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Venda de carros no DF cresce 31% apesar de medidas para conter o consumo

O ano começa com mais 8.661 automóveis em circulação nas ruas do DF. Nem mesmo as medidas econômicas para conter o consumo reduzem o movimento nas revendas locais. Os brasilienses continuam investindo nos novos modelos

postado em 12/02/2011 13:32
Com a chegada do filho, Lucas, o casal Carlos Henrique e Nayana decidiu comprar um carro zero kmNada parece segurar a venda de carros novos no Distrito Federal. Mesmo com os juros mais altos, o prazo de financiamento encurtado, as prestações maiores e o fim da era ;zero de entrada;, as revendedoras bateram novo recorde em janeiro. De acordo com o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do DF (Sincodiv-DF), 8.661 veículos ganharam as ruas no primeiro mês de 2011, salto de 31,22% ante igual período do ano passado. O índice é o maior para o mês desde o início da série histórica, em 2003.

Até então, o recorde havia sido registrado em 2009, quando 8.392 unidades foram comercializadas em janeiro. Em 2010, 6.753 carros deixaram os pátios das revendedoras do DF no primeiro mês (veja ilustração). As vendas de janeiro último recuaram 36,83% na comparação com o mês anterior ; resultado esperado em razão das contas de início de ano, que inibem o consumo. Os números, porém, mostram que as mudanças nas regras de financiamento para veículos 0km não desaqueceram o mercado. ;A marca é surpreendente;, reconhece o presidente do Sincodiv-DF, Ricardo Lima.

Desde dezembro do ano passado, o máximo de prestações oferecido a compradores de carro novo caiu de 72 para 60 vezes. Os juros atingiram 1,8% ao mês e o veículo passou a deixar o pátio somente após o pagamento de pelo menos 20% do valor total. As restrições, segundo Lima, não diminuíram a procura. ;Eram raros os casos em que os clientes optavam por zero de entrada. A maioria apresenta o carro antigo na negociação;, justificou. ;Carro novo não é problema. Precisamos é tirar a frota velha das ruas;, despistou, ao comentar as consequências do novo recorde para o trânsito da capital.

Ritmo acelerado
O DF tem cerca de 60 concessionárias e, este ano, o mercado deve continuar em expansão. A renda média elevada dos brasilienses e a força do funcionalismo público seduzem os investidores do setor automotivo. Em 2010, as revendedoras fecharam o ano com 120.457 emplacamentos: significa dizer que um carro foi vendido a cada 15 minutos ; caso as lojas funcionassem 24 horas, todos os dias do ano. Apesar das peculiaridades, o desempenho segue tendência nacional. O Brasil ocupa a quarta posição no mercado de venda de carros, atrás apenas da China, dos Estados Unidos e do Japão.

Em uma concessionária da Fiat no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o movimento não para. O prazo para entrega de alguns modelos chega a 70 dias. ;As vendas continuam em alta. Nosso maior problema é a falta de carros no pátio para atender a demanda;, contou o gerente comercial, Francisco Oliveira. Para ele, o resultado em fevereiro será ainda melhor. A Fiat liderou o ranking das marcas preferidas pelo brasiliense no mês anterior, com 2.262 unidades comercializadas. Em seguida, apareceu a Volkswagen, com 2.064 carros vendidos.

O casal Jefferson Fagundes Queiroz, 37 anos, e Cleonice Aparecida dos Santos, 36, decidiram passar adiante o carro antigo após quase 10 anos de uso. Na tarde de ontem, começaram a peregrinação pelas concessionárias em busca da melhor oferta. ;Para fugir dos juros que ficaram abusivos, queremos dar o veículo antigo de entrada e pagar o restante à vista;, explicou o cirurgião dentista, enquanto a mulher negociava com o vendedor. ;Minha única exigência é que tenha quatro portas e ar-condicionado;, detalhou a corretora de imóveis.

Com a chegada do primeiro filho, Lucas, há dois meses, Carlos Henrique Dantas, 24, e Nayana Freitas, 26, avaliaram que era hora de trocar de carro. O veículo atual da família, comprado em 2004, servirá como entrada. ;O que faltar vamos parcelar em, no máximo, 36 vezes. Os juros subiram muito;, ponderou o pai, autônomo. Apesar de ter percebido as mudanças no sistema de financiamento, Dantas acredita que ainda vale a pena apostar no veículo novo. ;O processo ficou menos burocrático nos últimos anos;, lembrou.
O ano começa com mais 8.661 automóveis em circulação nas ruas do DF. Nem mesmo as medidas econômicas para conter o consumo reduzem o movimento nas revendas locais. Os brasilienses continuam investindo nos novos modelos

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