Cidades

Goiás Velho tem previsão de chuva para os próximos 15 dias

Renato Alves
postado em 11/01/2011 10:50
A previsão de chuva para os próximos 15 dias fez com que a Defesa Civil deixasse em alerta a cidade de Goiás, mais conhecida como Goiás Velho. Nesta terça-feira (11/1), o dia amanheceu marcado por pancadas fortes de chuva. Algumas construções mais antigas vão receber estacas de apoio a pedido da Superintendência do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois há riscos de desabamento.



O Iphan também quer manter a Casa de Cora Coralina fechada nos próximos 10 dias. As relíquias da mais famosa escritora goiana tiveram de ser retiradas às pressas do local. Maior atração turística local, a casa onde morou a poetisa Cora Coralina foi interditada, assim como uma das antigas pontes de madeira, que teve uma das vigas de sustentação quebrada.

A chuva forte iniciada domingo deu uma trégua ontem e o Rio Vermelho baixou consideravelmente. Mas o turismo e os serviços básicos da cidade estão prejudicados por causa das péssimas condições das vias de acesso. A queda de duas pontes deixou o município quase isolado. A viagem de carro entre Brasília e Goiás, que antes durava, em média, três horas e meia, pode chegar a seis horas, dependendo das condições do tempo e, consequentemente, dos desvios por estradas de terra.

O Corpo de Bombeiros goiano interditou vários pontos de Goiás Velho no começo da manhã de segunda-feira, quando ainda chovia e o Rio Vermelho cobria pontes e calçadas, ameaçando casarões centenários. Ele corta a parte mais antiga do município distante 310km de Brasília (via BR-060 e BR-070) e tombado pela Unesco em 2001 como patrimônio da humanidade.

Após trégua, nível da água baixou na noite de segunda-feira. Mas durante a madrugada de terça a chuva voltou a cairNa madrugada de 1; de janeiro de 2002, menos de um mês após receber o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, a cidade de Goiás teve grande parte do centro histórico destruído pela chuva. Quarenta casas, duas pontes e várias ruas ficaram danificadas pelo grande volume de água que caiu durante seis horas.

Desta vez, a chuva começou no sábado, mas o temporal mais forte ocorreu na noite de domingo. ;Semana passada, por duas vezes, o rio encheu muito. Hoje (ontem) ele ultrapassou o limite e assustou a todos. Mas deu tempo de tomarmos providências, como desmontar o museu Casa de Cora e guardar os objetos em um convento;, contou a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Salma Saddi. ;Temos preocupação também com as casas feitas de adobe e pau a pique (construções à base de barro), onde moram pessoas idosas, resistentes a uma mudança. Vamos conversar com as vizinhas do rio para convencê-las a sair do imóvel temporariamente. O mais importante para a gente, neste momento, é o patrimônio humano;, ressaltou.

Diferentemente de 2002, a ponte do Hospital de Caridade São Pedro D;Alcântara foi a única totalmente submersa e interditada na cheia de ontem. Não havia pacientes internados no momento, mas objetos do hospital tiveram de ser removidos para evitar o prejuízo. Os bombeiros monitoraram o centro histórico durante todo o dia.

Na tarde de segunda-feira, quando parou de chover, funcionários da prefeitura iniciaram a construção de um pequeno canal, às margens do Rio Vermelho, para facilitar a passagem da água pela lateral caso volte a chover forte na cidade. O canal, no formato de um arco, é aberto na parte da barragem da antiga usina, local onde a água costuma represar.

Temporal devastador
Na virada de 2001 para 2002, Goiás Velho sofreu perdas irreparáveis de construções e objetos centenários com o temporal que caiu por dois dias. O grande volume de água fez transbordar o Rio Vermelho, que corta a cidade, e atingiu todas as construções ribeirinhas, entre elas a casa de Cora Coralina, hoje um museu. O muro da residência foi derrubado e a edificação foi invadida pela correnteza, que levou com ela objetos e anotações pessoais insubstituíveis da poetisa.

A destruição literalmente levou boa parte das construções da cidade, que, levantadas no século 18, ainda mantinham as antigas paredes de barro. Parte da infraestrutura do município, como a rede elétrica subterrânea, havia sido instalada somente nos meses anteriores à tragédia, como um investimento para a indicação de Goiás Velho ao título de Patrimônio da Humanidade. A cidade recebeu a honra em dezembro, menos de um mês antes da inundação.

O temporal destruiu cerca de 20% dos 800 imóveis tombados pelo instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e causou um grande impacto negativo no turismo da região. A reconstrução das residências foi motivo de grande briga entre a prefeitura e o instituto, pois muitas das adaptações feitas nas casas nos últimos anos não foram mantidas no projeto de restauração.

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