Cidades

Proposta é polícia perto da comunidade para dar resposta rápida à população

Juliana Boechat
postado em 06/01/2011 08:00
Delegado da PF, Daniel Lorenz (D) sucede João Monteiro Neto (E) na secretaria: polícias Civil e Militar sob comando integradoA segurança que se quer para o Distrito Federal atua de forma integrada, coordenada e mais próxima da comunidade. O recado foi dado ontem pelo novo secretário de Segurança Pública, o delegado de Polícia Federal Daniel Lorenz, durante o discurso de posse. O governador Agnelo Queiroz (PT) endossou as palavras de Lorenz, reforçando que a área será tratada como uma questão central do governo e que as melhorias virão com a integração das instituições policiais, além de investimento em tecnologia, infraestrutura e valorização dos policiais. ;Precisamos de uma política de segurança pública integrada, na qual as polícias conversem e atuem em conjunto, de maneira que possamos dar respostas à população;, defendeu o governador.

Lorenz assume o cargo com o compromisso de fortalecer as corregedorias de todas as forças de segurança para proteger o bom policial. ;As forças de segurança precisam estar balizadas em três pilares: talento humano ; e a nossa polícia está entre as melhores do país ;, trabalho de inteligência e uma corregedoria forte que dê resposta firme e ágil a eventuais desvios de conduta nas corporações;, defendeu.

O novo secretário afirmou ainda que não é possível fazer segurança com amadorismo e, por isso, é importante escolher pessoas técnicas para os cargos. Lorenz lembrou ainda que o combate ao tráfico de drogas é um dos principais desafios das instituições. ;Sem inteligência e cooperação, não seremos capazes de debelar o mal do tráfico. Vamos usar as estatísticas de dia, hora e local para combater os crimes que ocorrem no DF;, antecipou. A atuação será em conjunto com outras secretarias responsáveis pela implementação de programas de prevenção ao uso de drogas. ;Vamos disputar criança a criança, adolescente a adolescente com o tráfico e vamos vencer;, comentou.

Os postos de segurança comunitária (PSC) serão mantidos, mas passarão por uma remodelação para que a comunidade tenha um pronto-atendimento quando for vítima de algum crime. ;A intenção é implantar um sistema parecido com o de Bogotá, na Colômbia. Vamos fazer unidades de dissuasão, em que o policial conseguirá atender de perto a população;, disse Lorenz, que até recentemente atuava como adido da PF na embaixada do Brasil na capital colombiana. Além dos cerca de 125 postos existentes, pelo menos 15 serão instalados para cumprir a exigência do convênio com o Ministério da Justiça. Não há garantias, porém, de que o DF chegará aos 300 postos, número estipulado pelo ex-governador José Roberto Arruda (sem partido).

Ao discursar, o governador Agnelo também afirmou que pretende rever o projeto dos postos comunitários. Atualmente, os policiais são proibidos de deixar o local para averiguar um chamado. Para resolver a questão, ele quer contratar profissionais e dar mobilidade a eles. ;Tudo isso com tecnologia. Assim, o policial saberá onde tem tiro e qual o calibre da arma para combater o crime;, explicou.

Recursos federais
Agnelo também anunciou que o DF contará com recursos do governo federal para incrementar ações que melhorem a segurança pública. ;Precisamos de ousadia, coragem e determinação para tornar Brasília uma capital segura. O ladrão precisa saber que, se cometer um crime, será punido. A impunidade mantém a cultura da criminalidade. Não podemos aceitar isso;,
determinou. Ele prometeu instalar câmeras de segurança em pontos estratégicos das cidades.

Ao se despedir do cargo de secretário de Segurança Pública, João Monteiro Neto lembrou, em pelo menos duas ocasiões, que assumiu o comando das corporações quando o Distrito Federal estava mergulhado no que classificou de ;a mais grave crise de sua história, em face de desmandos administrativos que abalaram as estruturas de Poder Público e culminaram em renúncias e cassações das autoridades mais graduadas do Executivo e do Legislativo;.

Monteiro mencionou indiretamente uma das ações mais criticadas da Polícia Militar nos últimos tempos, quando homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) partiram para cima de manifestantes contrários ao ex-governador Arruda, em dezembro de 2009. ;Com o enfraquecimento da autoridade, oportunistas de plantão, ávidos por obter dividendos políticos e firmados na doutrina do quanto pior melhor, se infiltraram nas legítimas manifestações públicas, provocando intemperança e acirramento de ânimos, só contornados com o exercício moderado da força pelas autoridades de segurança.;

Apesar do episódio, Monteiro Neto considerou que sua gestão foi positiva, com redução da criminalidade em 9% em 2010 comparado a 2009. Segundo ele, os homicídios caíram 13%. Além disso, houve o reforço do quadro de pessoal com a contração de 400 agentes de polícia, 600 técnicos penitenciários, 46 delegados e 1,3 mil aprovados no concurso para soldado que estão em formação na academia da PM.

Nomes confirmados
; O governador Agnelo Queiroz definiu ontem mais três nomes que comporão o seu governo. O novo subcomandante da Polícia Militar do Distrito Federal será o coronel Suamy Santana da Silva. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) ficará sob a responsabilidade do delegado João Monteiro Neto (ex-secretário de Segurança Pública do DF), e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) estará sob o comando de Reinaldo Pena Lopes. A nomeação do coronel Suamy deve ocorrer até amanhã. Ele era chefe do Estado Maior e o responsável pela elaboração do Planejamento Estratégico da corporação, que será lançado até o início de fevereiro.

Repressão
Para dispersar os manifestantes que ocupavam o Eixo Monumental, homens da cavalaria do Bope repreenderam violentamente manifestantes e ainda usaram bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha. O protesto ocorreu em 9 de dezembro de 2009, no auge da crise provocada pela operação Caixa de Pandora que desmontou um suposto esquema de corrupção instalado nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais.

Estratégias
Confira o que o novo secretário de Segurança Pública pretende fazer em sua gestão:

; Forças de segurança pública sob um só comando

; Integração de todos os órgãos de segurança com troca de informações e experiências

; Fortalecimento das corregedorias de todos os órgãos de segurança pública

; Uso das estatísticas para combater a criminalidade

; Instalação de mais 12 postos de segurança comunitária e manutenção dos existentes com a diferença de que todos terão pronto-atendimento às demandas da população

; Reuniões semanais dos comandos com a comunidade

; Combate ao tráfico de drogas

Defesa Civil sobe de status
Mariana Laboissi;re
Vila Rabelo, uma das 26 áreas de risco do DF: secretaria autônomaO presidente nacional do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), Paulo Roberto Matos, assumiu ontem uma das mais novas pastas criadas no governo de Agnelo Queiroz (PT). Trata-se da Secretaria de Estado da Defesa Civil. Até o momento, apenas ele foi nomeado. Com a exoneração de 18,5 mil funcionários do GDF, o antigo efetivo da Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil ; 36 profissionais, dos quais 23 comissionados e o restante remanejado de outros órgãos ; foi reduzido a zero.

Em um primeiro momento, espera-se a criação de 160 cargos, nos setores de Planejamento, Ações de Defesa Civil, Capacitação Profissional e Operações. As contratações serão decididas pelo secretário de Governo, Paulo Tadeu. O local onde a secretaria deve funcionar ainda não foi definido, mas já se sabe que a antiga sede, em Ceilândia, não comportaria mais gente. ;Estamos tentando ampliar o quadro, justamente nesse período de maior transtorno, quando pode haver calamidades. As chuvas vão até abril, maio;, justificou o secretário. O DF tem 26 áreas consideradas de risco, como o Condomínio Privê, em Ceilândia, e a Vila Rabelo, em Sobradinho. Elas são monitoradas permanentemente. Doze desses locais foram classificados como de risco muito alto.

A secretaria criada por Agnelo já deveria estar em funcionamento, mas ajustes jurídicos e administrativos ainda precisam ser feitos. ;A transformação da subsecretaria em secretaria se deu, primeiro, para dar a dimensão da importância da Defesa Civil para qualquer estado, principalmente para a capital da República. A ideia foi fazer uma reformulação visando a Copa do Mundo de 2014. Todos nós queremos que a abertura seja aqui e, por isso, buscamos estar preparados;, adiantou Matos. A área era vinculada à Secretaria de Segurança Pública.

A solenidade de posse, marcada para as 16h de ontem, na sede da antiga Subsecretaria do Sistema de Defesa Civil, teve início com 40 minutos de atraso. Estiveram presentes no evento deputados distritais e outros secretários de governo. Ao fim da cerimônia, Paulo Roberto Matos seguiu para uma reunião com o governador Agnelo.

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