postado em 18/01/2011 08:14
Os excessos cometidos por estudantes no câmpus mobilizaram as discussões da Universidade de Brasília (UnB). Os professores da instituição exigem o controle do consumo de bebidas alcoólicas e drogas no Instituto Central de Ciências (ICC), o Minhocão. Representantes da direção da Associação dos Docentes (ADUnB) apresentarão amanhã uma carta de reivindicação à Reitoria. O grupo cobra dos diretores do local mecanismos para coibir a prática de atividades ilícitas no câmpus.As festas de arromba mais polêmicas ocorreram no chamado Corredor da Morte, um complexo de salas no subsolo da Ala Central do Minhocão. Em quase todas, funcionam CAs em que calouros e veteranos dividem os estudos com reuniões e happy hours. O presidente da ADUnB, Ebnezer Nogueira, explicou que a quantidade de reclamações recebidas pela associação aumentou desde o ano passado. ;Houve um descontrole. Os eventos não podem ser realizados em qualquer lugar, sem regras;, afirmou Ebnezer.
Na semana passada, a Reitoria abriu um processo administrativo disciplinar para apurar em que condições se deu uma festa realizada no Centro Acadêmico (CA) de Geologia, no Corredor da Morte. Durante a reunião, iniciada no início da noite da última quinta-feira, universitários teriam consumido drogas e vendido cervejas, entre outras. O comércio de bebidas alcoólicas no câmpus é proibido, exceto em eventos realizados no Centro Comunitário Athos Bulcão, com prévia autorização concedida pela direção da universidade.
Resposta lenta
O reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, afirmou que, após formada, uma comissão de sindicância analisará as denúncias relativas aos abusos da mais recente festa do Corredor da Morte. Na opinião de José Geraldo, além de violar as regras da universidade, eventos como o do CA de geologia atrapalham o andamento do restante dos trabalhos realizados na universidade. ;As reclamações dos docentes serão ouvidas e discutidas;, garantiu.
O presidente da ADUnB frisou que os professores não são contra os encontros mais descontraídos dos alunos. ;As festas nunca deixaram de existir, mas está havendo uma crise, a administração da UnB tem sido passiva quanto a isso;, criticou Ebnezer Nogueira. O reitor afirmou que as regras entrarão na pauta de discussões em decorrênica da nova realidade da UnB, como o aumento no número de alunos e a instalação de novos cursos.
Alunos invadem sala
Além do mau uso dos espaços destinados aos centros acadêmicos, a Universidade de Brasília (UnB) agora convive com a ocupação de uma sala de aula por alunos de um curso sem sede definitiva. A direção da Faculdade de Tecnologia (FT) da UnB tenta chegar a um acordo com os alunos de engenharia de produção que entraram em uma sala vazia e passaram a usá-la como sede do centro acadêmico desde o último domingo. A ocupação continuava até o começo da noite de ontem. Os diretores do departamento, no entanto, alegam que o local encontrado pelos manifestantes pertence à engenharia elétrica e passará por reforma em breve.
Os universitários aproveitaram um buraco na parede e tomaram conta da sala. Levaram laptops e comida e colocaram colchões infláveis no chão. Sete deles dormiram no local, de domingo para segunda-feira, para evitar que os seguranças do câmpus recuperassem o espaço. O presidente do CA de engenharia de produção, Pedro Leal, explicou que o grupo aprovou o plano de ocupação na semana passada. ;Precisamos de condições de estudos. Antes, ficávamos espalhados pelos bancos e pela lanchonete. Não tínhamos onde nos reunir;, justificou.
Sem teto
A engenharia de produção existe na UnB desde o segundo semestre de 2009. Os professores dão as aulas nas dependências da FT, usadas também para classes de outras oito graduações. O diretor da unidade, Antônio Brasil, afirmou que o CA do curso ainda não tem sede em virtude da disputa acirrada por cada canto da Faculdade de Tecnologia. Pelo menos 12 docentes da FT, por exemplo, não têm salas próprias. ;Deve existir espaço para a representação estudantil. Mas houve uma inversão de valores. A prioridade é definir os locais de aula e alocar os professores;, disparou.
Apesar de encarar a ocupação de forma pacífica, o chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, Leonardo Menezes, explicou que o curso voltou a administrar o espaço invadido pelos estudantes em 2008. ;Há um projeto para a construção de salas de aula e de professores naquele lugar. Não é um espaço ocioso, ele vai passar por reforma;, ressaltou.
O diretor da FT destacou ainda a intenção de procurar um novo espaço para o grupo de manifestantes da engenharia de produção e colocar um ponto final no impasse. Os estudantes declararam estar abertos a negociações, mas disseram que, enquanto não forem apresentadas alternativas, continuarão usando a sala invadida e darão continuidade às atividades do centro acadêmico.