Cidades

MP denuncia ex-porteiro por morte do casal Villela

Guilherme Goulart
postado em 21/01/2011 08:17
Os três homens acusados de envolvimento no triplo homicídio ocorrido na 113 Sul em agosto de 2009 foram denunciados ontem à Justiça pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O juiz Fábio Francisco Esteves, do Tribunal do Júri de Brasília, recebeu o inquérito que investiga os assassinatos do casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos ; ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ;, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e da empregada Francisca Nascimento da Silva, 58, mas ainda não decidiu se acata a denúncia. O processo fica agora anexado ao de Adriana Villela, filha das vítimas, também acusada de participação no crime.

Na tarde de ontem, o promotor Maurício Miranda, do Tribunal do Júri de Brasília, disse ao Correio que há indícios suficientes para provar o envolvimento de Leonardo Campos Alves ; ex-porteiro do prédio onde moravam as vítimas ;, Paulo Cardoso Santana e Francisco Mairlon Barros Aguiar no triplo homicídio ocorrido em 28 de agosto de 2009 no Bloco C da 113 Sul. Os três estão presos desde novembro do ano passado. ;Os outros acusados tinham de ser denunciados, assim como ocorreu com a Adriana Villela;, limitou-se a dizer o promotor. O caso segue em segredo de Justiça, o que impede as autoridades ligadas ao julgamento de divulgar detalhes do processo.

Monique Renne/CB/D.A Press - 17/11/10
Paulo Santana e Leonardo Alves: mais três denunciados pelo triplo homicídio ocorrido em agosto de 2009
Os advogados de Adriana Villela estiveram no gabinete do juiz no Tribunal de Justiça do DF. Mas o defensor Rodrigo Alencastro não teve acesso ao teor da denúncia oferecida pelo Ministério Público do DF. ;Não sei em que termos foi formulada a denúncia, mas não há absolutamente nenhuma possibilidade de relacionar a conduta do (ex-) porteiro Leonardo, do Paulo e do Francisco com a de Adriana Villela. Ela sempre apontou a necessidade de investigá-los, e a Corvida ignorou. Inicialmente, as confissões deles negaram qualquer indicativo de mandante;, afirmou o advogado.

A reportagem tentou ontem conversar com o juiz Fábio Esteves. O chefe de gabinete do magistrado informou que ele levou o inquérito aberto pela Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida) para analisá-lo em casa. Segundo o funcionário do Tribunal de Justiça do DF, Esteves deve decidir se acata ou não a denúncia contra os três acusados ainda hoje. Se isso acontecer, o julgamento por homicídio qualificado será reiniciado com a fase de oitiva dos envolvidos nos assassinatos, além das testemunhas de defesa e de acusação.

Presos
No início de janeiro, a Corvida concluiu o inquérito complementar que investiga o triplo homicídio ocorrido na 113 Sul. A delegada Mabel de Faria, coordenadora da unidade da Polícia Civil do DF especializada em apuração de homicídios, pediu o indiciamento dos três acusados. Dois deles confessaram participação no crime praticado no apartamento 601/602 do Bloco C ; na primeira parte da investigação, encerrada em setembro do ano passado, a polícia havia apontado e indiciado a arquiteta Adriana Villela, filha do casal de advogados, como a mandante dos assassinatos. Posteriormente, o Ministério Público denunciou Adriana à Justiça, que acatou o pedido e abriu processo contra ela.

Leonardo, Paulo e Francisco acabaram presos após uma investigação paralela realizada pela 8; Delegacia de Polícia, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Nenhuma das autoridades envolvidas no caso sabia das diligências (leia Memória). A então delegada da 8; DP, Deborah Menezes, prendeu o ex-porteiro do Bloco C em Montalvânia (MG). O homem de 44 anos indicou um comparsa: Paulo, detido por outro crime no município mineiro. A polícia chegou por último a Francisco, morador do Pedregal (GO), com quem Paulo havia participado de outras ações criminosas.

No último dia 13, o trio teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Fábio Esteves. A decisão, tomada um dia antes de vencer o prazo das detenções temporárias dos acusados, garantiu que eles permanecessem sob a custódia da polícia pelo menos até o fim do julgamento.

Colaboraram Diego Amorim e Juliana Boechat


MEMÓRIA
Desavenças públicas

As investigações do triplo homicídio ocorrido na 113 Sul deixaram em evidência três delegadas da Polícia Civil do DF. Martha Vargas, ex-chefe da 1; Delegacia (Asa Sul), e Mabel de Faria, diretora da Coordenação de Investigação de Crimes contra a Vida (Corvida), entraram em atrito depois que a primeira perdeu o caso a pedido do Ministério Público do DF ; em novembro de 2009, a Justiça do DF determinou a troca de comando por suspeita de arbitrariedades por parte de Martha.

Para evitar maiores conflitos, a direção da Polícia Civil do DF criou um trabalho em conjunto com três unidades policiais. A iniciativa não deu certo. Em menos de um mês, Martha e Mabel se estranharam. Há relatos de que as duas brigaram em uma das reuniões do grupo. A força-tarefa viria a implodir com a soltura ; por falta de provas ; de três suspeitos que haviam sido detidos pela ex-titular da 1; DP. Com isso, Martha saiu do caso, que passou a ser exclusividade da Corvida.

Em dezembro de 2009, o então responsável pela unidade especializada em elucidação de homicídios, delegado Luiz Julião Ribeiro, deixou o inquérito nas mãos de Mabel. As desavenças internas se tornaram públicas com uma investigação paralela conduzida inesperadamente pela 8; DP, no SIA. Em novembro do ano passado, a titular da unidade, delegada Deborah Menezes ; de quem Martha Vargas é discípula ;, prendeu em Minas Gerais o ex-porteiro Leonardo Campos Alves.

Nenhum dos principais órgãos envolvidos no caso sabia da apuração. Por conta do mal-estar, as delegadas Mabel e Deborah trocaram farpas por meio da imprensa em virtude de um suposto informante apresentado pela 8; DP. Ele seria o responsável pela dica que levou à detenção do ex-funcionário do prédio onde moravam as vítimas.

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