Com a longa lista de material escolar em mãos, os pais começaram o ano lotando as papelarias. O movimento nesta primeira semana surpreende o setor, que prevê aumento real médio de 6% nas vendas em relação a 2010. As editoras subiram o preço dos livros em até 13%. Itens como lápis, cadernos, lancheiras e mochilas não tiveram reajuste, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria do Distrito Federal (Sindipel). Na disputa por clientes, lojas apostam em ofertas, parcelam em até quatro vezes sem juros e dão descontos de 10% nas compras à vista.
Os estoques estão renovados desde outubro do ano passado, quando o mercado teve acesso à lista das escolas. Em todo o DF, há cerca de 600 pontos de venda de material escolar. Três mil contratos temporários foram assinados para o período entre novembro e fevereiro. Em alguns casos, o quadro de funcionários ficou cinco vezes maior. "Nosso Natal chega um pouco atrasado, mas chega", comenta o presidente do Sindipel-DF, José Aparecido da Costa.
Se o cenário dos anos anteriores se repetir, cerca de 75% dos pais deixarão para comprar o material escolar dos filhos a partir da segunda quinzena de janeiro. Em novembro, as lojas receberam os primeiros pedidos de orçamento, mas as sacolas só começaram a encher mesmo depois do réveillon. Daqui para a frente, as filas nos balcões e caixas tendem a ficar maiores a cada dia. "Quem se antecipa encontra mais variedade de itens, melhores condições de pagamento e conta com atendimento diferenciado", sustenta Aparecido.
Faturamento
Em uma papelaria do Setor de Indústrias e Gráficas (SIG), uma das maiores do DF, a equipe ganhou 25 reforços. "O movimento está acima do esperado. E o pico de vendas só acontece depois do dia 10", comenta o supervisor comercial da unidade, Gustavo Henrique de Sousa. Em dias normais, cerca de 400 pessoas passam pelos caixas da loja. Até o início de fevereiro, estima Sousa, esse número deve alcançar 1,3 mil, mais que o triplo. Animado com a primeira semana de 2011, o supervisor vislumbra faturamento até 20% maior, na comparação com 2010.
Todos os anos, o Instituto de Defesa do Consumidor do DF (Procon-DF) faz um levantamento de preço em papelarias de várias regiões administrativas. O de 2011 deve ficar pronto até amanhã. No ano passado, a pesquisa apontou variação de 7.000% no valor de alguns itens. A diferença entre a combinação mais cara e a mais barata ficou em R$ 124,99. A estampa de personagens infantis encarecem os produtos. Ben 10 e Hello Kitty não saíram de moda. Referências aos filmes Toy Story e Avatar se destacam este ano.
Só o estojo da Barbie que Ágatha, 5 anos, convenceu a mãe a levar custou R$ 46. Na ponta do lápis, o restante dos gastos: R$ 150 com livros, R$ 199 do kit acadêmico exigido pela escola, R$ 215 com uniforme e R$ 330 com os itens de papelaria. Somando tudo, R$ 894. Para conseguir bancar tantos gastos, a família deixou de viajar na virada do ano. "A prioridade são os estudos dela", diz a mãe, a dentista Alejandra Ruiz Zapata, 42, que ainda lembra da mensalidade, no valor de R$ 790. Por lei, as escolas não podem pedir a compra de produtos de uso comum, como papel ofício e copos descartáveis.
Fique atento!
; A escola não pode exigir a compra de determinada marca, nem que o material seja adquirido em lojas específicas ou mesmo comprado na instituição de ensino.
; Faça um balanço do que restou do período anterior e veja a possibilidade de reaproveitamento.
; Leia com atenção a lista de material. Veja se a quantidade exigida é adequada ou se a escola está pedindo algo fora do normal. Em caso de dúvida, questione a direção do colégio.
; Não é preciso comprar todo o material escolar no início do ano. Os pais podem combinar com a escola e adquirir apenas os produtos que serão usados no primeiro semestre, por exemplo.
; Pesquise preços. Visite sites, percorra papelarias, depósitos, lojas de departamento e até supermercados.
; Organize grupos de pais para tentar descontos nas lojas.
; Procure comprar somente o necessário e leve em consideração as taxas de juros nos pagamentos a prazo.
; Exija sempre a nota fiscal com os artigos discriminados.
; Fique de olho nas embalagens de materiais, como: colas, tintas, pinceis atômicos e fita adesiva. Esses produtos devem conter informações claras e precisas a respeito do fabricante, da origem, instruções de uso e do grau de toxidade.
; Peça à escola a indicação de duas ou três empresas para fornecimento do uniforme. Os pais podem ter a opção de contratar uma costureira para o trabalho, respeitando cores, modelo e logotipo da instituição.
; A escola só pode exigir material didático de uso individual.
Fonte: Ibedec
Onde recorrer
Caso se sinta lesado pelas exigências da escola ou pelo valor dos produtos nas lojas, o consumidor pode registrar reclamação no Procon. O telefone é o 151. Também há a opção de acionar o Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec) pelo número 3345-2492 ou pelo e-mail consumidor@ibedec.org.br.
Custo médio das listas
Estimativa do Sindipel, incluindo livros didáticos e material de papelaria:
Ensino básico R$ 600 a R$ 800
Ensino fundamental R$ 700 a 900
Ensino médio R$ 1,1 mil a R$ 1,3 mil