Cidades

Volta às aulas revelou que parte dos 649 colégios tem falhas estruturais

postado em 11/02/2011 07:54
O primeiro dia de aula para os 537 mil estudantes de todas as escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal ficou marcado por reinvindicações de melhorias em parte dos 649 centros educacionais e pela tranquilidade no trânsito. Mesmo com o projeto Escola Arrumada, iniciada no mês passado pela Secretaria de Educação do DF, algumas instituições não se mostraram prontas para receber os alunos. Falta de professores, infiltrações, acervo reduzido de livros e telhados quebrados apareceram como alguns dos problemas enfrentados no retorno aos estudos. O governador Agnelo Queiroz (PT) participou de uma aula inaugural na Escola Classe 5 do Paranoá.

Mesmo com o quadro reduzido de educadores, a Escola Classe Engenho Velho, na entrada da Fercal, não deixou de receber os 400 meninos e meninas com idades entre 5 e 11 anos. ;Temos 16 turmas e seis professores. Estamos à espera de cinco para o nosso quadro docente;, afirmou a vice-diretora da instituição, Susan Chaves Fernandes. Para a professora de alfabetização Uiara Costa Matos, a unidade não está apta a receber os alunos. ;A conservação da escola é precária. As janelas não abrem, as paredes estão sem pintar há anos e os armários estão velhos. Além disso, as carteiras não são adequadas ao tamanhos dos pequenos;, reclamou.

Apesar da situação, os estudantes se mostraram felizes com a volta às aulas. ;Eu estou contente por rever meus amigos, mas eu acho que precisamos de um parquinho novo. O nosso está muito velho;, avaliou Gabriela de Jesus, 6 anos. Aluna da alfabetização, Maria Eduarda Silva Santos, 5, sente dores na coluna por conta das cadeiras da sala. ;As carteiras são grandes demais.;

O Centro de Ensino Fundamental Caseb, na 909 Sul, nunca passou por uma reforma. Inaugurado há 50 anos, o colégio foi o primeiro a ser construído em Brasília. ;Temos um sério problema com as redes elétrica e hidráulica daqui. Toda a fiação que temos passa por cima da escola. É um projeto antigo e que deve ser mudado;, disse o diretor do Caseb, Edmilson Rodrigues. A promessa do governo é de que todas os centros educacionais do DF sejam contemplados pelo Escola Arrumada até o fim do ano.

Primeira instituição a ser contemplada com o projeto, a Escola Classe 5 do Paranoá foi a escolhida pelo governador Agnelo para uma aula inaugural. Durante cerca de 30 minutos, o professor cedeu o lugar ao petista. Os livros e cadernos foram fechados pelos 30 meninos e meninas da 4; série do centro de ensino. Em um bate-papo, o político abordou temas como prevenção ao mosquito da dengue, combate à criminalidade e às drogas e a importância do esporte na vida dos jovens.

Após as lições do governador, foi a vez de os estudantes fazerem reivindicações. Eles apontaram problemas na própria escola, como a falta de quadras de esportes e de piscina, além de dificuldades enfrentadas pelos moradores da cidade. Na visita, Agnelo ainda se reuniu com os professores da instituição de ensino. ;Um novo modelo de escola integral será implementado a partir do ano que vem. Mas antes iremos estudar duas instituições, que serão as primeiras a receberem o projeto do novo formato;, declarou. Ele frisou que o modelo atual da modalidade ainda será mantido.

Problemas
A diretora da Escola Classe 8 de Taguatinga, Maria Antônia dos Santos, se adiantou e contratou por conta própria uma empresa para fazer a limpeza do local. Além de pequenos reparos, ela estava preocupada com a situação de algumas árvores em frente ao colégio e pediu que a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) fizesse a poda. Segundo ela, galhos caíram no ano passado e danificado parte da estrutura. ;As raízes provocaram desníveis no chão, sem contar que a cada chuva mais forte e com vento ficávamos apreensivos, achando que as árvores poderiam cair;, explicou.

Mas a visita de uma equipe da Novacap não saiu como o planejado. ;Eles me pediram para assinar um termo que tirava a responsabilidade deles casos ocorresse algum dano. Dito e feito. O tronco caiu na hora em que foi retirado e quebrou parte do muro;, lamentou. Agora, Maria Antônia busca ajuda para reparar o estrago. Ela acrescentou que o parquinho ficará interditado porque alguns brinquedos estão quebrados. Também há várias carteiras com defeitos. Atualmente, 600 alunos cursam do 1; ao 5; ano do ensino fundamental na Escola Classe 8 de Taguatinga.

Já as aulas na Escola Classe 35 de Ceilândia não recomeçaram ontem. Por meio de uma parceria público-privada, o GDF e a ONG ABC Solidário realizam uma reforma na escola, que não faz parte do programa Escola Arrumada. ;Estamos adiando o início das aulas por sete dias, mas vamos repor depois. Foi uma decisão tomada em reunião com o conselho escolar e a regional de ensino;, revelou a diretora Gecilda Grigório de Andrade. Os alunos contarão com novos banheiros, brinquedoteca e sala de informática. Faltam fazer o muro e o piso da entrada da escola.

Na quarta-feira, a Secretaria de Educação do DF anunciou investimento em obras ao longo do ano. À noite, o governador Agnelo afirmou, durante a festa de 31 anos do PT no Teatro dos Bancários, que deve ocorrer uma possível parceria entre o GDF e o governo federal para a construção de creches no DF. ;Agora que vai abrir o credenciamento na área federal, nós estamos vendo a possibilidade, porque essa é uma das minhas principais bandeiras e também da nossa presidente. Então, é evidente que, por meio desse casamento, vamos fazer muitas creches em todo o território.;

Mutirão
O programa da Secretaria de Educação do DF teve início em 11 de janeiro deste ano. O objetivo da ação é atender 300 escolas da rede pública de ensino do DF. As instituições passarão por reformas, revisão de muros, reparos elétricos e hidráulicos, além de corte de mato, revitalização do acesso e pintura de faixa de pedestres.

Obras
Dos R$ 2,9 bilhões destinados para a Secretaria de Educação do DF, R$ 60 milhões devem ser direcionados para obras nos colégios públicos. Dentro do orçamento destinado ao Governo do Distrito Federal ao setor, cerca de R$ 26 mil poderão ser investidos por escola em reparos e manutenção.

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