Helena Mader
postado em 15/02/2011 15:48
Cerca de 800 produtores de diversas regiões agrícolas do Distrito Federal acompanharam, nesta terça-feira (15/2), a audiência pública Câmara Legislativa (CLDF) sobre a legalização das terras rurais. Eles cobraram pressa do governo para regularizar os terrenos e receberam a promessa do diretor Técnico da Terracap, Luís Antônio Reis, dar prioridade ao processo de regularização."Já temos 100 processos que estão concluídos, assim que o conselho de administração da Terracap aprovar a venda poderemos começar a fazer os contratos imediatamente", assegurou Reis. Hoje o DF tem cerca de 20 mil propriedades, mas a maioria está na irregularidade, já que não possui escritura.
Prevista para as 9h30, a discussão teve início às 10h30 e contou com a presença do senador Rodrigo Rollemberg, do secretário de Agricultura Lúcio Valadão, do juiz da vara de desenvolvimento fundiário Carlos Rodrigues, além de Luís Antônio Reis e dos pequenos, médios e grandes agricultores.
com faixas e acompanhados de bois, os produtores rurais chegaram cedo à porta da Câmara. De acordo com o presidente do Conselho de Desenvolvimento Rural de Sobradinho (CDRS), Itamar Gomes, eles foram ao local devido à convocação do deputado distrital Joe Valle (PV). "Temos como produzir, mas como não temos documentação. Ficamos sem ter como captar recursos bancários para investir no local. Não temos como comprar gado, por exemplo", explica Itamar.
As moradoras da área rural de São Sebastião e integrantes do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast), Isabel Cristina e Maria Rita, também vieram até a CLDF cheias de esperança. De acordo com elas, mais de 90 famílias de baixa renda e que vivem do plantio da terra moram em uma área rural da região sem água, luz e esgoto. Cada família possui uma área de aproximadamente 2 hectares. Maria Rita relata até dificuldade em se pegar um ônibus por conta da falta de regularização terreno. "Tenho três filhos, um de 15 anos, outro de 13 e um de seis. Eles precisam ir à escola, mas para chegar até o colégio precisam andar 1,5km a pé. O ônibus não chega até onde a gente mora. Isso não é justo", reclama a dona de casa.
Para Isabel Cristina, que também é dona de casa e ajuda o marido na produção rural, a falta de documentos impede que a família consiga investir na terra. "Não quero que me deem dinheiro. Quero trabalhar na terra para sustentar meus filhos. Quero viver do meu suor, mas como posso viver de forma digna desse jeito? Não consigo entender porque há tanta desigualdade em Brasília", lamenta.