Juliana Boechat
postado em 25/01/2011 08:24
A semana começou com engarrafamento na Ponte JK. A redução da velocidade da via de 60km/h para 40km/h causou transtorno na manhã de ontem para quem deixava o Lago Sul em direção ao Plano Piloto. Ainda no fim de semana, agentes do Departamento de Trânsito (Detran) posicionaram cones ao longo da pista para obrigar os condutores a andar em ziguezague e diminuir o ritmo. A volta para casa também foi marcada por lentidão. Segundo o órgão, a determinação partiu dos engenheiros responsáveis pela obra na ponte e deve permanecer assim até que as peças gastas sejam substituídas por novas. Ontem, o secretário de Obras, Luiz Pitiman, encaminhou o pedido de dispensa de licitação ao Tribunal de Contas do Distrito Federal para comprar o material, mas ainda não recebeu resposta. Não há previsão para a troca das peças.O arquivista Claudio Monteiro, 43 anos, levou 50 minutos para percorrer a distância de aproximadamente 2 quilômetros do balão que dá acesso aos condomínios do Lago Sul ao início do Setor de Clubes Sul, do outro lado da Ponte JK. ;Liguei para a minha mulher e falei para ela evitar a ponte. Mas a QI 23 também estava toda congestionada;, contou. Monteiro teme a interdição do local. ;Vai ser um caos. Essa região cresceu muito com o Paranoá, os condomínios e o próprio Lago Sul. Além de a Ponte Costa e Silva ser mais distante, ela não suporta a demanda daqui.; Como o arquivista voltou para casa antes das 18h, não enfrentou a lentidão do horário de pico.
A partir das 18h15, o trânsito ficou carregado e agentes do Detran optaram por retirar os cones dispostos no meio da pista para impedir a circulação rápida dos veículos. A lentidão durou aproximadamente 30 minutos. Muitos motoristas aproveitaram a orientação de passar pelo local em baixa velocidade para saciar a curiosidade e ver de perto a fissura que, detectada pelos órgãos do GDF na última quinta-feira, é responsável pelas oscilações na pista da ponte. Ainda na semana passada, técnicos da Novacap e engenheiros responsáveis pela construção do monumento, inaugurado há oito anos, realizaram uma correção provisória para evitar acidentes. Foi colocado um pedaço de madeira entre uma peça de sustentação da ponte e a parte inferior da pista. Um dos aparelhos que garante o nivelamento da via estava desgastado e havia deixado a estrutura bamba. O problema teria ocorrido por falta de manutenção.
Cones
Segundo o gerente de fiscalização do Detran, Marcelo Madeira, a câmera responsável pelo monitoramento do trânsito na Ponte JK estava malposicionada e não possibilitou ao órgão a visibilidade do engarrafamento formado na manhã de ontem. ;Na hora do almoço, corrigimos a posição e agora temos uma boa visão do que está acontecendo. Se a posição dos obstáculos gerar congestionamento, nós afrouxaremos a fiscalização para fazer o trânsito fluir;, disse. Segundo Madeira, a determinação de diminuir a velocidade da via partiu dos engenheiros da obra. A vibração causada pela passagem dos veículos em alta velocidade leva mais danos à estrutura do que o peso depositado em cima da fissura. ;Tanto é que os ônibus foram liberados. Mas todos têm de respeitar a velocidade;, orientou.
Barricadas
Antes de posicionar cones, o Detran havia optado por radares móveis. Como muitos motoristas ignoraram a presença do equipamento, o órgão decidiu montar barricadas com cones ao longo da pista. ;Tem gente que não se importa de levar multa porque tem dinheiro para pagar, então não respeita a velocidade da via. Nesse caso, não adianta a gente multar, porque não é isso que interessa;, criticou Madeira. Quando o problema da ponte foi detectado, o órgão de trânsito fechou as duas entradas da pista. Depois, liberou apenas a passagem de veículos leves e de ônibus. Os caminhões ainda estão proibidos de circular ali. Uma barreira da Polícia Militar desvia os motoristas de veículos pesados para a Ponte Costa e Silva.
Desde a última quinta-feira, equipes de vários órgãos dedicam-se, em tempo integral, à Ponte JK. Ontem, técnicos da Novacap fizeram plantão no local para observar o comportamento da estrutura. Dessa forma, a operação organizada pelo Detran para verificar a necessidade de liberar a faixa central da Ponte Costa e Silva aos domingos foi suspensa por tempo indeterminado. A ideia inicial era deslocar uma equipe de agentes para garantir a abertura da pista durante todo o último domingo e, assim, estudar a quantidade de veículos que passam por ali. Mas os funcionários do órgão de trânsito foram deslocados para colaborar na ação de contenção da fissura que causou as oscilações na outra pista. ;Precisávamos de uma equipe e da engenharia do órgão para acompanhar o movimento na Costa e Silva, mas todo o efetivo está empregado na JK;, explicou Madeira.
Manutenção constante
Especialistas chamam a atenção para a necessidade de constante manutenção da estrutura de pontes. A Associação Brasileira de Normas Técnicas sugere que a primeira inspeção seja feita no momento da construção da ponte e, depois, determina como deve ser a inspeção periódica. Uma vez verificada alguma alteração estranha na estrutura, como o aparecimento de uma fissura um pouco maior ou vibração em excesso, é necessário realizar a inspeção especial. A vistoria em uma ponte deve ser feita anualmente. Com essa rotina, torna-se possível ampliar a vida útil do monumento, que, normalmente, é de 50 anos.