Cidades

Com rachaduras, desvios na BR-060 têm segurança comprometida

Obras feitas no trecho da estrada onde uma cratera se abriu, no sentido Goiânia-DF, já começam a apresentar rachaduras. Trabalhos de recuperação continuam, e o diretor do Dnit garante: buracos que surgirem serão fechados a tempo

postado em 11/01/2011 07:53
Mal passaram a receber veículos pesados, os desvios da cratera da BR-060 começam a se deteriorar. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) abriu ontem as pistas que contornam o buraco de 60m de extensão para caminhões com mais de 7 toneladas e ônibus grandes de viagem (veja arte). Construído às pressas para acabar com os transtornos dos motoristas, o atalho de quem deixa Goiânia em direção à capital federal tinha rachaduras. Durante a tarde, os operários tentavam conter os estragos com máquinas de pavimentação.

Sob as rodas, em especial as dos veículos maiores, o asfalto cedeTumultuado, o trecho em que todos os tipos de automóveis se espremem na velocidade máxima de 40 km/h passa pelo curso antigo da rodovia, antes da duplicação. O local foi revitalizado e reativado de maneira provisória enquanto seguem as obras de restauração do Km 24, onde ocorreram os desmoronamentos. O caminhoneiro Devair Silveira, 33 anos, levou mais tempo do que o habitual para vencer o trajeto improvisado em torno da cratera. ;O fluxo aumentou muito. Não tem jeito, os buracos acabam aparecendo. É preciso cuidado para não furar os pneus;, alerta.

O volume de tráfego ficou pesado para os trechos onde os atalhos precisaram ser improvisados
Mesmo com os problemas, a abertura da BR-060 para transportadores de cargas pesadas é um alívio. Antes disso, desde o fim do ano passado (veja Memória), somente veículos pequenos trafegavam pela área. Os caminhões e ônibus de viagem tinham de encarar rotas alternativas que, em alguns casos, dobravam a distância percorrida.

Os responsáveis pela obra reconhecem a precariedade dos desvios. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, explica que lotes adicionais de massa asfáltica chegaram ontem para o recapeamento dos pontos desgastados pelo tráfego intenso dos caminhões. ;É uma estrada velha, que não tem mais drenagem. A água sai do chão e corre em todo o maciço;, justifica. Segundo ele, equipes do órgão monitoram a área. ;Os buracos que surgirem serão fechados em tempo;, compromete-se Pagot.

No desvio de Goiânia para o DF, há a pintura de duas faixas contínuas amarelas, usadas para dividir o fluxo em sentidos opostos. Por mais que o Dnit negue, os operários afirmam existir a possibilidade de que o trânsito para ambas as direções seja feito pela pista e, com isso, o atalho em volta da cratera seja desativado.

Drenagem
Os trabalhos para a cobertura do abismo em plena rodovia estão em fase inicial. As máquinas abrem os caminhos por onde as máquinas circularão. O diretor-geral do Dnit adianta que, se as chuvas permitirem, o serviço deve terminar em dois meses, mas ressalta que o prazo legal para a conclusão é de 180 dias. A restauração deve custar R$ 10 milhões.

A solução para o problema da BR-060 foi definida. A empresa privada que assinou contrato emergencial com o Dnit terá de fazer a drenagem profunda do subsolo do Km 24 para evitar futuras infiltrações decorrentes das proximidades da estrada com uma mina de água. Tubos de captação serão enterrados no terreno.

Os caminhos alternativos à cratera serão revitalizados. De acordo com Pagot, os buracos da BR-070 e da BR-414 serão tapados até a próxima sexta-feira. As duas rodovias ficaram deterioradas porque suportaram um fluxo mais intenso de carretas enquanto estas não podiam trafegar pela BR-060. Durante duas semanas, somente carros leves contornavam o penhasco.

Duplicação
Grande parte da BR-060, inclusive o local onde o buraco se abriu, foi duplicada há 10 anos. Em 2007, o Dnit concluiu a pavimentação. O serviço incluiu a construção de pontes e viadutos e eliminou o trecho das Sete Curvas, conhecido pelos altos índices de acidentes. Ao todo, a obra custou R$ 265 milhões.


MEMÓRIA
Umidade e seus efeitos
Os primeiros trechos do Km 24 da BR-060 cederam na tarde de 28 de dezembro do ano passado, nas imediações de Alexânia (GO). O Dnit apontou uma mina de água como a principal causa dos desmoronamentos. Para os especialistas do órgão, a umidade do solo da região infiltrou os subsolos da rodovia e provocou as rachaduras. Em uma semana, a extensão da cratera passou de 40m para 60m.

As bordas do precipício foram transformadas em rampas e, com isso, os responsáveis descartam a possibilidade de novos deslizamentos. O trecho prejudicado da BR-060 fica na encosta de um morro. O buraco tem 12m de profundidade, mas a altura chega a cerca de 30m se for considerada a distância do nível do asfalto até o fundo do vale.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação