Roberta Machado
postado em 31/01/2011 08:00
Mochilas à mão, uniformes bem arrumados e sapatos recém-limpos para mais um esperado retorno à sala de aula. Hoje, milhares de crianças e jovens acordam mais cedo para não perder o primeiro dia letivo das escolas particulares do Distrito Federal. Até o fim da semana, são esperados mais de 300 mil alunos retornando à rotina escolar. Nos colégios públicos, o semestre começa no dia 10. Para garantir que a volta às aulas seja tranquila, no entanto, não basta ter lápis novo e caneta no estojo. Desde pequenos cuidados - como sair de casa mais cedo para evitar trânsito até questões mais complexas, como a atenção ao transporte escolar e orientações para garantir a segurança de filhos que vão para a escola sozinhos - devem ser observados agora para que o ano seja produtivo para as crianças e adolescentes e de total tranquilidade para os pais.O impacto causado pelo início do período letivo é maior a cada ano. Além dos alunos que retomam os estudos nesta semana, o quadro deve se agravar quando os colégios públicos também retornarem à ativa. Ao todo, mais de 800 mil estudantes devem voltar às ruas e ao transporte público do Distrito Federal nos próximos dias %u2014 o equivalente a aproximadamente um terço da população do DF.
Júlia Oliveira de Torrecillas, 10 anos, está ansiosa para voltar à escola na nova turma da 6; série. "É muito melhor do que ficar em casa. Estava sentindo falta das amigas e de estudar", garante. Para o pai dela, o consultor Aluízio Torrecillas, as prioridades são diferentes. Ele divide com a mãe de Júlia a responsabilidade de acompanhar a filha até a instituição de ensino. "Preferimos buscar e levar Júlia na escola, todos os dias, alternando entre nós. Ficamos muito atentos aos horários dela e, principalmente na primeira semana de aula, atentos também à entrada dela na escola, para garantir que ela foi entregue em segurança. A mesma coisa na saída da aula", explica.
Pai de três filhas, Aluízio explica que busca orientar a caçula, desde o início do semestre letivo, sobre questões de segurança. %u201CAs escolas estão cheias de pessoas novas e desconhecidas. O trânsito, por outro lado, repleto de motoristas que não sabem agir sobre pressão. Busco fazer minha parte, mantendo a calma no trânsito, além de frisar com Júlia a necessidade de evitar situações de risco%u201D, explica.
A preocupação do pai está correta. Segundo o comandante do 1; Batalhão de Policiamento Escolar, tenente coronel Maurício Andrade da Silva, durante os primeiros dias de aula, é importante que pais e alunos tomem certos cuidados. %u201CA atenção deve estar redobrada, em todos os quesitos%u201D, afirma. Segundo Maurício Andrade, dirigir com atenção e buscar se adiantar ao sair de casa será essencial, já que o ritmo nas ruas vai aumentar. Além disso, ele lembra que estacionar em locais proibidos com o objetivo de ser rápido não vai garantir praticidade nenhuma: o trânsito ficará mais lento e perigoso para as crianças. "sso sem contar o risco que o motorista corre de levar uma multa por estacionar em local indevid", alerta o comandante.
Durante o mês de fevereiro, o Batalhão Escolar contará com a parceria do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF), do Batalhão de Operações Aéreas e das unidades da Polícia Militar para reforçar a segurança nas ruas e orientar educadores, pais e alunos. A Campanha Volta às Aulas, realizada com o apoio do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe/DF), visitará todas as escolas particulares e públicas até o fim do mês. Equipes do Batalhão Escolar vão orientar e distribuir cartilhas com dicas para ensinar crianças e jovens a não correr riscos no trânsito e nas ruas, além de ensinar pais a conhecer melhor a rotina dos filhos. %u201CEssa é uma ação preventiva e de conscientização. Os conceitos dos quais vamos falar começam agora e devem ser levados durante todo o ano%u201D, explica Maurício Andrade.
Atento ao tumulto causado todos os anos pela briga dos pais na dura tarefa de estacionar nas áreas escolares, o Detran intensifica a partir de hoje as ações de fiscalização nas ruas de Brasília. %u201CNão vamos tolerar a fila dupla na porta das escolas nem mesmo para o desembarque da criança. Isso a expõe a risco e ainda piora o trânsito. E vamos cobrar o uso da cadeirinha, portanto os pais precisam estar atentos%u201D, avisa o gerente de fiscalização do Detran, Marcelo Madeira.
Transporte
Os dois filhos da advogada Mila Lôbo, 40 anos, retornam às aulas hoje. Maitê Lôbo Kolarik, 16, começa o 3; ano do ensino médio, enquanto Lucas Lôbo Ataíde, 13, o 8; ano do ensino fundamental. Para os dois, atenção redobrada no que diz respeito à ida e à volta da escola. "Maitê vai e volta para a escola, na Asa Sul, de transporte escolar desde o ano passado. Lucas vai a pé, e por isso, oriento quase que diariamente para que circule por locais permitidos para pedestres e não saia do colégio sem companhia", afirma. Ela conta que, para escolher o transporte escolar de Maitê, teve que pesquisar no Detran as autorizações para circulação dos candidatos a motorista. "Após confirmar que estava tudo regular, só então fechei contrato", conta.
Segundo Lúcio Lahn, chefe do Núcleo de Atendimento e Controle dos Permissionários do Serviço de Transporte Coletivo de Escolares (Nuace), as vistorias obrigatórias nos veículos escolares são feitas a cada seis meses para a renovação de licenças. Durante o procedimento, são verificadas as condições do veículo e dos condutores."Por isso, é muito importante que os pais verifiquem a documentação antes de contratar o serviço. É uma garantia de segurança", explica. Entre as checagens necessárias, é importante saber se o condutor tem a permissão emitida pelo Detran. Os pais devem solicitar esse documento e conferir se os dados nele contidos batem com os do veículo e do motorista. "Os responsáveis pelo aluno devem checar se a habilitação emitida para o motorista é de categoria D ou E. No campo de observações, devem constar duas informações: que o motorista está habilitado em escolar e que exerce atividade remunerada", explica.
Os pais podem ir além para atestar o compromisso do permissionário. "A vistoria do Detran só não pode atestar a responsabilidade do motorista. Nesse ponto, cabe aos pais orientar os filhos mais velhos a ficarem vigilantes com relação às atitudes do condutor: se ele mantém a velocidade estável e dentro do limite, se orienta os passageiros a usar cinto, dentre outros quesitos. Quanto aos filhos mais novos, o segredo é ensinar a questionar. Pergunte frequentemente se ;o tio que conduz o escolar; respeita as crianças e dirige corretamente. Isso pode evitar problemas futuros de grande relevância", explica.