Cidades

Riacho Fundo e Recanto das Emas são cobiçadas por comerciantes

postado em 09/02/2011 08:00
Dezesseis quilômetros separam o Riacho Fundo do Recanto das Emas. Mas as duas regiões administrativas, criadas em 1993, guardam características semelhantes. Ambas têm uma economia sustentada no comércio de rua e fazem limite com Áreas de Preservação Ambiental (APAs), fator que impede a expansão do adensamento populacional. Elas abrigam cerca de 220 mil brasilienses, a maioria da classe média. Esse potencial mercado consumidor torna as duas cidades atraentes para os investidores.

Depois de 17 anos, as áreas urbanas do Riacho Fundo e do Recanto das Emas são espaços promissores para as atividades comerciais. As redes varejistas nacionais perceberam o potencial das duas cidades e começam expandir seus negócios além do Plano Piloto.

De acordo com informações da Administração Regional do Riacho Fundo, várias empresas de porte nacional se instalaram na cidade nos últimos anos, algumas delas do segmento de serviços. Cacau Show, O Boticário, os laboratórios Sabin e Pasteur são alguns exemplos. A cidade também ganhou recentemente uma agência do Bradesco. Antes, já funcionavam no Riacho Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica e Banco de Brasília.

No Recanto das Emas, o destaque de 2010 foi a abertura de uma filial da Marisa, cadeia nacional de roupas e acessórios multimarcas. A loja começou a funcionar em novembro. Além disso, a cidade conta com unidades de todas as franquias locais de roupas e calçados a preços populares, como Agittus, Polyelle e Mylla Calçados, Tesoura de Ouro e Magazine da Economia.

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Qalidade
O consultor de varejo Alexandre Ayres explica que as duas cidades estão passando por um processo natural, compatível com seus perfis socioeconômicos. Uma vez consolidado o comércio, começa a ocorrer uma melhora qualitativa no tipo de estabelecimento que tem interesse em instalar-se nessas áreas. ;Já ficou demonstrado que a população tem renda para consumir. Isso interessa às grandes redes, e cada vez menos a pessoa tem que sair para poder comprar. O dinheiro fica na cidade;, destaca Ayres.

De acordo com ele, um fenômeno paralelo à maior qualidade do comércio em cidades cujo mercado consumidor está consolidado é a abertura de espaço para serviços. ;O serviço é muito característico de populações com uma renda razoável. É comum se instalarem ali arquitetos, advogados, dentistas, médicos e outros profissionais liberais;, afirma.

Entretanto, o segundo movimento descrito pelo consultor de varejo ainda não chegou ao Riacho Fundo e ao Recanto das Emas com força total. A razão é que os moradores não têm renda média que se compare à de quem habita em centros ainda mais pujantes ; como Guará, Águas Claras e Taguatinga, onde os segmentos tanto de comércio quanto de serviços sofreram um boom nos últimos anos.

Reda
Os dados da última medição de renda por região administrativa do Distrito Federal, levantados em 2004 pela Companhia de Desenvolvimento do Planalto (Codeplan), revelaram a diferença entre as duas cidades e as suas irmãs mais ricas do eixo sul do DF. No Guará, em Águas Claras e em Taguatinga, a renda mensal por domicílio registrada à época, foi, respectivamente, 12,3; 12,4 e 9,6 salários mínimos.

Para o Riacho Fundo, o mesmo levantamento mostrou renda de 5,9 salários mensais por família, e, para o Recanto, de 3,9. No entanto, ambas se sobressaem ao Riacho Fundo II, região administrativa de atividade é econômica incipiente e renda familiar de 3,3 salários por mês, de acordo com a Codeplan. Além disso, a aposta é que as duas cidades vão se beneficiar do aquecimento do mercado imobiliário nos arredores ; fenômeno que inclui Samambaia, Taguatinga, Gama, Ceilândia e Águas Claras ; e terão o metro quadrado valorizado.

Lúcia Gabriela Moreira, 32 anos, veio da Bahia há oito anos em busca de melhoria de vida no DF. Ela escolheu o Riacho Fundo para se instalar. De acordo com Lúcia, valeu a pena. Hoje, ela é vendedora de uma loja de sapatos no principal centro comercial da cidade, a Avenida Ipê, e tem uma renda que vai de R$ 800 a R$ 900, dependendo das comissões ganhas com as vendas do mês. ;O comércio aqui está melhorando a cada dia;, opina. A empregada doméstica Maria Helena de Souza Santos, 38 anos, vive no Recanto das Emas há 10 e gosta da cidade. ;Tem até faculdade, curso de informática. O que falta é médico, dentista, e uma agência do Banco do Brasil, onde eu tenho conta;, diz.

Nascentes
Diversas regiões que circundam Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Recanto das Emas, Núcleo Bandeirante e Candangolândia são classificadas como Áreas de Preservação Ambiental (APAs). São regiões de nascentes, que não podem abrigar construções. Entre elas, está o Parque Ecológico Vivencial Riacho Fundo, margeado ao norte pela Estrada Parque do Núcleo Bandeirante (EPNB); ao leste pelo Núcleo Bandeirante, ao sul pelas rodovias DF-001 e DF-065; e ao oeste pelo Recanto das Emas, Samambaia e Taguatinga. Outra área de importância análoga é o Parque Ecológico e Vivencial do Recanto das Emas. Sua localização é delimitada pela Chácara Aldeia da Paz, e dentro dele está a cabeceira do Córrego Monjolo.

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