postado em 19/01/2011 08:28
A cabeça de Nadir Miranda, 50 anos, parecia explodir e seu corpo ardia em febre. A moradora da Vila Planalto pensou que era mais uma gripe passageira e decidiu se automedicar. Tomou analgésicos, antitérmicos e nada. A sensação só piorava. ;Não dava vontade nem de andar. Parece uma falência total dos órgãos;, descreve. A reformadora de móveis se consultou no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e descobriu que tinha contraído uma doença ainda pior, a dengue. Depois de duas semanas de mal-estar e boas doses de repouso, conseguiu se curar.Na tentativa de conter os avanços do vírus que causou tantos transtornos a Nadir e a milhares de outros brasilienses, o Governo do Distrito Federal prepara uma força-tarefa. Além da capacitação de profissionais, a Secretaria de Saúde aposta na ajuda de outras entidades para a realização de campanhas. O governo pretende, entre outras providências, estender o convênio com operadoras de celular (que, desde o ano passado, enviam torpedos aos usuários com dicas de prevenção) e veicular mensagens informativas no metrô.
Os esforços têm o objetivo de evitar as péssimas experiências anteriores. Em 2010, o boletim epidemiológico do GDF registrou 12.404 casos confirmados de dengue, contra apenas 593 em 2009. Mas a cidade parece ter controlado o surto do ano passado. Do início do ano até ontem, segundo a Secretaria de Saúde, apenas um morador da capital federal se contaminou ; ele adquiriu a doença em outro estado. Na primeira quinzena de janeiro do ano passado, porém, 20 pessoas já haviam sido infectadas.
A seca severa do ano passado contribuiu para a diminuição dos casos. ;No ano passado, as chuvas chegaram mais tarde e, desde então, têm se mantido em picos. Essa redução evita a formação de criadouros dos vetores;, exemplifica o coordenador-geral de Prevenção e Controle da Dengue da Secretaria de Saúde, Aílton Domício. Em 2009, segundo ele, a seca durou menos tempo e favoreceu o aumento do número de pessoas contaminadas pela doença.
Levantamento recente mostra que os últimos quatro meses de 2010 registraram menos casos do que o mesmo período do ano anterior (veja quadro). Por isso, a assessora da Subsecretaria de Segurança à Saúde, Disney Antezana, acredita que a epidemia acabou. O surto é um dos principais motivos para a diminuição de casos porque, diante do problema, a Secretaria de Saúde reforçou os trabalhos de conscientização e, com isso, impediu o surgimento de ambientes favoráveis ao mosquito Aedes aegypti. ;A mobilização da população continuará sendo prioridade para impedir que tudo se repita;, destaca.
Divulgação
As atividades de prevenção incluem a distribuição de material educativo. De acordo com Aílton, 700 CDs com vídeos serão enviados a escolas públicas do DF para que o combate à doença seja trabalhado em sala. Além disso, com a parceria de empresas privadas e associações, panfletos serão enviados por e-mail e distribuídos em lojas da cidade. ;A intenção é fazer com que a informação chegue de todas as formas à sociedade;, afirma o coordenador-geral de Prevenção e Controle da Dengue do GDF.
Casas de vários lugares da cidade são inspecionadas. O trabalho é feito por cerca de 470 agentes, número considerado suficiente para a situação em que o DF se encontra. Segundo Disney, a parceria com 100 militares das Forças Armadas que auxiliam as vistorias vai até março. ;A parceria está sendo avaliada e os índices mais atualizados vão dizer se continua.; De acordo com ela, o próximo boletim com os números da dengue ; o primeiro deste ano ; deve sair até o fim desta semana.
A Secretaria de Saúde trabalha em conjunto com outros órgãos do GDF. Grupos executivos estão sendo reformulados nas 15 regionais do DF para o planejamento de ações. Além dos agentes de saúde, cada coletivo conta com integrantes do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), da Agência de Fiscalização, das diretorias regionais de ensino e das administrações regionais. Os grupos coordenam ações adequadas à realidade da cidade a que pertencem e funcionam desde o surto de 2010, mas ainda faltam as nomeações dos integrantes desta gestão.
Mesmo assim, as infecções correram em grande quantidade. Em meados do ano passado, alunos de estatística da Universidade de Brasília (UnB) enfrentaram uma onda de contaminações. A estudante Ana Carolina Lousada, 23 anos, acredita que a quantidade de mosquitos das salas do subsolo da universidade facilita as ocorrências da doença. ;Foi horrível, fiquei de cama. Vários colegas de turma se contaminaram;, relembra.
Surto e controle
Situação 2009 2010
Total de casos confirmados 593 12.404
Mortes causadas pela dengue 1 7
Últimos quatro meses do ano 806 25
Previna-se
; Não deixe água acumulada sobre a laje e desemtupa as calhas
; Tampe tonéis, barris e caixas d;água
; Guarde as garrafas vazias com a boca para baixo
; Encha os pratinhos de plantas com areia até a borda
; Esteja atento a objetos que retêm água, como pneus e latas