Luiz Calcagno
postado em 22/01/2011 08:00
O Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou ontem uma série de medidas para tirar do caos o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). As intervenções, todas emergenciais, fazem parte de pacote de obras definido pelo governador Agnelo Queiroz (PT). Ele inspecionou ontem a unidade de saúde e determinou reformas imediatas no sistema hidráulico, na rede de saneamento, no pronto-socorro e no teto infiltrado. Também haverá investimento na ampliação do número de leitos e da quantidade de máquinas de hemodiálise (leia quadro). As obras começam em uma semana. O orçamento previsto para as primeiras modificações na estrutura é de R$ 2,3 milhões. Acompanhado do secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa, e do secretário de Obras do DF, Luiz Pitiman, o governador passou pelos cinco andares do prédio. E considerou a situação ;uma calamidade;. ;Há infiltração em todos os andares do HRT e chove em alguns locais. Por conta disso, há diminuição da disponibilidade dos leitos em praticamente todos os setores;, disse o governador.
Os vazamentos, os problemas no esgoto, o mofo e a falta de manutenção reduzem a capacidade de atendimento do local. Com a bagunça e a falta de espaço, pacientes ocupam salas de limpeza. ;Várias enfermarias estão sem água quente por conta disso. Não há justificativa para chegarmos a esse ponto. Comprometemos até o tratamento dos pacientes. É uma questão de higiene;, alertou Agnelo. Ele responsabilizou a gestão anterior pelo atual estado do hospital e de todo o sistema de saúde do DF. ;É um grau de irresponsabilidade muito grande dessa herança maldita recebemos. Quando falamos em saúde pública, estamos falando da vida das pessoas, não de uma fábrica de sapatos;, criticou.
Sobre o pronto-socorro, Agnelo disse que ;nem na guerra as pessoas são tratadas dessa forma;. O governador contou que o local funciona de maneira improvisada. Em contrapartida, prometeu que, após a reinauguração do setor, haverá uma área de acolhimento de pacientes com classificação de risco. A previsão para o término das reformas do local é 21 de abril. Ele também anunciou a construção de uma unidade de pronto atendimento em Taguatinga, além de melhorias em postos de saúde para desafogar o sistema.
Agnelo anunciou ainda a ampliação da quantidade de máquinas de hemodiálise no HRT ; sairá de 18 para 30 ;, e o aumento no número de leitos na cardiologia, que passará de 26 para 40. Segundo o governador, o local poderá atender até 180 pacientes com problemas renais, a cada três turnos. A intenção é tornar a unidade o maior centro de diálise pública do Distrito Federal. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também ganhará novos leitos. Passará de seis para 14 nas próximas 48 horas.
Será construído ainda um banco de leite, considerado hoje uma das áreas mais críticas do hospital ; funciona de maneira improvisada na enfermaria pediátrica. ;O banco de leite do HRT já foi referência internacional, mas está em uma situação lastimável. Vamos construir um setor à parte, fora do hospital. Em toda a rede, vamos dar uma grande prioridade para isso;, afirmou. Após a vistoria, Agnelo reuniu-se com a direção do hospital.
Denúncia
O secretário de Saúde do DF concordou com as conclusões tiradas pelo governador Agnelo durante a visita ao HRT. Segundo Rafael Barbosa, além de todos os problemas enfrentados, todo o sistema de saúde do DF sofre com a falta de recursos humanos e materiais. Ele destacou que os trabalhos nos setores de emergência são os piores. ;A questão dos recursos humanos é grave na rede. É desumano o trabalho do profissional de saúde. Todos os trabalhadores foram colocados desumanamente nas equipes de emergência;, reclamou.
Um funcionário do HRT, que preferiu não se identificar, queixou-se das dificuldades enfrentadas no local. Segundo ele, diversos procedimentos importantes acabam sendo realizados na base do improviso. ;O que mais se destaca no HRT são as coberturas destruídas e a má acomodação de pacientes. O hospital está insalubre. Já vi até paciente internado sentado em cadeira. O pronto-socorro está com restrições por falta de espaço físico. Os profissionais trabalham com o que têm em mãos, mesmo sabendo que eles e os pacientes correm riscos;, reclamou. O Correio obteve com exclusividade um vídeo que mostra as condições do local (confira QR Code).
Rim artificial
A máquina de hemodiálise faz o papel do rim para pacientes com insuficiência renal crônica ou aguda. O processo de separação por diálise consiste basicamente em remover substâncias tóxicas do sangue do doente, entre elas a creatinina e a ureia.
Melhorias
Confira o que será modificado no centro clínico de Taguatinga:
; Impermeabilização do forro
; Reforma do sistema hidráulico
; Intervenção no sistema de esgoto
; Reforma do pronto-socorro
; Acréscimo de seis leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
; Aquisição de máquinas de hemodiálise. Hoje, há 18. Serão 30
; Construção de um banco de leite
; Mais leitos para a cardiologia. São 26 e chegarão a 40