postado em 06/01/2011 08:00
Faz mais de uma semana que a rotina de quem depende da BR-060, nas imediações de Alexânia (GO), mudou. Transportadores de cargas, comerciantes e moradores da região sentem na pele os impactos da cratera de 60m de extensão que se abriu no asfalto, a 8km da cidade. Mesmo com os desvios que contornam o abismo, muita gente ainda não pode circular pela rodovia. Os motoristas de caminhões e de ônibus com mais de 7 toneladas têm de usar os caminhos alternativos. Em alguns casos, a viagem aumenta em 100km. Como as chuvas deram uma trégua, no fim da manhã de ontem as equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) começaram a operar as máquinas de asfaltamento do desvio no sentido Goiânia-Brasília. Quando o trabalho for concluído, os veículos pesados poderão usar a pista.No dia em que a primeira parte do Km 24 da BR-060 caiu (leia Entenda o caso), Alexânia parou. A prefeita do município, Maria Aparecida Gomes Lima, conhecida como Cida do Gelo, acredita que, agora, o movimento no comércio é cerca de 30% menor do que antes da cratera. ;O fluxo de carros está normal. Isso melhora bastante a situação dos empresários. Mas os caminhões também influenciam nos lucros dos restaurantes e dos postos de gasolina. Além disso, como eles não podem passar pelo desvio, o abastecimento de outros artigos fica prejudicado, já que eles precisam dar tanta volta para chegar à cidade;, afirma.
A principal rota usada pelos veículos impedidos de contornar o buraco apresenta problemas. Na BR-070, além do trânsito pesado e da pista de mão dupla que oferece mais riscos para os condutores, as rachaduras insistem em aparecer ao longo da faixa da direita do viaduto da entrada de Águas Lindas de Goiás, no sentido de quem deixa o município rumo a Cocalzinho. Ontem, os operários tapavam as fendas com piche. O Dnit considera normais as imperfeições porque o local ainda está obras e assegura que o serviço será entregue em março sem os problemas.
O fluxo na rodovia triplicou na última semana. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), pelo menos 10 mil carretas e automóveis de todos os tipos trafegam por dia no trecho entre Águas Lindas e Cocalzinho. O caminhoneiro Josias José da Silva, 30 anos, percebe que a quantidade de veículos piora a qualidade da estrada. ;A pista está cheia de buracos e cada vez fica pior. Qualquer distração pode causar um acidente;, constata. Ontem, ele saiu da região metropolitana de Goiânia para fazer o descarregamento de combustível em um posto próximo a Alexânia. Segundo ele, o trajeto ficou 100km mais distante. ;É mais despesa para a firma e mais cansaço para quem dirige;, reclama.
Restauração
As máquinas de recapeamento do desvio no sentido da capital goiana para o Distrito Federal começaram os trabalhos ontem pela manhã. Os equipamentos colocavam uma camada mais grossa de asfalto na pista de 3km de extensão, que passa por dentro de uma fazenda particular. Segundo o Dnit, os trabalhos vão melhorar as condições da pista, mas ainda não há previsão de quando ela será liberada para veículos pesados.
O buraco de 17m de largura e 30m de profundidade deixou exposto quase 1km de cabos de fibra ótica, localizados no vale abaixo da rodovia. A área descoberta está indicada por fitas amarelas e, se algum fio romper, os serviços de telecomunicações serão interrompidos na região. Técnicos goianos deram início ontem aos trabalhos de reparos na região. Os equipamentos serão transferidos para outro ponto da rodovia.
Eu acho...
;Muitas rodovias das saídas do Distrito Federal sofrem com o abandono. A cratera na BR-060 já era esperada por quem conhece a região. O governo precisa fazer a manutenção das estradas e, infelizmente, não é isso o que vemos. Trabalho em uma fábrica perto de Alexânia e passo pela DF-290 todos dias para ir e voltar do Gama. É tanto buraco que daqui a pouco algo mais sério vai acontecer.;
Elias do Nascimento, 39 anos, coordenador de manutenção, morador do Gama
Entenda o caso
Infiltrações no asfalto
No fim da tarde de 28 de dezembro, os primeiros pedaços do asfalto do Km 24 da BR-060 desmoronaram. Especialistas do Dnit apontaram a proximidade de uma mina de água como o principal motivo para a abertura do buraco. Segundo análises preliminares, os subsolos sofrem infiltrações que comprometem a fundação da estrada.
A extensão inicial do buraco era de 40m, mas a cratera aumentou para 60m. As bordas do precipício foram transformadas em rampas e, segundo os responsáveis pelas obras, os riscos de novos deslizamentos foram descartados. Para resolver o problema, o Dnit assinou um contrato emergencial de R$ 10 milhões com uma empresa privada. A previsão é de que os trabalhos terminem em até seis meses.
Os motoristas que ainda não têm autorização para utilizar os desvios que contornam a cratera podem optar por duas rotas alternativas. Ou seguem pela BR-070 até Cocalzinho e entram na BR-414 em direção a Anápolis, ou enfrentam a BR-040 e viram à direita na GO-010 e seguem viagem até Goiânia.
11km de engarrafamento
Um caminhão quebrado foi responsável por causar 11Km de congestionamento por volta das 12h de ontem na BR-040, na descida do Colorado, antes do Balão do Torto. O veículo placa DFE-8802-MG, que carregava 39 toneladas de cimento, teve um problema mecânico na faixa da direita da via, na altura do Km 4, no fim da tarde de terça-feira. Ele seguia para Anápolis para entregar a carga, no entanto, um equipamento responsável pela tração quebrou. O caminhão só foi retirado do local às 14h, mas o cimento permanecia às margens da rodovia até o fechamento desta edição.
Segundo o mecânico Cláudio Batista, que no fim da manhã de ontem auxiliava o conserto no local, os grampos das molas de suspensão se soltaram, pressionando o cardã (responsável pela tração) e fazendo com o que ele se soltasse do diferencial (que faz a comunicação com os eixos). De acordo os mecânicos, sem essa peça o caminhão não consegue andar. Por esse motivo, o veículo permanecia desde a terça-feira no local. A faixa da direita da via, que conta com três pistas, ficou interditada.
A Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv) da Polícia Militar pediu um caminhão emprestado ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mas não havia nenhum veículo que suportasse o peso da carga. No local, policiais militares tentavam, sem sucesso, conseguir caminhoneiros que se voluntariassem a remover o carregamento.
Carro ;desaparece; na DF-450
Um acidente na tarde de ontem chamou a atenção mais pela cena inusitada do que pela gravidade. Policiais militares e bombeiros acionados para atender a ocorrência demoraram cerca de 10 minutos para encontrar um dos dois veículos envolvidos. Após ser jogado para fora da pista por um caminhão, por volta das 16h, o Citro;n C3 estava escondido em meio a um arbusto do canteiro central da DF-450, na saída Sul de Brasília, entre o Park Way e Águas Claras. Nenhum dos três ocupantes do carro se feriu gravemente. Mas tiveram que aguardar a chegada dos bombeiros para sair do Citro;n, imerso na vegetação.
