postado em 24/01/2011 08:34
O caos no Hospital de Base do Distrito Federal virou motivo de desespero para uma família. Um casal que sobreviveu a um grave acidente de trânsito na última quarta-feira sofre por falta de atendimento adequado na maior unidade pública de saúde da capital federal. Segundo parentes das vítimas, o motorista aposentado Ademário Mota Martins, 54 anos, está no corredor do pronto-socorro aguardando a realização de uma operação. Ele chegou ao local em estado grave e, mesmo assim, não teve prioridade no centro cirúrgico.Ademário fraturou a perna e o braço esquerdos e sofreu lesões também na costela. Ele teve ainda o pulmão perfurado. A mulher da vítima, a diarista Maria Olindina, 39 anos, também ficou ferida. Ela teve hemorragia interna mas, diferentemente do marido, recebeu pronto atendimento, passando por cirurgia. O problema é que agora se recupera nas instalações da enfermaria ; local inadequado para a permanência da paciente.
;Nos informaram que ele vai precisar de duas equipes grandes para passar pela cirurgia. Acontece que não há profissionais para realizá-las. Sempre falam que vão fazer os procedimentos e ficamos esperando, mas nada acontece. No caso dela, alegam que não há vagas no andar adequado para a internação;, contou a gerente de loja Alaíde de Araújo Barbosa, irmã de Maria. ;Desde que meu cunhado chegou, não passou por nenhuma limpeza. Só estão dando remédio para dor. Ele está, literalmente, jogado num canto;, acrescenta a familiar da vítima. ;Ontem mesmo, o Ademário começou a sentir dormência no braço e na perna. Se continuar desse jeito, corre um risco muito grande de perder os membros;, completou.
Após o procedimento cirúrgico, o motorista aposentado deverá ser internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) mas, segundo a família, os médicos alegam que não há vaga para ele no Hospital de Base. A direção da unidade foi procurada pela reportagem do Correio mas, até o fechamento desta edição, ninguém foi localizado para comentar o problema. ;Aguardar três dias para operar é muito pouco. Depende muito do quarto do paciente. O acompanhante conta a sua história mas, se a pessoa está grave, grave mesmo, ela é assistida. É importante observar ainda que é preciso estabilizar o quadro do doente. Só ontem, por exemplo, realizamos 13 cirurgias aqui;, informou um funcionário do HBDF que preferiu não se identificar.
A família das vítimas procurou, na última quinta-feira, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para buscar informações sobre os procedimentos necessários para entrar com uma representação na Justiça contra o hospital. Até o momento, porém, parentes das vítimas do acidente afirmam não ter recebido qualquer resposta.
;Ele não está suportando as dores e acha que pode ficar pior se nada for feito. É um verdadeiro descaso com a saúde pública do DF. Isso não poderia acontecer. É a primeira vez que passamos por isso;, afirmou o aeroviário Cleidimar da Silva Soares, 33 anos, sobrinho das vítimas. ;E não é só descaso do hospital, é também dos médicos, que não dão retorno às famílias. Os que mais vemos trabalhar são os enfermeiros. É um absurdo;, acrescenta.
A família não sabe quais são os riscos de uma transferência, mas cogita a possibilidade de solicitar uma mudança de hospital. ;O governador tem que passar um dia no Base para ver o que os pacientes e os acompanhantes passam. Aí sim, queria ver se a situação da Saúde no DF não mudava;, propõe o ladrilheiro Miguel Franco Soares, 44 anos, também irmão de Maria. ;As pessoas são tratadas igual a bicho, como se fossem indigentes;, arremata.
Colisão na DF-001
Uma colisão frontal envolvendo três carros na DF-001 causou a morte de um homem e deixou outras duas pessoas feridas ; Ademário e Maria Olindina. O acidente entre uma Parati, um Corsa Classic e um Gol ocorreu próximo à Estação de Rádio da Marinha e à BR-040, na região de Santa Maria (DF), na última quarta-feira. Não chovia no momento e as condições da pista eram boas.
PARALISAÇÃO EM SANTA MARIA
; O atendimento no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) ainda não foi normalizado. Para piorar a situação dos pacientes que precisam da rede pública, funcionários contratados pela Real Sociedade Espanhola de Beneficência, mantenedora do espaço, ameaçam realizar uma paralisação total dos serviços ainda hoje. Eles organizam uma manifestação em frente à unidade. Os funcionários questionam os termos do contrato atual entre a empresa e o GDF. O acordo entre as partes venceu em 21 de janeiro, mas a Justiça decidiu autorizar a continuidade da prestação dos serviços por mais 90 dias. Procurada, a assessoria de imprensa do HRSM disse não ter sido comunicada acerca da paralisação da categoria.