postado em 20/01/2011 08:03
Cinquentão no Brasil, ele já foi o personagem principal de grandes produções hollywoodianas, é admirado por homens e mulheres, marcou a geração que iniciou a fase adulta em 1960 e até conquistou um presidente da República. A silhueta, recheada de curvas, é considerada um charme pelos amantes. No Dia Nacional do Fusca, que se comemora hoje, o Correio reuniu alguns brasilienses que fazem coro a essa paixão nacional.Com todas essas referências, o Fusca é uma unanimidade entre os brasileiros, e quem mantém ou já manteve um na garagem sempre tem uma história para contar. É o caso do empresário Carlos Henrique Bastos, 36 anos. Dono de um Fusca 1969, branco-lótus, Bastos sonhou, quando criança, possuir um ;amigo; igual ao Herbie, personagem do filme Se meu Fusca falasse. O desejo se realizou e hoje o empresário tem na garagem de casa uma réplica do veículo com todas as peças originais do fim dos anos 60. Além do carro, o apaixonado mantém em um quarto uma coleção de 1.190 miniaturas de Fusca, que vão desde porta-joias a vidros de pimenta no formato do automóvel.
;Minha mãe diz que, quando eu nasci, chorei pedindo um fusquinha. Meus primeiros brinquedos eram carrinhos modelo Fusca. O primeiro carro que eu ganhei do meu pai não podia ser outro. A cor era vinho e o ano era 1977. Durante um relacionamento, precisei vender o carro. Depois que me separei, senti saudades dele, não da namorada;, conta.
Bastos também é presidente do Clube do Fusca e Antigos de Brasília, que há 11 anos reúne os fãs do veículo projetado na Alemanha durante a década de 1930. A fábrica da Volkswagen abriu as portas no Brasil em 1959 e produziu o Fusca até 1984. Em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco, pediu à montadora a volta do automóvel. A empresa atendeu o pedido em troca de incentivos fiscais, estendendo a produção até 1996.
O Clube do Fusca tem mais de 500 sócios que se encontram sempre no primeiro sábado de cada mês, pontualmente às 14h, no
Estacionamento 11 do Parque da Cidade. O próximo encontro está marcado para 5 de fevereiro.
;Antes, o Clube do Fusca de Brasília era presidido pelo Carlos Tavares Campos, que realizava os eventos no Cine São Francisco, e eu sempre frequentava sem ter carro;, lembra Bastos. ;Em 2000, já com o meu carro, fundei o Clube do Fusca de Taguatinga, que também recebia nas reuniões carros antigos. Tempos depois, o seu Carlos, que já é um senhor de idade, me procurou para saber se eu queria assumir o clube.;
Mingau
Outro aficionado pelo cinquentão é o sargento do Corpo de Bombeiros Anderson Ferreira de Melo, 36 anos, morador de Taguatinga. Melo conta que a paixão começou aos cinco anos, quando ele ganhou do pai um carrinho preto, da polícia, modelo Fusca. Em 1998, já casado e pai de uma menina, o bombeiro fez um empréstimo de R$ 1,4 mil e comprou um fusquinha 1972, branco-lótus, de uma moça chamada Adriana. O carro foi apelidado de Mingau.
;Quando eu parei o Fusca na garagem, depois de dar a primeira volta, o assoalho do carro caiu no chão. No outro dia, colei uns pedaços de madeira no espaço que tinha caído e levei para a oficina. Fiquei mais três anos com Mingau porque precisei comprar um carro mais novo para dar mais conforto à minha família;, conta.
Já em 2007, com a situação financeira estabilizada, Melo comprou um Fusca 1974 branco. Mas não estava satisfeito e resolveu procurar mais um, em melhor estado de conservação. ;Foi aí que eu conheci o Carlos. Me disseram que ele saberia onde encontrar o (Fusca) que eu queria e ele me deu o endereço de uma pessoa que morava no P Norte. Achei um Fusca 1979, 1300, azul-colonial, muito conservado;, relembrou.
O zelo com o automóvel é tamanho que apenas Melo conduz a preciosidade ; ninguém pode entrar calçado, e comer dentro do carro é proibido. ;Não há sensação melhor do que dirigir um Fusca. Onde você chega, chama atenção. Você nunca é mais um na multidão. É um momento único;, resume.