Cidades

Governador começa a escolher os chefes das empresas públicas do DF

Alguns cargos ainda estão sendo disputados entre os aliados

Ana Maria Campos
postado em 05/01/2011 07:53
Enquanto toma as primeiras medidas, Agnelo Queiroz (PT) define as indicações para as empresas públicas do Distrito Federal, a parte operacional do Governo do Distrito Federal. Um dos nomes já escolhidos, porém ainda não anunciados, é o do futuro presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Secretário de Obras e Infraestrutura do governo de Maria de Lourdes Abadia (PSDB), Maurício Canovas deverá assumir o braço de obras da administração petista. Segundo homem no Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Seduma) da gestão de José Roberto Arruda, Danilo Aucélio será o secretário-adjunto de Obras.

Agnelo discute ainda nomes para a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), onde o senador Gim Argello (PTB-DF) tinha muita força no governo de Rogério Rosso (PMDB). Era comum ver o petebista orientar Dalmo Costa, presidente da empresa que administra e negocia todas as terras públicas do Distrito Federal. Ele não terá mais esse privilégio. Um dos nomes sugeridos por Geraldo Magela, secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, é o da ex-deputada distrital Lúcia Carvalho (PT). Ela exerceu o cargo de superintendente do Patrimônio da União (SPU) no governo Lula, mas essa indicação não é consenso no partido.

Com o crescimento do PMDB e de Tadeu Filippelli na estrutura administrativa, petistas têm buscado mais espaço. O ex-deputado distrital Batista das Cooperativas (PRP) busca apoio no PT para tentar emplacar seu ex-chefe de gabinete na Câmara Legislativa, Paulo Valério, filiado ao partido de Agnelo, na Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab). No governo Arruda, Batista dividia com Paulo Roriz (DEM) a influência no órgão que está sob investigação no Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) por irregularidades na negociação de lotes de programas habitacionais e na formação de cooperativas.

Um dos órgãos mais disputados é o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), que coordena os contratos de coleta de lixo na capital do país. Trata-se de um cargo importante para um governo que prega a moralização. O Ministério Público Federal apura irregularidades nos contratos, inclusive com a suposta participação do ex-procurador-geral de Justiça do DF Leonardo Bandarra e da promotora Deborah Guerner. Ex-diretores do SLU foram condenados por corrupção e improbidade administrativa. O negócio consumiu, de 2007 a 2009, mais de R$ 500 milhões. Muitos dos contratos, inclusive, são mantidos sem licitação, em caráter emergencial.

O ex-deputado distrital Chico Floresta (PT) é um dos cotados para o cargo, mas é possível que Agnelo leve em conta uma indicação de seu chefe de gabinete, Cláudio Monteiro. Ele era citado como provável secretário de Meio Ambiente, mas perdeu a disputa para Eduardo Brandão, candidato do PV ao Governo do Distrito Federal, designado para a função. Filiado ao PV, Eduardo Zaratz ; que substituiu José Geraldo Maciel na chefia da Casa Civil do DF depois do escândalo da Operação Caixa de Pandora até deixar o GDF para concorrer a um mandato de distrital ; será o adjunto de Brandão. O partido deve indicar também o presidente do Instituto de Meio Ambiente (Ibram), mas dificilmente Gustavo Souto Maior, que comandou o órgão no governo Arruda, permanecerá. Embora seja filiado ao PV, ele não tem uma boa relação com Brandão.


UnB marca presença no 1; escalão do GDF
; JULIANA BOECHAT


Um terço dos secretários escolhidos por Agnelo Queiroz (PT) exibe no currículo uma passagem pela Universidade de Brasília (UnB), única instituição de ensino superior pública do Distrito Federal. Ao nomear a equipe, o governador tentou conciliar a vontade dos partidos aliados com o conhecimento técnico dos chefes das pastas. As duas mulheres responsáveis pelas secretarias de Educação e da Mulher, Regina Vinhaes Gracindo e Olgamir Amância Ferreira, investiram no conhecimento acadêmico com mestrado e doutorado. Alguns políticos, no entanto, tiveram passagens relâmpago pela instituição. O mandato do petista contará, ao todo, com 31 secretarias ; 11 a mais que o governo anterior.

Alguns secretários chegaram a dar aula na UnB. Em 1970, Regina Gracindo graduou-se em pedagogia e, garantiu o título de mestre em educação em 1982. Até hoje, ela mantém o vínculo com a Faculdade de Educação, tendo ocupado inclusive a diretora da unidade. O secretário da Criança, Dioclécio Campos Júnior, ministra aulas na Faculdade de Medicina. A responsável pela pasta de Ação Social, Arlete Sampaio, formou-se em medicina em 1977 na universidade. Deputado federal licenciado e secretário de Governo de Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu transitou, até recentemente, pelos corredores do câmpus. No ano passado, ele concluiu o curso de arquivologia. Alírio Neto, nomeado para a Secretaria da Justiça, Direiros Humanos e Cidadania, concluiu em 1997 a pós-graduação em marketing político.

Além dos secretários, o procurador-geral do Distrito Federal, Rogério Leite Chaves, e o chefe da Casa Civil, Jacques Pena, também tem formação na universidade. Servidor do Banco do Brasil, Pena ingressou na instituição em 1979, quando foi transferido de Minas Gerais para Brasília. Ele cursou boa parte do curso de administração, mas abandonou a disciplina antes da formatura para graduar-se em história. ;Sempre gostei de administração e apliquei nas atividades que exerci no Sindicato dos Bancários e na Fundação Banco do Brasil;, explica. Além de usar o aprendizado no novo cargo do governo petista, Pena acredita que utilizará a bagagem política adquirida na UnB. ;Tive um aprendizado político lá, útil para qualquer área do governo;, avaliou. Estudar em universidades públicas é tradição na família do chefe da Casa Civil. Além das irmãs, as duas filhas ingressaram na instituição.

O secretário de Assuntos Estratégicos de Agnelo, Newton Lins (PSL), cursou engenharia florestal e iniciou o curso de direito na UnB, que acabou concluído em uma instituição particular. Desde o início da vida estudantil, Lins se dedicou aos movimentos sociais. Posteriormente, atuou na área ambiental e jurídica. Atualmente, ocupa o cargo de presidente do PSL no DF. ;Direito é um ramo que nos propicia a mais ampla gama de oportunidades. Todo mundo deveria ter noções de direito para usar no dia a dia;, avalia. Concorrente de Agnelo na campanha e agora aliado, Newton Lins se lembra com saudosismo dos tempos de UnB. ;Era bastante diferente. Tive muitos professores estrangeiros que incentivavam o debate. Éramos felizes ao mesmo tempo que temíamos a repressão.;

Apesar de problemas estruturais e das frequentes greves, estudar na UnB ainda é o sonho de muita gente. Alunos de escolas públicas e particulares investem alto para driblar a alta concorrência e as poucas vagas oferecidas a cada semestre. O reitor da instituição, José Geraldo Júnior, acredita que o reconhecimento se deve à consolidação da instituição e ao ;fiel projeto de formar com qualidade;. ;A UnB ainda é referência em Brasília. Sinto isso andando pelo Brasil e pelo Distrito Federal. A instituição se expandiu e assumiu suas novas responsabilidades com novos câmpus. As pessoas têm orgulho de estudar aqui;, concluiu.

Governo federal
A Universidade de Brasília também compõe o currículo de políticos locados no governo federal. Em 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu pela segunda vez, Jorge Hage assumiu a Controladoria-Geral da União (CGU). Formado em direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o político cursou mestrado em administração pública na University of Southern California (EUA) e direito público na Universidade de Brasília. Hage foi mantido na função pela presidente Dilma Rousseff. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que também foi confirmado por Dilma no cargo que ocupava na última gestão, não frequentou aulas na instituição, mas durante alguns anos foi professor-adjunto da Faculdade de Direito. Jobim já ocupou uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

Ao assumir o Palácio do Planalto, no último dia 1;, a presidente também selecionou para o alto escalão do governo pessoas que passaram pela UnB. Helena Chagas assumiu a Secretaria de Comunicação com status de ministra. Ela estudou na Faculdade de Comunicação de 1979 a 1982. Alexandre Tombini, escolhido para ficar à frente do Banco Central, concluiu, em 1984, graduação em economia na universidade. Outra mulher a ocupar um cargo importante na equipe de Dilma, Izabella Teixeira, chefe da pasta do Meio Ambiente, concluiu o bacharelado em ciências biológicas em 1983 e garantiu a licenciatura em 1988.


Galeria de ex-alunos da Universidade de Brasília

Paulo Tadeu, secretário de Governo
; Em 2010, concluiu a graduação em arquivologia na Universidade de Brasília. Servidor licenciado da Companhia Energética de Brasília (CEB), foi eleito deputado federal ano passado.

Arlete Sampaio, secretária de Ação Social
; Formou-se em medicina na UnB em 1977. Foi deputada distrital por dois mandatos e vice-governadora de 1995 a 1998. Atuou ainda como secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social.

Gastão Ramos, secretário de Ciência e Tecnologia
; Formado em engenharia mecânica pela UnB em 1979, foi candidato a deputado federal pelo PSB na última eleição. Concorreu ao cargo de vice-governador pelo PV, em 2006.

Alírio Neto, secretário da Justiça, Diretos Humanos e Cidadania
; Concluiu em 1997 a pós-graduação em marketing político pela UnB. Completou três mandatos como deputado distrital e conquistou a reeleição em outubro.

Jacques Pena, chefe da Casa Civil
; Cursou história e administração de empresas na universidade. Afastou-se do cargo de presidente da Fundação do Banco do Brasil para coordenar a campanha de Dilma Rousseff. Foi administrador de Samambaia no governo de Cristovam Buarque e presidente do Sindicato dos Bancários do DF.

Newton Lins, secretário de Assuntos Estratégicos
; Advogado, é formado em engenharia florestal pela Universidade de Brasília. É o atual presidente do PSL no DF

Olgamir Amância Ferreira, secretária da Mulher
; Cursou mestrado na UnB, em 2002, e doutorado em educação, em 2009.

Dioclécio Campos Júnior, secretário da Criança
; Leciona na Faculdade de Medicina

Regina Vinhaes Gracindo, secretária de Educação
; Graduou-se em pedagogia na Universidade de Brasília em 1970 e fez mestrado em 1982. Ministra aulas na Faculdade de Educação e já foi diretora da unidade.

Rogério Leite Chaves, procurador-geral do DF
; Formado em direito pela UnB.

Lúcio Taveira Valadão, secretário da Agricultura
; Engenheiro agrônomo formado pela UnB em 1980, Lúcio também é mestre em irrigação e drenagem pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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