Luiz Calcagno
postado em 11/02/2011 08:00
As investigações sobre a morte por afogamento da menina Daniela Camargo Casali, 2 anos, na tarde da última terça-feira, no Colégio Dromos (609 Sul), parecem começar a revelar os detalhes do triste acontecimento. Ontem, a polícia teve acesso a fotografias tiradas pela mãe de um dos alunos cerca de 15 minutos após o início da aula de natação. As imagens mostraram que, apesar de ter sido uma das primeiras crianças a entrar na piscina, a vítima não estava mais entre os colegas no momento em que foi feito o registro fotográfico. A ausência da garota pode indicar que ela seguiu da piscina infantil para a mais profunda ainda no início das atividades. Outra revelação foi a confirmação de que a grade de segurança que separa os dois tanques estava fechada. A última foto mostra um dos alunos saindo da piscina e também os chinelos de Daniela. O instrutor teria dado falta da pequena justamente em função dos calçados. Segundo relatos das testemunhas, foi nesse momento que os funcionários da escola passaram a procurá-la. Quando a encontraram, porém, ela já estava desfalecida, na piscina mais funda. Os registros também comprovam que cinco pessoas cuidavam das crianças, como a instituição já havia informado. A aula teria começado por volta das 14h20. Cada aluno que entrava na água, fazia os exercícios determinados pelo professor e, em seguida, era colocado de volta na borda. Uma das hipóteses investigadas é a de que Daniela tenha atravessado a grade para a piscina mais funda quando aguardava os colegas realizarem a atividade.
Laudos
O delegado-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), Watson Warmling, acredita que o registro fotográfico ajudará a polícia a compreender a dinâmica dos fatos que culminaram na tragédia. Warmling não quis apresentar as fotos à imprensa para preservar a imagem dos alunos. Além disso, o delegado aguarda o resultado do exame de corpo de delito, realizado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e previsto para ser divulgado hoje, e da perícia do local, feita pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil (IC). Na delegacia, os depoimentos continuam a ser tomados. Até o momento, nove pessoas foram ouvidas, entre funcionários da escola e parentes de alunos.
Os pais de Daniela ; o militar Alexandre Tavares Casali, 42 anos, e a funcionária pública Luciana Casali, 40 ; ainda não estiveram na 1; DP. ;Foi um fato trágico. Eles estão abalados e virão quando tiverem condições;, afirmou o delegado. O depoimento dos pais pode esclarecer qual era a proximidade da escola com a família e como a instituição de ensino comunicou ao militar e à mulher a morte da criança. ;É mais circunstancial. Mas, às vezes, alguém pode prestar informações importantes aos pais e não comunicar à polícia. Precisamos checar tudo isso;, explicou.
Ontem, Warmling não quis comentar se acredita que o afogamento da menina foi uma fatalidade ou se há culpados. ;A polícia só vai se posicionar perante o caso com os laudos em mãos e as oitivas concluídas.; No entanto, na última quinta-feira, o delegado disse ao Correio que alguém pode ser responsabilizado pela morte de Daniela mesmo com a comprovação de que o portão que separa as piscinas estava fechado no momento da aula. Isso porque, segundo ele, havia previsibilidade. Ele disse ainda que, a partir do inquérito, será possível individualizar a culpa de cada envolvido.
Apuração paralela
Além da Polícia Civil, o Colégio Dromos também trabalha internamente para apurar os fatos. De acordo com a assessoria de imprensa da escola, a intenção é levantar as informações e prestar todos os esclarecimentos à polícia. A direção da instituição passou a manhã e a tarde de ontem reunida com todos os professores para tirar dúvidas sobre os acontecimentos recentes e orientar os funcionários sobre a retomada das atividades. Hoje, alunos do ensino médio voltam às aulas, mas os estudantes dos ensinos infantil e fundamental ainda têm data marcada para retornar ao colégio. Daniela foi cremada na manhã de ontem, em Valparaíso (GO).
Culpabilidade
Pelo Código Penal, uma escola, enquanto pessoa jurídica, não pode ser responsabilizada por nenhum crime. O inquérito conduzido pela Polícia Civil do DF individualizará, se houver, a culpa. Caso desejem, no entanto, os pais de Daniela podem processar o colégio por meio de uma ação civil indenizatória.