Juliana Boechat
postado em 14/02/2011 07:53
Quem foi até o Lago Norte, ontem, percebeu logo na entrada da cidade o rastro deixado pela forte chuva, com granizo, da tarde de sábado. Outdoors completamente destruídos, árvores no chão e vegetação dos canteiros com as raízes expostas mostram o que aconteceu na cidade. A falta de energia provocou a perda de equipamentos eletrônicos, de mantimentos e danificou a estrutura de alguns quiosques e bares. Paranoá, Asa Norte e Varjão também sofreram com o apagão. A falta de luz começou por volta das 17h30 e durou cerca de seis horas, segundo a assessoria de imprensa da Companhia Energética de Brasília (CEB). Para restabelecer os estragos, foram necessárias 18 equipes. Mesmo assim, na manhã de ontem, alguns casos isolados ainda eram resolvidos. Só por volta das 11h, o problema foi completamente sanado.
No Supermercado Pão de Açúcar, na QI 2 do Lago Norte, os geradores conseguiram manter apenas os caixas e as iluminações básicas funcionando. Mas os produtos do açougue e a padaria foram para o lixo. Só de carne bovina foram 15 quilos desperdiçados. No setor de aves, 40 quilos. Ao lado do supermercado, a proprietária do restaurante Comer Comer, Nazaret Carnielo, 79 anos, entrou em desespero. A lona que cobre o estabelecimento foi destruída e o local ficou alagado. ;Estamos sofrendo muito com as chuvas. Nosso maior prejuízo foi com os banners e com a cobertura, mas o medo do momento é difícil esquecer;, relatou.
Em uma padaria na QI 3/4, também no Lago Norte, todos os pães foram perdidos por não ter como ligar os fornos para assá-los. Na casa dos advogados Sanny Braga e Paulo Vasconcelos, ambos com 43 anos de idade, perder eletrodomésticos em decorrência das chuvas era comum até o dia que eles decidiram adotar um procedimento de segurança. ;Aqui no Lago Norte é um caos. O céu escureceu, a luz acaba. Quando vemos o tempo fechar já tiramos tudo da tomada. Perdi vários telefones sem fio, micro-ondas, computador. Não acredito mais em uma melhora. Moro no Lago Norte há 16 anos e sempre foi assim;, contou Paulo.
No Varjão, a empregada doméstica Doraci Maria dos Santos, 42 anos, passou a noite em claro. O barraco onde mora inundou. Ela teve que levantar os móveis e ainda deitar em um colchão molhado para tentar tirar algumas horas de sono. ;Como que consegue dormir com goteira, chuva forte e criança para preocupar?;, indagou. Segundo ela, a luz não acabou em um período constante. Das 19h às 21h de sábado, ocorreram picos que deixavam os moradores de 10 em 10 minutos sem energia.
Problemas no cinema
Nem o luxuoso shopping do Lago Norte, inaugurado em maio de 2010, escapou da força das chuvas. Por volta das 18h, uma placa de isolamento acústico da sala 3 do Cinemark caiu enquanto as pessoas assistiam ao filme O discurso do rei. Em nota, a assessoria da rede de cinemas do Iguatemi Shopping afirmou que houve um vazamento e parte do forro cedeu, provocando a queda da placa.
Não houve feridos. A equipe do cinema remanejou espectadores de sala e fez o estorno do valor do ingresso. A sala 5 também foi prejudicada com goteiras, mas será reaberta amanhã. Já a de número 3 será reaberta até o fim desta semana. As obras do Iguatemi Brasília custaram R$ 180 milhões.