postado em 19/01/2011 08:00
Uma instituição de ensino foi alvo de um incêndio criminoso na noite de segunda-feira. Sete salas da Escola Classe 415, em Samambaia Norte, ficaram completamente destruídas, depois de terem sido tomadas pelo fogo. O local foi isolado na manhã de ontem para coleta das evidências do ataque. Peritos acreditam que os criminosos tenham fabricado, artesanalmente, coquetéis molotov, provavelmente usando materiais disponíveis na própria unidade ; frascos de álcool e jornais. No momento do ocorrido, pelo menos uma pessoa deveria estar realizando a segurança da escola, mas o lugar estava vazio. Segundo informações da direção do colégio, o vigia escalado para a ocasião chegou a ir até o local, mas passou mal e foi para um hospital, queixando-se de dores no braço. O problema é que ele não chegou a avisar ninguém. O caso está sendo investigado pela 26; Delegacia de Polícia (Samambaia), que trabalha com o possível envolvimento de três pessoas no crime ; todos adolescentes já identificados, entre eles um ex-aluno.
As chamas começaram por volta das 19h30 e só foram controladas às 22h45. Pelo menos seis carros do Corpo de Bombeiros estiveram no lugar realizando os procedimentos de contenção do fogo. Além de profissionais do quartel local, foram deslocados para a escola classe militares de Taguatinga. Ninguém se feriu. Alguns funcionários, servidores e pais de alunos também tentaram ajudar a acabar com pequenos focos de incêndio.
Invasão
O diretor da instituição, Antônio Rafael da Silva Júnior, um dos primeiros a chegar à unidade, acredita que apenas uma sala tenha sido realmente invadida. ;Guardávamos camisetas e chaves ali. Eles as tiraram da sala, tentaram abrir outras portas. Se direcionaram justamente para onde havia equipamentos de maior valor;, aponta. Todas as portas e janelas são gradeadas e também possuem espaço para cadeado. ;Pelo visto, eles acabaram não conseguindo abrir e se revoltaram. Quebraram os vidros e jogaram os frascos de álcool para o lado de dentro;, conclui.
O diretor avalia um prejuízo na casa dos R$ 500 mil. Computadores, televisão de LCD, duplicadores, forno de micro-ondas, ventiladores e material didático estão entre os itens consumidos pelas chamas. Além desses, diários de classe e documentos de alunos foram perdidos. Alguns datam da época de fundação da escola e seriam importantes para garantir a aposentadoria dos professores.
Ontem, quatro militares do Corpo de Bombeiros estiveram no local realizando a perícia, além de policiais civis e representantes da regional de ensino. O laudo conclusivo deve sair dentro de 30 dias. A polícia vai tentar verificar ainda se consegue resgatar alguma imagem das câmeras instaladas no local, destruídas pelos criminosos. Segundo o diretor, tanto o sistema de câmeras quanto o de alarmes foram adquiridos com verbas próprias. ;Compramos esse material por meio de arrecadação em festas, em eventos que realizamos. Até fizemos um requerimento para usar a verba da escola, mas não foi autorizado pela Secretaria de Educação.;
A secretária de Educação do DF, Regina Vinhaes, negou que as escolas do território estejam desprotegidas. ;Temos dois tipos de vigilância, a de profissionais da secretaria e a de terceirizados. Ao todo, são 1,8 mil nesse último grupo em todas as cidades;, explicou. ;A escola que foi invadida é bem segura. Ela tem grades e circuito interno de câmeras, que acredito tenham sido comprados com recursos para manutenção repassados pelo Conselho Escolar. De qualquer forma, não era uma escola frágil. Pelo que sabemos até agora, foi um furto, depois um incêndio criminoso. Agora, temos que aguardar a perícia para identificar onde começou o fogo;, completou.
Aulas vão prosseguir
A Escola Classe 415 conta com 800 alunos, de cinco a 14 anos, cursando do 2; período ao 5; ano (antiga 4; série). Eles estudam em dois turnos: matutino e vespertino. Ao todo, a unidade possui 14 salas de aulas e 60 funcionários, entre professores, servidores, merendeiros e vigias. Como as salas próprias para lecionar não foram atingidas pelo fogo, os alunos não perderão o início do ano letivo, que terá início normalmente, na primeira quinzena de fevereiro.
A coordenadora pedagógica da instituição, Lucilene Marques Ferreira da Silva, afirma que esta não foi a primeira vez em que a escola foi alvo de vandalismo. ;A diferença é que agora percebemos a crueldade;, lamenta. Acredita-se que os envolvidos possam ser pessoas da comunidade. ;Quando cheguei aqui, o sentimento foi de vazio. Venho há sete anos acompanhando a vida da escola e é como se essa fosse a minha segunda casa, então a imagem que fica é do nosso lar pegando fogo. É muito triste.;
Recentemente, a direção tinha adquirido, por meio de licitação, R$ 25 mil em material de papelaria. Ainda não há informação sobre o que foi destruído, mas sabe-se que parte desse patrimônio encontrava-se nas salas atingidas. O cômodo mais afetado era onde funcionava a coordenação da Escola Classe 415. Todo o material que o Ministério da Educação (MEC) enviou para atender alunos especiais também foi consumido pelas chamas.
Reforma
O governador Agnelo Queiroz (PT) anunciou, no último dia 8, uma força-tarefa para revitalizar 300 escolas públicas do Distrito Federal. Batizada de Escola Arrumada, a ação, que também abrange a Escola Classe 415 de Samambaia, não foi interrompida pelo ocorrido. A promessa é de que o trabalho em todas as unidades seja concluído até 7 de fevereiro, quando começa o ano letivo. Ontem estava sendo feita a pintura das paredes das salas da instituição afetadas pelo fogo. Funcionários e pais de alunos também se reuniram para ajudar nos reparos.