postado em 08/02/2011 07:52
A volta às aulas em toda a rede pública de ensino do Distrito Federal terá início na próxima quinta-feira. Ao todo, 649 unidades de ensino abrirão as portas para os mais de 500 mil alunos matriculados. O problema é que nem todas elas estão realmente preparadas para a devida recepção. O governador Agnelo Queiroz (PT) anunciou, no início de janeiro, uma força-tarefa para revitalizar 300 escolas públicas. O prazo para que a ação, batizada de Escola Arrumada, seja concluída se encerrará exatamente no próximo dia 10, mas ainda falta muito para que algumas estruturas estejam adaptadas apropriadamente para o início do ano letivo.É o caso da Escola Classe (EC) 415, em Samambaia Norte, que além da edificação inadequada para atender os estudantes, sofre com a falta de equipamentos. Na noite de 17 de janeiro, a instituição foi tomada pelo fogo. Sete salas do local ficaram completamente destruídas após um incêndio criminoso. Apesar de não estar, inicialmente, incluída na lista de unidades escaladas para o Escola Arrumada, após o incidente o governador decidiu incluí-la. Mas funcionários do local denunciam que, dos reparos previstos, pouca coisa foi feita até o momento.
;As salas queimadas foram reformadas, mas ainda falta toda a mobília perdida: mesas, cadeiras. Sem falar nas máquinas como computadores, duplicadores. Não temos armários também. Teremos que reaproveitar alguns que foram chamuscados durante o fogo;, explicou o diretor da instituição, Antônio Rafael da Silva Júnior. ;Quanto às obras que não tinham relação com o incêndio, elas não aconteceram. Falta reformar a guarita, trocar as canaletas, substituir as placas de acrílico do teto do bloco e esses são só alguns exemplos;, sinalizou.
As professoras do colégio Fátima Lobo e Thereza Cristina Marques concordam em dizer que os alunos correrão riscos no início das aulas. A última afirma que já teve de dar aula usando um guarda-chuvas. ;Era tanta goteira dentro da sala que não dava para acreditar. Eu tinha que ficar andando com os meninos, trocando-os de lugar, esquivando dos pingos. Tem um buraco no forro próximo ao quadro que não tem condições. A solução seria derrubar tudo e nos transferir para outro local. Estamos nesse prédio, provisoriamente, há 20 anos;, disse. Fátima foi além: ;Acho um absurdo termos que reutilizar armários que foram atingidos pelo fogo e, se você observar melhor, vai ver que a reforma das salas não foi bem feita. Os pisos estão remendados, há tinta escorrendo nas paredes;.
Contagem regressiva
Ontem, durante coletiva de imprensa promovida pela Secretaria de Educação sobre a operação, o responsável pela coordenação do mutirão e assessor de gabinete da pasta, Clerton Evaristo, esclareceu que os tipos de reformas levantados pelo diretor da EC 415 não fazem parte do Escola Arrumada. ;Não quer dizer que essas coisas não vão ser feitas.
Vão, mas essa não é a proposta desta ação. Nesta etapa estão sendo realizados pequenos reparos, que serão concluídos em todas as unidades listadas até a data limite;, afirmou. ;Assim que fizemos a relação com as escolas em situação emergencial, outras com problemas até mais graves nos procuraram. Então, estamos atingindo um número ainda maior do que o proposto inicialmente. Até dia 10, 305 unidades serão atendidas. De toda forma, sabemos que nem todos os defeitos existentes serão consertados;, completou.
Entre os pequenos reparos citados por Evaristo estão: troca e vistoria em telhados (telhas quebradas), corte e poda de gramas e árvores, conserto de calçadas, troca de lâmpadas, além de reparos na rede elétrica e hidráulica. O diretor da Escola Classe 415 encaminhou dois ofícios à regional de ensino ontem. Um deles listava o mobiliário em falta, o outro listava as reformas pendentes, como melhoria da acessibilidade dos blocos e aumento da altura do muro em volta da escola. De acordo com o Clerton Evaristo, até o início do ano letivo, pelo menos a questão dos móveis na unidade de Samambaia estará resolvida.
Ainda segundo informações da assessoria especial de comunicação da entidade, a iniciativa será mantida durante o decorrer do ano para evitar a ocorrência de outras ações emergenciais similares. Dentro do orçamento destinado pelo governo à Secretaria de Educação para 2011, R$1,7 milhão está separado para gastos com a manutenção das escolas, sendo R$ 26 mil por instituição. Futuramente, a meta da pasta é aperfeiçoar o sistema de ensino integral e readequar o espaço das escolas de todo o território.
Até a última sexta-feira, 220 unidades de ensino tinham sido visitadas por empresas terceirizadas que prestam serviços de manutenção para a secretaria. Algumas instituições foram atendidas completamente; outras, parcialmente. Com relação a ações diversificadas dos demais órgãos que participam da força-tarefa ; secretarias de Obras e Meio Ambiente, Sistema de Limpeza Urbana (SLU), Centro de Progressão Penal (CPP), Detran, Novacap, Caesb, CEB e Agefis ;, o cálculo de representantes da pasta é de que mais de 400 já tenham sido percorridas.
De 26 colégios da regional de ensino de Santa Maria, por exemplo, 10 ainda não receberam a iniciativa. Em escolas do Riacho Fundo também faltam reparos. Mas no Centro Educional I do Cruzeiro Velho, a história é diferente. Segundo representantes da pasta, a unidade já passou pelos serviços de roçagem, capinagem e poda. No Centro de Educação Infantil I e II , em Sobradinho, todas as atividades previstas foram concluídas.
Apresentação
Para dar início ao ano letivo, a Secretaria de Educação do Distrito Federal promove, amanhã, um evento no Centro de Convenções a partir das 14h. Estarão presentes a secretária da pasta, Regina Vinhaes, os subsecretários e assessores, além de quatro representantes de cada escola. Segundo o chefe de gabinete da pasta, Adilson Cesar de Araújo, o encontro tem o objetivo de apresentar a nova composição da Secretaria e os eixos que ela irá defender ao longo do ano.
Estrutura
A instituição conta com 800 alunos, de cinco a 14 anos, cursando do 2; período ao 5; ano (antiga 4; série). Eles estudam em dois turnos: matutino e vespertino. Ao todo, a unidade possui 14 salas de aulas e 60 funcionários, entre professores, servidores, merendeiros e vigias. Como as salas próprias para lecionar não foram atingidas pelo fogo, os alunos não perderão o início do ano letivo. Ninguém ficou ferido no incêndio. Três menores, todos ex-alunos das escola, são suspeitos do crime.
Dados
Estão previstos, no orçamento de 2011, recursos orçamentários para a construção de 12 Centros de Ensino Infantil e de 17 ginásios poliesportivos, além da cobertura de 148 quadras esportivas, bem como reformas e manutenção nas diversas escolas.