postado em 28/01/2011 08:00
Os brasilienses ainda não descobriram os encantos do Jardim Botânico de Brasília por inteiro. Durante a semana, o espaço ecológico fica quase vazio. A maior parte das pessoas que passam por ali é de funcionários do local. Aos fins de semana, o movimento aumenta. Mas nada que se compare, por exemplo, ao Parque da Cidade. O desinteresse ocorre, em partes, por conta da falta de investimentos em atrações para motivar a presença da comunidade. A situação, porém, está prestes a mudar. A reserva ecológica passa por uma grande reforma e tem vários novos espaços em construção. Tudo para comemorar os 26 anos do JBB, em 8 de março próximo. O local conta com um orçamento de R$ 3,8 milhões por ano, para pagamento de pessoal e manutenção. Mas, segundo o diretor do Jardim Botânico de Brasília, Jeanitto Gentilini, há 25 anos, praticamente desde a inauguração, o lugar não recebia somas expressivas para investir em obras.
Nos últimos anos, porém, o JBB foi beneficiado com dinheiro vindo de uma emenda parlamentar ; proposta pelo então deputado federal Tadeu Filippelli, hoje vice-governador do DF. Também está disponível, atualmente, verba do Fundo Único do Meio Ambiente do DF (Funam), criado pelo atual secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão.
Com o dinheiro, o orquidário e a casa de chá ; que estava abandonada ; foram reformados. Um complexo chamado Jardim Contemplativo está em construção. Nele, o visitante percorrerá uma trilha de 4 quilômetros. No caminho, passará por várias paisagens, com diferentes tipos de vegetação. Em um minuto, o pedestre estará cercado de mata atlântica. No momento seguinte, vai conhecer um pouco da mata amazônica. Em poucos passos, aparecem a vegetação dos pampas, a caatinga e, é claro, muito cerrado.
Oriente
O Jardim Contemplativo, no qual foram investidos R$ 600 mil, terá 3 hectares, que abrigarão 5 mil espécies diferentes. O espaço tem a meta de complementar o Jardim Evolutivo, idealizado à época da inauguração do JBB e composto por espécies de diversos biomas. Ao fim do trajeto, o visitante será levado ao Jardim Japonês, também em obras. Com tema oriental, o local foi projetado pelo paisagista Joaquim Gomes. O dinheiro para a construção, R$ 300 mil, veio depois da aprovação da emenda parlamentar criada para comemorar o centenário da imigração japonesa no Brasil, em 2008.
O Jardim Japonês terá 3,4 mil metros quadrados, divididos em espelhos d;água, cascatas, quiosques em modelo japonês e outros detalhes que remetem à cultura nipônica. A intenção é usar o local para atividades culturais típicas do Japão, como o ritual do chá. Esse espaço ficará ao lado do Jardim dos Cheiros, que já está em funcionamento. Ali há uma grande diversidade de ervas. Muitas delas, como a alfazema, a erva-cravo e a canela, servem para preparar saborosos e aromáticos chás.
A ideia é aproveitar as ervas do Jardim dos Cheiros para fazer sessões de chá no Jardim Japonês. A direção do Jardim Botânico quer também construir uma pequena fábrica do produto, que poderá ser doado ou vendido a preço simbólico aos visitantes. ;O Brasil tem uma diversidade cultural muito rica. Precisamos aproveitá-la melhor aqui dentro;, afirmou o diretor. A equipe também oferece oficinas de culinária, com o uso das ervas, aos interessados.
Estética
Durante o passeio pela trilha, além de apreciar a beleza das plantas, o público pode ter a sorte de encontrar animais como veado-campeiro, tamanduá, seriema e iguana. Depois da inauguração dos novos espaços, a expectativa é que o público passe a frequentar mais o JBB. ;Temos o desafio de equilibrar o peso científico e a resposta estética, para atrair a visitação. Para isso, contamos com uma equipe bem articulada de arquitetos, paisagistas e pesquisadores;, afirmou Gentilini.
A casa de chá, um dos espaços que poderia atrair a visitação, está totalmente renovada. Espera agora pela licitação para decidir quem poderá explorar o local com fins comerciais. Cerca de 120 mil pessoas visitaram o Jardim Botânico de Brasília em 2010. A média de visitas mensais chegou a 10,9 mil. Comparado a outros pontos turísticos da cidade, o número é pequeno. No entanto, foi maior que o quantitativo em anos anteriores. Em 2007, por exemplo, o local registrou a presença de 40 mil visitantes. Um ano depois, o número subiu cerca de 50%. Hoje é 200% maior que há três anos.
Raio-X
Data da fundação
8 de março de 1985.
Extensão
É o segundo maior do mundo, com 5 mil hectares. Desses, 526 hectares são abertos a visitação, com plantas nativas e exóticas devidamente identificadas, além de uma trilha ecológica com 4,5 mil metros.
Preço da visita
R$ 2, revertidos para o manutenção do espaço. Crianças até 10 anos e adultos acima de 60 anos não pagam.
Horário de funcionamento
8h às 17h20.
Foco
Pesquisa, lazer e educação ambiental.
Curiosidade
É o único jardim botânico no cerrado do país.