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Inmet envia alerta à Defesa Civil devido a fortes rajadas de vento no DF

Nos últimos dias, problema foi responsável pelo registro de 41 ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. Previsão é de tempo instável pelo menos até domingo

postado em 14/01/2011 08:08
A porteira da Escola Classe nº 8 do Guara II, Lázara Maria Mota, viu quando o enorme tronco despencou sobre o muro da instituição: a sorte é que os alunos estão em fériasOs ventos fortes que atingem o Distrito Federal desde o início da semana já provocaram vários estragos. Apenas nos últimos três dias, o Corpo de Bombeiros atendeu 41 ocorrências relacionadas à queda de árvores. Com a força das correntes de ar, galhos e até troncos foram arrancados em várias cidades. Devidos às rajadas de até 70km/h, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) enviou à Secretaria de Estado de Defesa Civil um comunicado de alerta.

O Inmet prevê que, até domingo, os ventos ultrapassem os 30km/h. De acordo com a escala Beaufort (veja Saiba mais), que mede a intensidade e os efeitos das ventanias, acima disso já é considerado perigoso e pode causar danos. Foi o que ocorreu na terça-feira na Escola Classe n; 8 do Guará II, na QE 30, quando uma árvore conhecida como Guapuruvu, com cerca de 20 metros de altura, caiu sobre parte do muro que cerca o estabelecimento de ensino. Na queda, ela ainda destruiu o cômodo onde ficavam armazenados os cilindros de gás do colégio. O estrago só não se transformou em tragédia porque os cerca de mil alunos estão em férias.

A porteira da escola, Lázara Maria Mota, 53 anos, viu quando a enorme árvore desabou. Ela lembra que ventava muito na hora e tirou seu carro do estacionamento interno justamente com medo de que algum galho danificasse o veículo. Minutos depois, a árvore foi ao chão. ;Nunca vi nada igual. Ela foi caindo bem devagar, para o lado de fora da escola. A única coisa que podia fazer era rezar para que ela não caísse em cima das casas e que não estivesse passando ninguém perto do muro. Graças a Deus ninguém se machucou;, contou Lázara.

Por sorte, a árvore destruiu apenas o muro da escola e parou entre duas residências. A aposentada Ester da Costa Grimelo, 67 anos, que mora em frente ao colégio, relembra que ficou em pânico com o estrondo. ;Parecia um terremoto, tremia tudo. Quando vimos o que tinha acontecido, agradecemos muito a Deus, porque se o vento bate um pouco mais para a direita, acabava com a minha casa;, disse.

Durante a ventania ocorrida na última terça-feira, uma árvore caiu na 509/510 Sul: sem feridosA Secretaria de Educação já liberou recursos para os reparos na escola, que devem ser iniciados hoje. Um engenheiro florestal deve inspecionar as outras árvores que cercam o colégio antes do início das aulas. Se alguma delas apresentar risco de queda, será cortada.

Dicas
Na quarta-feira, os ventos também provocaram quedas de árvores em frente à Residência Oficial do GDF, em Águas Claras, e sobre um carro na 510 Sul. Em nenhum dos casos houve feridos. O chefe da Comunicação Social do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Paulo Roberto, dá algumas dicas para evitar acidentes com árvores, principalmente nesta época do ano. ;A recomendação é fazer podas com frequência, evitar plantar árvores muito grandes perto de casas e, na chuva, nunca se abrigar embaixo delas, pois as árvores atraem raios. Além disso, é importante não deixar carros estacionados sob árvores muito altas;, orientou o oficial bombeiro.

Diante do iminente risco de ocorrências, o secretário da Defesa Civil, Paulo Roberto Matos, colocou todo efetivo do órgão de prontidão. O chefe da nova pasta criada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) disse que as forças estão preparadas para lidar com qualquer tipo de situação, mas acalmou os moradores afirmando que não há motivos para alarde. ;Estamos num estado de alerta, mas não chega a ser nada apavorante;, tranquilizou.

Ele destacou ainda as propostas de sua gestão para evitar tragédias no Distrito Federal em períodos de chuva e vento excessivos. ;Vamos atuar no sentido de informar e formar a comunidade. Com isso, seremos proativos e alcançaremos nosso objetivo de forma que todos saiam vencedores;, destacou o secretário, que também prometeu uma inspeção mais enérgica em relação às construções erguidas em áreas de risco. ;Temos todos os pontos críticos mapeados e o governo vai tomar medidas para tirar essas famílias dessas áreas. Vamos orientar e dar suporte, mas não podemos permitir que elas vivam sob risco;, complementou Paulo Roberto.

Instabilidade
Segundo a meteorologista do Inmet Odete Marlene Chiesa, os ventos fortes devem continuar nos próximos dias. Ontem pela manhã, eles atingiram 47km/h. A explicação para as rajadas é a instabilidade da estação. ;Essa instabilidade, associada às zonas de convergências do Atlântico Sul, fazem com que o ar fique em movimento mais rapidamente conforme a variação de pressão. Essa variação ocorre devido à formação de nuvens. É o mesmo fenômeno que ocorre no Rio de Janeiro, só que lá, a incidência é bem maior;, explicou a meteorologista.

Balanço
Nos últimos dias, o Corpo de Bombeiros atendeu 111 ocorrências relacionadas a chuva: 41 de árvores (que caíram ou estavam em risco iminente de queda por conta dos ventos fortes), 20 verificações, 7 pessoas presas em elevadores por queda de energia, além de uma inundação. As áreas mais atingidas foram Vicente Pires, Colônia Agrícola Samambaia e Colônia Agrícola São José.

SAIBA MAIS
A força das rajadas

A escala Beaufort mede a força, a velocidade e os efeitos do vento com aparelhos chamados de anemômetros, que são copos em forma hemisférica. Esses copos movimentam-se com uma velocidade proporcional à do vento. Pela escala, ventos entre 29km/h e 38km/h são suficientes para balançar árvores com força. De 39km/h a 49km/h, as pessoas já têm dificuldade de abrir o guarda-chuva. De 50km/h a 61km/h fica difícil andar contra as rajadas. De 62km/h a 74km/h, galhos inteiros de árvores podem ser arrancados. De 75km/h a 88km/h, telhas de casas e lojas podem ser levadas; e de 89km/h a 102km/h, árvores inteiras podem ser arrancadas. No DF, segundo o Inmet, a maior ventania ocorreu em 2002, com rajadas de 102km/h. Na ocasião, parte da cobertura do Ginásio Nilson Nelson foi levada.

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