postado em 31/12/2010 08:16
Com a interdição da BR-060, por conta da abertura de uma cratera com 40 metros de extensão, 10 metros de largura e 40 metros de profundidade, o trânsito nas principais saídas do Distrito Federal em direção a Goiânia se complica. Às vésperas das comemorações de ano-novo, os motoristas que quiserem fazer o trajeto enfrentarão um fluxo pesado de veículo nas rodovias alternativas de acesso à capital goiana e às cidades vizinhas. As equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) preveem que os dois desvios fiquem prontos até o fim de semana. A possibilidade de conclusão até hoje foi descartada, se as chuvas persistirem na região.A barreira que impede os condutores de seguir viagem fica na altura de Santo Antônio do Descoberto (GO), a 42km de distância da cratera. Morador do município, o empresário Ricardo Oliveira, 25 anos, descobriu que precisaria sair mais cedo para encontrar os familiares com quem deseja dar as boas-vindas a 2011, em Rio Verde (GO). Para chegar ao local, conforme o planejado, antes do almoço, ele calculou que precisaria acordar de madrugada. ;A volta vai ser grande. A pista é de mão dupla e tem mais riscos de acidentes;, diz.
Em vez de usar a BR-060, Ricardo e os demais motoristas das redondezas com destino a Goiânia e às proximidades terão de encarar a BR-070, em Águas Lindas, ou a BR-040, em Luziânia (veja arte). O inspetor Lucas Barbosa, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), explica que é preciso atenção redobrada ao volante. ;Com uma saída da cidade a menos, os perigos aumentam. As pessoas devem evitar as estradas à noite e aproveitar o horário de verão para dirigir até mais tarde;, recomenda.
A interdição da BR-060 não oferece riscos nem prejudica somente as pessoas à procura de um descanso fora de Brasília. O caminhoneiro Divino de Moura, 50 anos, faz o transporte de cenouras do DF para Anápolis todas as semanas e, pela primeira vez, andou na rodovia de Águas Lindas. ;Já avisei aos chefes da empresa que a viagem, agora, dura uma hora a mais. Falam que a distância é pouca, mas o trânsito está bem mais intenso e é mais difícil fazer ultrapassagens;, reclama.
Grande parte dos lucros dos empresários de Alexânia, distante 8 km da cratera, depende do movimento de veículos que passam pela rodovia. A prefeita do município, Maria Aparecida Gomes Lima, conhecida como Cida do Gelo, explica que as barreiras na cidade prejudicaram o andamento de vários setores da economia local. ;O comércio depende de Brasília, Goiânia e regiões vizinhas. A cratera paralisou tudo. Os vendedores se prepararam para o maior movimento do fim do ano e acabaram surpreendidos pelo imprevisto;, lamenta.
Desmoronamento
O desfiladeiro que se abriu no asfalto pode desmoronar ainda mais. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, calcula que as rachaduras caiam em decorrência das chuvas e as dimensões do barranco ainda aumentem em até 30 metros. O resultado da sondagem dos estragos na pista fica pronto na próxima terça-feira. Com a análise, os técnicos começarão a restauração da pista, prevista para terminar em seis meses. As obras custarão entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões.
Durante os 180 dias em que a equipe trabalhará na recuperação da pista, os motoristas atravessarão a rodovia por dois desvios. Para quem vai de Brasília a Goiânia, serão 150 metros de uma pista improvisada na área verde que margeia a cratera. No sentido oposto, os motoristas passarão por um trecho de 2 km da antiga BR-060 que será revitalizado para o trânsito de carros e caminhões. As construções começaram na última quarta-feira e, segundo Pagot, deveriam ser entregues hoje, mas a chuva frustrou as previsões.
A presença de uma mina d;água encharcou o subsolo do Km 24 da BR-060 e provocou os deslizamentos. Pagot não acredita em erros na construção da rodovia, como a falta de drenagem hídrica, tenham contribuído com a abertura do buraco. ;Na época da construção, a quantidade de habitantes era menor. A presença de chacareiros ou as mudanças inerentes à natureza podem ter ocasionado o aparecimento de olhos d;água na superfície;, ressalta.
Rachaduras na BR-070
; A duplicação da estrada de acesso a Águas Lindas de Goiás começa a apresentar rachaduras que podem acabar como as que causaram a outra cratera. A BR-070 está em obras e, logo no viaduto de entrada no município goiana, o asfalto começou a ceder. A empresa responsável tem até março para entregar o serviço e tapou ontem as fendas. De acordo com o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, é normal que as imperfeições apareçam durante as obras por conta da acomodação do solo. ;O monitoramento da região é feito há dois meses e, eventualmente, abrem alguns centímetros. Mas o canteiro está só a 500 metros de distância e as equipes fazem todos os reparos necessários;, explica.
120 mil deixam o DF
Às vésperas da chegada do novo ano, os brasilienses que só tiveram folga na última hora se preparam para passar o réveillon fora do Distrito Federal. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 120 mil veículos devem deixar a cidade. Mas, com a cerimônia de posse da presidente eleita Dilma Rousseff, muitos carros e ônibus farão o caminho inverso, lotados de pessoas interessadas em participar das comemorações na Esplanada dos Ministérios.
Com as barreiras na BR-060, as comitivas que vêm da Região Norte e de estados como Tocantins e Maranhão terão dificuldade para chegar ao Planalto Central. De acordo com o Dnit, cerca de 60 mil automóveis atravessam a estrada por dia. O inspetor Lucas Barbosa, da PRF, afirma que, como será necessário usar as rotas alternativas, os engarrafamentos podem surgir. ;O pico de entrada e saída nas rodovias deve ser pela tarde (de hoje) e é o horário em que os motoristas precisarão de mais cuidados;, afirma.
Na saída do Valparaíso, pela BR-040, em direção a Belo Horizonte e à Região Sudeste do país, o fluxo de condutores deve crescer de 20 mil para 45 mil por dia. Mais de 35 mil veículos devem deixar o DF por Ceilândia, na BR-070, contra o fluxo normal de 15 mil motoristas por dia.
De olho no movimento de carros dentro da cidade, que também fica maior no fim do ano, o Departamento de Trânsito não deixará de lado a fiscalização da lei seca. Para flagrar os condutores que ainda insistam em combinar álcool e direção, 36 agentes do órgão intensificarão as blitzes em toda a cidade. Hoje a amanhã, 18 equipes se espalharão em pontos estratégicos da capital. Além de autuar os motoristas que não passarem no teste do bafômetro, os fiscais orientarão o restante das pessoas que passarem pelas blitzes.