postado em 05/01/2011 08:00
O governador Agnelo Queiroz dará posse hoje ao novo secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. O delegado da Polícia Federal Daniel Lorenz de Azevedo assume o cargo e passará a ter sob seu comando direto as duas polícias. Atualmente, o diretor da Polícia Civil e o comandante da Polícia Militar se reportam diretamente ao chefe do Executivo. O objetivo é dar maior poder ao secretário de Segurança. A cerimônia está marcada para as 15h, no Tribunal de Justiça do DF e Territórios.A mudança, no entanto, deve encontrar resistência dentro das duas corporações do DF, acostumadas com o acesso direto ao gabinete do governador. Mas o objetivo é justamente dar mais força ao cargo de secretário, a quem caberá desenvolver uma política de segurança unificada para todas as cidades do Distrito Federal. Hoje, as polícias Civil e Militar muitas vezes não atuam de forma integrada. Um dos focos dessa política será o combate ao tráfico de drogas, que avança na capital federal. A própria escolha da Lorenz, especializado em combate ao tráfico e ao crime organizado, está relacionada a essa prioridade.
A mudança no perfil do cargo também ajudou na vinda de Lorenz para o DF ; o delegado estava servindo pela PF na Colômbia. Depois de eleito, Agnelo fez consultas ao então ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e ao então diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Foram apresentados três nomes ligados à PF, e o petista optou por Lorenz. Um dos atrativos para o delegado aceitar o convite foi justamente o fortalecimento da função.
Especializado em combate ao narcotráfico e ao crime organizado, o novo secretário atuava como adido da PF em Bogotá, capital colombiana. Antes, ele ocupou pelo menos outros três cargos na Polícia Federal: superintendente da corporação em Mato Grosso; chefe do Comando de Operações Táticas (COT) e diretor de Inteligência, ambos em Brasília.
É a segunda vez que um delegado da PF assume a Segurança Pública no DF. Durante o governo de José Roberto Arruda, Valmir Lemos comandou a pasta entre 2008 e 2009. Na chefia da secretaria, Lorenz atuará com Mailine Alvarenga, que assumiu a direção da Polícia Civil, e com o coronel Paulo Roberto Witt Rosback, que já responde pelo comando da Polícia Militar ; a cerimônia de passagem do cargo da PM, no entanto, só será realizada na próxima terça-feira. Os dois foram nomeados com o aval de Lorenz.
Rio de Janeiro
A nova filosofia implementada por Agnelo segue os moldes da política de segurança adotada pelo Estado do Rio de Janeiro. Lá, o secretário de Segurança Pública, delegado federal José Mariano Beltrame, assumiu o comando das polícias Civil e Militar, contrariando um antigo esquema ocorrido até o governo de Rosinha Garotinho, quando as forças estavam centralizadas em uma secretaria, mas trabalhavam de forma independente.
O ex-diretor da Polícia Civil fluminense Álvaro Lins praticamente não respondia a seu então superior, o coronel da reserva Josias Quintal, com quem brigou posteriormente. Quintal foi substituído na Secretaria de Segurança do Rio por Anthony Garotinho, marido de Rosinha. Agora, Beltrame tem vários outros diretores e subsecretários, mas todos obedecem a um só comando, assim como o comandante da PM, que é subordinado ao secretário de Segurança.
Perfis
Daniel Lorenz de Azevedo
Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
Delegado da Polícia Federal especializado em combate ao narcotráfico, atuava como adido da corporação em
Bogotá, Colômbia. Foi superintendente da PF em Mato Grosso e coordenou a Operação Sanguessuga, que desvendou a Máfia das Ambulâncias.
Mailine Alvarenga
Diretora-geral da Polícia Civil do DF
Era titular da Delegacia de Capturas e Polícia Interestadual e já esteve à frente da Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA). Ela está na corporação há mais de 20 anos. A escolha foi feita pelo próprio governador, com a aprovação de Daniel Lorenz.
Paulo Roberto Witt Rosback
Comandante-geral da Polícia Militar do DF
O coronel trabalhava atualmente na área de inteligência da PMDF, mas já comandou diversos batalhões da corporação, como o de Planaltina, o do Gama, o de Sobradinho e o Escolar. Também atuou na equipe de segurança do ex-governador do DF Cristovam Buarque e na de Agnelo durante a campanha eleitoral.
Delegados exonerados
; Luiz Calcagno
Ao exonerar funcionários comissionados do Governo do Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz (PT) acabou atingindo delegados-chefes e adjuntos, coordenadores e diretores de departamentos da Polícia Civil (PCDF). O decreto, um dos primeiros assinados por Agnelo como governador, ainda no último dia 1;, incluiu nas exonerações cerca de 800 servidores e desestruturou a hierarquia policial em diversas unidades policiais. O golpe, no entanto, não teria sido proposital nem uma preparação para a dança das cadeiras com a mudança de gestão. A direção da corporação pediu ontem que o GDF excluísse da norma publicada no Diário Oficial do DF (DODF) os cargos de natureza especial, em comissões e ocupantes de funções de confiança, o que resolveria o problema. Apesar do abalo, o atendimento nas delegacias segue normalmente.
Na redação do documento, o governador excluiu apenas titulares de cargos da Coordenadoria do Diário Oficial, da Procuradoria-Geral do DF ou que estejam ;em gozo de licença-maternidade, auxílio-doença ou licença para tratar da própria saúde;. ;O decreto, talvez, não tenha alcançado o objetivo que pretendia, de atingir os cargos em comissão que não têm vínculo com o Estado. Mas aplaudimos a linha de enxugamento da máquina pública seguida pelo governo;, afirmou o diretor do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo-DF), Benito Tiezzi.
Como os delegados são servidores concursados, continuam a trabalhar na delegacia, mas oficialmente não têm mais a função de chefia. De acordo com o texto do decreto, quem assume o cargo é o servidor mais antigo na unidade ;entre aqueles de cargo para o qual se exige maior escolaridade;. A regra garante que delegacias e departamentos não parem de funcionar, mesmo com a hierarquia comprometida. Para Tiezzi, no entanto, o trabalho fica mais difícil nessas condições. ;É necessário que tenhamos uma chefia estabelecida para que a polícia ; calcada em um sistema hierárquico ; opere;, disse o sindicalista.
O Sindepo acionou a direção da Polícia Civil pedindo que a corporação se ajustasse como exceção no decreto. Tiezzi também falou sobre implicações da exoneração no trabalho: ;Ninguém vai parar por conta disso, mas os entraves ocorrem. Quem é o corregedor, caso haja um problema? Nenhum policial vai deixar de cumprir sua missão. Em tese, só o delegado-chefe pode instaurar inquérito por portaria, mas quem é ele?;.
Novo secretário de Segurança Pública, Daniel Lorenz enviou minuta para o governador pedindo para retirar a Polícia Civil do decreto. Segundo fontes do GDF, o governo também teria acenado no sentido de retificar o decreto em breve. Segundo o diretor de Comunicação da Polícia Civil, Marco César Sousa, a corporação espera a regularização. ;Com a alteração, tudo voltará ao normal;, afirmou.
Expediente
O Distrito Federal conta atualmente com 31 delegacias circunscricionais. O Correio esteve ontem na 4; DP (Guará) e na 12; DP (Taguatinga Centro). Jeferson Lisboa, que ocupava o cargo de delegado-chefe da unidade do Guará, garantiu à reportagem que os trabalhos não se alteraram com o decreto. ;No nosso caso, também sou o mais antigo da unidade, então, mesmo com a exoneração, tudo se manteve como antes;, explicou.
A delegada Vera Lúcia da Silva, chefe da 12; DP (Taguatinga Centro) até 1; de janeiro deste ano, pelo menos, também assegurou que tudo correu normalmente. ;O decreto não influenciou em nada. Continuo como chefe da DP mesmo não sendo a funcionária mais antiga;, disse.
"No nosso caso, também sou o mais antigo da unidade, então, mesmo com a exoneração, tudo se manteve como antes;
Jeferson Lisboa, delegado-chefe da 4; DP (Guará)
Jeferson Lisboa, delegado-chefe da 4; DP (Guará)