mesmo grupos maiores que a turma de 15 crianças conduzida por Maria se espantavam com a grandiosidade das instalações. Os 200 alunos das quatro unidades do Centro Comunitário da Criança, da Ceilândia Norte, sumiam no mar de pequenos que corriam de um brinquedo para outro. ;Eles esperam o ano todo pela festa. É bom, porque eles têm uma interação com crianças diferentes;, avalia Ellyanna Morais Andrade, professora do centro.

Ao final da festa, os pequenos receberam o mimo mais esperado: Papai Noel chegou ao meio-dia, trazendo centenas de presentes. Uma a uma, as crianças subiram ao palco para conhecer de perto o bom velhinho e ganhar um brinquedo. Renata Ribeiro, 5 anos, abriu um grande sorriso ao ser a primeira a dar um abraço no homem de vermelho depois de tanta espera. ;Não era o Papai Noel, mas parecia muito. A barba dele era grande;, contou a menina, abraçada ao pacote que recebera.

Antes mesmo de subir aos ônibus que os levariam de volta para casa, a maioria das crianças puxava e rasgava os embrulhos, como que para ter certeza de que eles estavam lá, de que a manhã havia sido real. ;Também vou brincar muito com meu caminhão em casa, vou até colocar areia nele com uma pá;, planejava Alan Gabriel Rocha, 6 anos, enquanto comparava o carrinho com os dos amigos.

Ação voluntária
A coordenadora da festa, Andréa Nalini, garante que o sucesso das festas do Correio Braziliense Solidário é resultado de uma verdadeira operação de guerra. Somente para a decoração, foram necessários quatro dias. Os planos para a comemoração tiveram início há três meses, mas não terminaram após a festa. A gerente de relacionamento da presidência dos Diários Associados no DF afirma que, logo depois da partida da última criança começam os preparativos para a próxima edição. ;A gente sempre está anotando o que pode melhorar no ano que vem, é uma avaliação constante, o intuito é sempre melhorar;, explica Andréa.

Os homens e mulheres de camisetas alaranjadas que cuidavam do transporte, da alimentação, dos brinquedos e das atividades pedagógicas da festa indicavam que tanta alegria somente foi possível pela ajuda dessas pessoas. Foram 200 voluntários divididos em 12 equipes, que trabalharam desde a madrugada de domingo para manter a comemoração a todo vapor. ;A impressão que dá é que todos vêm com grande alegria, por isso esse resultado magnífico. É uma demonstração de que o programa tem sido bem aceito;, avaliou Álvaro Teixeira da Costa, diretor-presidente dos Diários Associados.


Ao acompanhar os pequenos ao longo da manhã, os voluntários conquistam rapidamente o carinho dos pequenos, e tornam-se tios, professores e confidentes dos meninos e meninas. ;É muito forte o envolvimento. Ouvimos histórias como um momento de desabafo, algumas abraçam a gente, ou falam de histórias envolvendo o aspecto familiar;, conta Francisco Viana, 47 anos, um dos voluntários da festa e superintendente da área financeira dos Diários Associados. Assim como Francisco, Carmela Marques, superintendente de gestão de pessoas da empresa, participa da festa desde a primeira edição. Durante o domingo, ela vestiu a camiseta do programa e passou horas ajudando os pequenos a colocar em papel e tinta a vida que vivem e os sonhos que cultivam. ;É emocionante ver como as crianças se manifestam. Elas são muito afetivas, só por isso a festa já vale a pena;, emociona-se a voluntária.

Apoio financeiro
O Correio Braziliense Solidário apoia financeiramente 18 instituições carentes do Distrito Federal. A organização, promovida pela direção do Correio Braziliense, capta recursos por meio de eventos como o Feijão Solidário e o Arraial Solidário para pagar reformas e compra de mobiliário para as entidades. Até este ano, o Correio Solidário ajudava exclusivamente creches que atendem a crianças de até 6 anos, mas agora um lar de idosos também faz parte da lista.

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