Cidades

Chuvas deixam cerca de 3,3 mil alunos sem aula em duas escolas até segunda

Força-tarefa começou ontem a limpeza dos colégios. Material didático danificado será substituído pela Secretaria de Educação

postado em 12/02/2011 08:29
Caminhão cheio de livros do Centro de Ensino Fundamental 25 de Ceilândia: chuva de quinta-feira estragou cerca de 16,2 mil exemplaresSete escolas em Ceilândia, além da Diretoria Regional de Ensino, foram afetadas pela forte chuva de granizo que caiu na região na última quinta-feira ; coincidentemente, no dia em que começou o ano letivo em toda a rede pública do Distrito Federal. A força das águas fez inúmeros estragos, derrubando muros, invadindo salas, destruindo materiais didáticos e alimentos. Duas dessas unidades de ensino tiveram as aulas suspensas por determinação da Secretaria de Educação do DF (SE/DF), pois não têm condições de receber os estudantes. Trata-se do Centro de Ensino Fundamental 25 e da Escola Classe 13, que atendem, juntos, cerca de 3,3 mil alunos (2,7 mil matriculados no primeiro e 600, na segunda). A promessa do GDF é de que até a próxima segunda-feira as instituições voltem ao funcionamento normal. Nas demais, não houve interrupção dos trabalhos.

Na manhã de ontem, uma força-tarefa composta por membros da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), da Administração Regional de Ceilândia, de empresas terceirizadas de limpeza e engenharia da pasta iniciou a atuação nas unidades comprometidas. ;Os alunos não vão ser prejudicados porque as aulas perdidas vão ser repostas. Os livros também serão remanejados de outras unidades que, por ventura, tenham material excedente;, explicou o diretor Regional de Ensino de Ceilândia, Nelson Moreira. ;Todos estão em estado de alerta e há equipes preparadas para novos temporais;, acrescentou.

O CEF 25 recebeu uma equipe de aproximadamente 80 pessoas. A situação do local foi considerada a pior por membros da secretaria. A lama que cobriu todo o chão do lugar se misturou a galhos de árvores e pedaços de concreto ; parte do muro que acabou desabando com a violência da chuva. Era difícil transitar pelos corredores sem se sujar. Carros de funcionários que estavam no estacionamento da instituição foram cobertos pela água. Mobiliário, entre carteiras, quadros-negros, além de eletroeletrônicos, também foi perdido. No começo da tarde, teve início o trabalho de instalação de tapumes ao redor da escola para evitar invasões e saques. Oito policiais militares e duas viaturas trabalharam no patrulhamento do local.

O diretor do CEF 25, Jair Roberto da Silva, afirmou que o muro ao redor da escola ainda causa preocupação. ;Vai ser feito um projeto para criar uma contenção no sentido de evitar que o novo muro caia em um episódio como esse;, disse. Ele calcula que a água que entrou no CEF 25 tenha atingido a altura de 1,4 metro. Até o início da noite de ontem, 70% da escola havia sido limpa. Os trabalhos continuam neste fim de semana. Na Escola Classe 13, os trabalhos foram finalizados ontem.

No Centro de Ensino Médio 2 de Ceilândia, 80 metros de muro foram ao chão após a tempestade. O diretor da instituição, Antônio Wilson Venâncio, chegou a fotografar as incontáveis pedras de granizo cobrindo parte da área verde da escola. ;Tivemos que liberar nossos alunos ontem à noite (quinta-feira) e hoje (ontem) pela manhã. Cerca de 20 das 30 salas que temos foram inundadas. No momento da chuva, havia 500 alunos aqui;, pontuou. ;A única medida que tomamos foi aguardar a chuva passar e manter os estudantes em sala. Eu nunca presenciei um temporal como esse. Graças a Deus ninguém ficou ferido;, afirmou.

Foram verificados danos materiais em outras regiões do DF por conta da forte chuva, como em Taguatinga, no Guará, em Águas Claras e no Riacho Fundo. A Companhia Energética de Brasília (CEB) recebeu mais de 2,2 mil queixas relacionadas ; queda de energia em função do temporal. Na Quadra 209 de Águas Claras, faltou luz por mais de oito horas.


Número
Muro parcialmente destruído no CEF 25: situação foi considerada a piorUma recontagem da direção do CEF 25 de Ceilândia apontou a perda de 16.200 livros didáticos. O cálculo feito anteriormente sugeria 21 mil exemplares danificados. Todo o material do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) enviado à escola ficou molhado. Até o fim da manhã de ontem, dois caminhões cheios de livros tinham sido carregados na porta da instituição de ensino. O material seria encaminhado para a usina de lixo do P Sul, em Ceilândia.

Locais afetados

Relação de escolas em Ceilândia atingidas pelas fortes chuvas de quinta-feira:

Instituição - Estragos
Escola Classe 13 - alagamento
Escola Classe 12 - alagamento
Escola Classe 21 - alagamento
Diretoria Regional de Ensino de Ceilândia - alagamento
Centro de Ensino Médio 2 - queda de muros
Escola Classe 31 - queda de muro
Escola Classe 55 - queda de muros
Centro de Ensino Fundamental 25 - alagamento, queda de muros, perda de material didático, merenda escolar, mobiliário, eletroeletrônicos


Fenômeno comum nesta época do ano

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva que caiu na quinta-feira nada tem de rara. Ao contrário, é um fenômeno comum dada a estação e a época do ano. Contudo, não ocorre em grandes áreas, mas sim em pontos isolados. Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, as chuvas se intensificam no DF. Ainda segundo o Inmet, a média de precipitação para este mês é de 214,7 milímetros. Representantes da entidade não souberam precisar o volume de água que caiu em Ceilândia.

;Quando falamos de pancada de chuva, queremos dizer que muita água cairá em curto espaço de tempo. Dissemos que ela seria precedida de ventos. Então, essas coisas já estavam previstas. As informações devem ser repassadas à população pela Defesa Civil e também estão disponíveis na internet. O que não conseguimos fazer é dizer onde e a hora exata que vai acontecer;, explicou o meteorologista do Inmet Hamilton Carvalho. ;A situação se deu por causa do calor local, somado às nuvens transportadas da Região Norte. Isso acabou provocando a queda de chuva em granizo, observada no Riacho Fundo, em Ceilândia, no Guará e em Águas Claras;, completou. Há previsão de pancadas de chuva para hoje.

Alertas
A Secretaria de Estado de Defesa Civil do DF confeccionou um material alertando a população sobre os perigos das chuvas torrenciais (veja arte). Na quinta-feira, o número de ligações recebidas pela entidade teve um aumento de cerca de 80%, sendo alagamento o principal motivo das chamadas.

;Está chovendo em locais isolados e estamos tentando orientar a população. No Gama e em Brazlândia, por exemplo, não choveu. As áreas mais afetadas foram Taguatinga, Guará e Ceilândia. Há previsão parecida para os próximos dias, por isso estamos emitindo alertas;, explicou o supervisor de serviço da Defesa Civil, major Alexandre Ataides. (ML)


22 casos de árvores caídas

Thalita Lins

Veja o infográficoApós a tempestade da última quinta-feira, o Corpo de Bombeiros do DF recebeu quase quatro vezes mais solicitações para retirada de árvores em risco iminente de queda do que a média diária. As cidades com o maior número de pedidos foram Taguatinga e Ceilândia. Até o fim da tarde de ontem, os socorristas foram chamados para 22 casos. ;O normal é entre cinco e seis solicitações. Mas, por conta da chuva, tivemos mais pedidos;, afirma o assessor de comunicação social do CBDF, tenente Gabriel Motta.

Não apenas a corporação teve trabalho redobrado. A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) enviou equipes para serviços como poda, corte e recolhimento de árvores. Na manhã de ontem, pelo menos três equipes da companhia estiveram nas duas regiões administrativas afetadas pela chuva e pelo vento forte.

Na M Norte, em Taguatinga, não era preciso andar muito para encontrar vegetação que tombou com o temporal. Próximo ao Centro Educacional 7, na QNM36, duas árvores atingidas por raios serviram como diversão para a garotada da região. A queda chegou a impedir o trânsito de carros e a passagem pedestres na quadra. Um fio de telefone foi atingido e acabou enroscado nos galhos das árvores.

A duas quadras dali, na QNM 38, a Companhia Energética de Brasília (CEB) acompanhava o trabalho de uma equipe da Novacap por volta das 11h30. A empresa foi acionada para retirar fios elétricos que caíram com duas árvores, que, segundo moradores do local, tombaram às 15h30 de quinta-feira. Em outro ponto, uma árvore chegou a ser arrastada por 50 metros.

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