postado em 31/01/2011 08:55
Continuam hoje, a partir das 9h, os depoimentos em torno do caso Maria Cristina Alves, a psicóloga que morreu 60 horas após submeter-se a uma cirurgia de redução no estômago com o médico Lucas Seixas Doca Júnior. O cirurgião responde a processo na Justiça sob a acusação de negligência, por não ter prestado o devido socorro à paciente, e homicídio com dolo eventual %u2014 quando há algum comportamento que contribua para a morte, ainda que sem intenção. Hoje será ouvido o médico anestesista Nabil Bayeh, que faz parte da equipe clínica do Hospital Prontonorte e que assistiu à segunda cirurgia a que a paciente foi submetida, em 15 de fevereiro de 2008.A psicóloga, de 37 anos, havia passado em 9 de fevereiro do mesmo ano por uma operação bariátrica (para redução do estômago). Três dias depois, começou a apresentar sintomas como fortes dores abdominais e febres altas. O Ministério Público sustenta que Maria Cristina teria sido levada à intervenção bariátrica em desconformidade com a lei, sem se enquadrar no padrão necessário do Índice de Massa Corporal (IMC) para o procedimento. A Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida) espera que o depoimento de Bayeh revele qual era o estado de saúde da paciente quando internada para a segunda cirurgia.
Também prestará depoimento hoje a endocrinologista Angela Beatriz Zappalá, convocada pela defesa de Lucas Seixas e que, dez dias antes da primeira cirurgia, teria assinado um laudo justificando a operação. O relatório afirma que as tentativas há 14 anos de emagrecimento, sem sucesso, reforçavam a necessidade da cirurgia bariátrica em Maria Cristina. Para a acusação, os exames realizados antes da intervenção não sustentam essa tese.
De acordo com os médicos que prestam assessoria à família de Maria Cristina, ela teria sido reoperada somente quando já apresentava uma peritonite difusa %u2014 inflamação no peritônio, que é a membrana que reveste a cavidade abdominal %u2014 e em estado grave. O médico nega, e acrescenta, em depoimento ao Conselho Regional de Medicina, que encontrou uma fístula (corte) no intestino delgado que, segundo ele, não teria sido realizada na primeira cirurgia, mas surgido apenas 12 horas antes da detecção.
O cirurgião Lucas Seixas também é investigado pela Pró-Vida pela morte de outra paciente, a advogada Fernanda Wendling, há cinco anos, que também passou pela operação bariátrica.