Cidades

Oito pessoas foram interrogadas no inquérito que investiga morte de criança

Flávia Maia
postado em 10/02/2011 08:07
O dia foi de tristeza e poucos avanços na investigação da morte, por afogamento, da menina Daniela Camargo, 2 anos. Sem ter em mãos os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e o criminalístico, o delegado-chefe da 1; Delegacia de Polícia, Watson Warmling, disse que ;seria uma precipitação; afirmar se houve ou não negligência dos funcionários do Colégio Dromos, localizado na 609 Sul. Na tarde de ontem, foi realizado, na capela do Hospital das Forças Armadas, o velório da criança. Até o momento, poucas pessoas foram ouvidas. ;Conversei com o pai da menina e, devido à imensa dor que ele está passando, o deixei à vontade para prestar depoimento quando quiser;, disse o delegado.

[SAIBAMAIS]Nos dois primeiros dias de apuração, oito pessoas prestaram depoimento, sendo sete funcionários da escola e a mãe de aluno que fotografou o início da aula em que ocorreu o incidente. Um dos professores afirmou que, quando as crianças saíram da água e se dispersaram, ele percebeu que um aluno estava faltando.

Por enquanto, ninguém da família foi ouvido pela polícia e, segundo a assessoria do Colégio Dromos, nenhum dos diretores da escola foi convocado pela polícia. O laudo do IML sairá até o fim desta semana e o criminalístico ainda não tem data para ser divulgado. ;Pedimos urgência;, afirmou o delegado. Warmling explicou que, independentemente de os laudos comprovarem se a porta entre as piscinas rasa e funda estava aberta, a responsabilidade já existe em virtude da previsibilidade. Cabe ao inquérito individualizar a culpa, até porque a escola é pessoa jurídica e, pelo Código Penal, não é possível culpar uma empresa. Porém, os pais podem processar a escola por meio de uma ação civil indenizatória.

Ontem, durante o velório de Daniela, Cláudio Casali, 40 anos, tio da garota, disse que os pais ; o militar Alexandre Tavares Casali, 42, e a funcionária pública Luciana Casali, 40 ; não pensam em acionar judicialmente o estabelecimento. ;O Ministério Público deve cuidar do caso. Os pais não estão com cabeça para pensar em processos. Não tem dinheiro que pague essa dor.; O tio também acusou a escola de não ter dado assistência aos pais souberam da morte da filha, ainda no hospital. A assessoria do colégio, porém, rebateu a acusação destacando que a direção tem tentado contato, sem sucesso, com os familiares para prestar apoio médico e psicológico.

As aulas no Colégio Dromos estão suspensas por período indeterminado e nas grades da escola está o aviso: ;Aulas suspensas (luto). Maiores informações no portal do colégio;. Na próxima sexta-feira, o colégio estará com os portões abertos para atender pais e parentes de alunos.

Dor
No rosto de quem esteve no velório, as lágrimas traduziam a indignação. A cerimônia começou às 15h e cerca de uma hora depois os pais chegaram à capela. Visivelmente abalados, eles seguiram para a capela onde estava sendo velado o corpo da filha. Cláudio Casali, tio da menina, lembrou emocionado da sobrinha. ;A aula de natação era um estímulo para ela se integrar na escola. Ela tinha ido ao clube domingo e estava eufórica para aprender a nadar.; Os pais doaram os órgãos de Daniela. As córneas já foram transplantadas em outra criança. O corpo da menina será cremado amanhã.

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