Renato Alves
postado em 16/02/2011 07:46
Brasília e Goiânia (GO) ; Policiais federais se concentram hoje na tentativa de encontrar um suposto cemitério clandestino nos arredores de Goiânia. A denúncia sobre o local de desova partiu do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás, deputado Mauro Rubem (PT). Segundo ele, há uma vala em Aparecida de Goiânia, município vizinho à capital, onde estariam enterrados 12 corpos de vítimas do grupo de extermínio composto por policiais militares.[SAIBAMAIS]O superintendente da Polícia Federal em Goiás, delegado Antonio Carlos da Silva, admitiu que equipes procuram o local de desova desde o fim da tarde de ontem, mas não confirmou se seria em Aparecida. ;Temos indícios de que um cemitério clandestino situado numa área rural próxima a Goiânia foi criado por esses elementos (os militares) para desovar suas vítimas. Estamos investigando;, afirmou, sem dar detalhes.
A denúncia de Rubem e a confirmação de Silva foram feitas em entrevista coletiva na Superintendência da PF, em Goiânia, para explicar a Operação Sexto Mandamento. Estavam presentes também o secretário de Segurança Pública de Goiás, João Furtado Neto, o comandante da PM goiana, coronel Raimundo Nonato e o procurador-geral de Justiça de Goiás, Eduardo Abon Moura.
Intervenção
Há mais de uma década, o Ministério Público de Goiás tem investigado e processado vários militares envolvidos em ações criminosas. No entanto, diante da constatação de limitações dos aparelhos de investigação do estado, em dezembro de 2009, a instituição pediu ao Ministério da Justiça a intervenção da Polícia Federal, o que ocorreu a partir de abril de 2010.
Por sua vez, o secretário de Segurança Pública de Goiás tratou de colocar panos quentes na relação entre policiais militares do estado e agentes federais, o que estaria causando, segundo fontes da PM, insatisfação por parte do alto comando da polícia local. ;A ação da PF foi endereçada a pessoas e não a instituições. O intuito com essa operação foi preservar a imagem da corporação. Dezenove homens não podem manchar a imagem de 12 mil;, apartou Neto.
Já o comandante da PM, coronel Raimundo de Nonato, garantiu que os processos administrativos contra os envolvidos serão conduzidos com ;lisura e sem interferências;. Ele também negou que tenha indicado o nome do coronel Carlos Cézar Macário para ser o segundo no escalão da polícia do estado. ;Não foi indicação minha, nem sei quem o indicou. O fato é que já solicitamos à PF as informações dessa operação para que possamos adotar as medidas contra possíveis infratores;, afirmou o oficial.
Não matarás
O nome da operação refere-se ao decálogo bíblico, cujo sexto mandamento é ;não matarás;. A ação para prender PMs e autoridades goianas foi desencadeada pela Superintendência da PF em Goiás e envolveu 131 policiais federais, com o apoio de 12 oficiais da Polícia Militar goiana.