Cidades

PSDB dá ultimato para tucanos deixarem cargos no GDF

postado em 08/02/2011 07:45

Os tucanos do Distrito Federal com cargos em comissão no Executivo local têm até hoje para comunicarem a desfiliação do partido ou deixarem o emprego. O ultimato foi divulgado por meio da Resolução n; 1/2011 da Comissão Executiva Regional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB-DF). A cúpula local da legenda se reuniu, na última quinta-feira, para decidir os rumos da atuação política dos filiados na administração petista. Além de declarar oposição a Agnelo Queiroz (PT), a Executiva decidiu banir dos quadros qualquer dissidente.

Parte dos tucanos trabalhava pelo embarque da sigla na atual gestão para conquistar espaços políticos importantes. A fim de cessar com as especulações, o presidente regional do PSDB, Márcio Machado, convocou a reunião. ;Foi preciso tomar uma decisão pública para estancar as notícias de que o partido estava analisando a aproximação com o governo. Nós não fomos convidados para fazer parte nem estávamos discutindo isso, que era praticamente impossível;, argumenta.

Entretanto, interlocutores do Partido dos Trabalhadores iniciaram contato com o ex-adversários a fim de levá-los para a base. Em entrevista ao Correio, o secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT), não negou as conversas com os tucanos e disse ser possível negociar com todos que quiserem participar da reconstrução do DF. Um dos cenários seria a ida do único distrital da legenda, Washington Mesquita (PSDB), para o primeiro escalão. Assim, haveria oportunidades para os ex-deputados Milton Barbosa e Raimundo Ribeiro voltarem à Câmara Legislativa. O trio, no entanto, nega qualquer tipo de contato.

Antes do encontro, Machado telefonou para o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, para comunicar o encaminhamento que seria dado ao caso. Na reunião, foram determinadas duas medidas. A primeira foi declarar que o PSDB-DF é oposição e ;que manterá fiscalização permanente dos atos do atual Governo do DF;. A outra trata da expulsão sumária de quem decidir permanecer na administração.

A sanção pode ser aplicada à empresária e pastora Sandra Faraj. Ela concorreu nas eleições passadas a uma vaga de deputada distrital pelo PSDB, obtendo 11.091 votos. No dia 2 deste mês, ela foi nomeada subsecretária de Articulação Política, cargo da Secretaria do Entorno. ;Espero ser comunicada oficialmente dessa decisão, que está fora dos padrões jurídicos;, contesta. A tucana alega que a desfiliação não pode ocorrer sumariamente.

Sandra ingressou no partido em 2 de outubro de 2009. Desde então, ela afirma que a sigla tomou rumos diferentes do previsto, principalmente, quando decidiu apoiar Joaquim Roriz (PSC) na disputa pelo Palácio do Buriti. ;Eu não traí ninguém, porque não existia essa possibilidade de apoiá-lo (Roriz) e acabaram nos obrigando a engoli-lo. Agora, determinam que tem de ser oposição enquanto a metade do partido quer ser governo;, critica.

Estatuto
Machado afirma que o posicionamento da sigla era previsível. Na reunião, houve discordância apenas sobre a possibilidade de desfiliação, mas a divergência acabou vencida. Segundo o presidente, o estatuto do partido abre margem para esse tipo de medida, que passa a ser possível com a divulgação da resolução.

Salviano Guimarães, que foi o primeiro presidente da Câmara Legislativa (CLDF), deixou o partido no fim do ano passado, após 16 anos de militância. Ele tentou, sem sucesso, se licenciar do PSDB para apoiar Agnelo nas eleições de 2010. ;Empurraram o meu pedido com a barriga e nunca me deram uma resposta. Não sabiam o que fazer comigo;, avalia. Para acabar com o imbróglio, ele enviou a carta de desfiliação ao presidente da sigla e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). No início do ano, o ex-tucano acabou sendo recompensado com a nomeação para a coordenação da Assessoria Internacional do GDF. ;O PSDB está correto, porque perdeu a eleição e agora tem de ser oposição. Democracia é assim mesmo.;

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