Cidades

Mais espaço para o Partido dos Trabalhadores no 1º escalão do governo

Depois do mal-estar com integrantes de seu partido, Agnelo Queiroz acomoda colegas de diferentes tendências, mas busca espaço para correntes da legenda ainda não contempladas na futura administração

Ana Maria Campos
postado em 22/12/2010 08:00
Chico Vigilante, da Articulação, criticou as escolhas de Agnelo: comtemplado com fatia cobiçada do GDFNa escolha dos novos integrantes do primeiro escalão, o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) fez as pazes com a Articulação, uma das principais tendências do PT. Membro da corrente, o ex-presidente da Fundação Banco do Brasil Jacques Pena vai participar do núcleo de decisões como chefe da Casa Civil. Terá como atribuição a coordenação dos atos administrativos e a integração do trabalho dos secretários. Vai atuar ao lado do secretário de Governo já anunciado, o deputado federal eleito Paulo Tadeu, outro petista no centro do poder do Palácio do Buriti, responsável pelas negociações políticas e pelo relacionamento institucional com a Câmara Legislativa, o Tribunal de Contas do DF, o governo federal e o Ministério Público.

A Articulação conquistou ainda outros cargos no governo Agnelo. Os futuros secretários da Juventude, Fernando Nascimento Silva Neto, e de Administração, Denílson Bento da Costa, pertencem à corrente. Um dos críticos da composição do governo Agnelo, o deputado distrital eleito Chico Vigilante, porta-voz de insatisfações da Articulação, acabou conquistando uma fatia cobiçada do governo. Ele indicou um amigo para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o empresário José Moacir de Sousa Vieira, dono da Maranata, uma das maiores redes de materiais para construção do DF, que colaborou com as campanhas de Vigilante e de Agnelo na Ceilândia.

O governador eleito contemplou também uma outra importante corrente de seu partido, a Movimento PT. O principal líder dessa tendência, o deputado federal reeleito Geraldo Magela, assumirá a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação. Com o convite, Agnelo mostra que quer trabalhar com o adversário que enfrentou na fase pré-eleitoral. Eles disputaram durante quase dois anos a indicação do PT pela candidatura ao Governo do Distrito Federal. O embate foi encerrado nas prévias com a vitória apertada de Agnelo. Um dos principais aliados de Magela no partido, o suplente de deputado distrital do partido Dirsomar Chaves, que também integra a corrente Movimento PT, foi escolhido para a futura Secretaria de Micro e Pequena Empresa e Economia Solidária.

Até o momento, dos 26 secretários já anunciados oito são filiados ao PT. Devem entrar nessa cota petista também os nomes indicados pelo próprio governador eleito e por parlamentares da legenda. Nesse caso, a parte que cabe à legenda chega a 16 e deve aumentar. Provável presidente da Câmara Legislativa, o deputado distrital reeleito Cabo Patrício indicou o tenente-coronel da polícia militar Agrício da Silva, atual comandante do 21; Batalhão de São Sebastião, para a Secretaria de Ordem Pública e Social. A corrente Mensagem ao Partido, de Paulo Tadeu, conquistou também posições importantes. A deputada distrital eleita Arlete Sampaio será a secretária de Desenvolvimento Social e Hamilton Pereira, também conhecido como Pedro Tierra, é o futuro secretário de Cultura, cargo que exerceu no governo de Cristovam Buarque (1995-1998).

Embora tenha resolvido muitos problemas ontem, Agnelo Queiroz precisa ainda contemplar algumas correntes petistas que não puderam indicar ninguém. É o caso, por exemplo, da CNB (Construindo um Novo Brasil) que seria atendida com a nomeação do ex-presidente do PT-DF Vilmar Lacerda para a Secretaria de Relações Institucionais. A pasta foi renomeada. Passa a se chamar Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos e foi entregue ao candidato ao GDF pelo PSL, Newton Lins, que, durante todo o primeiro turno da campanha eleitoral, pregou o voto contra o vermelho, do PT, e o azul, de Roriz. Também está fora do poder a Avança PT, do ex-deputado distrital Chico Floresta, que pleiteava a Secretaria de Meio Ambiente.

Outro petista cotado para assumir cargo estratégico é Abimael Nunes. Ele deverá coordenar a área de publicidade do governo que toma posse em 1; de janeiro. Os titulares das secretarias de Planejamento e de Transparência deverão ser importados da administração de Lula, respectivamente do Tesouro Nacional e da Controladoria-Geral da União (CGU). A Secretaria de Esporte, que deveria ser destinada ao PCdoB, deverá ficar na cota do PRB. Um dos nomes cotados é o atleta Lars Grael, amigo de Agnelo Queiroz. Apolinário Rebelo, que pleiteava a indicação, deverá ficar com outro cargo ainda a ser definido.

Primeira missão
Com o papel de atuar na coordenação política, o futuro secretário de Governo, Paulo Tadeu, afirma que uma de suas principais missões será procurar o senador Cristovam Buarque (PDT) para tentar recuperar a parceria dele com o governo de Agnelo Queiroz, abalada porque o pedetista se considerou alijado do processo de escolha da nova secretária de Educação, Regina Vinhaes Gracindo. ;O Cristovam é muito importante para o nosso governo;, afirma Paulo Tadeu.

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